‘Fábricas da BYD elevam o patamar da eletromobilidade no Brasil’
Para Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil, as três unidades que serão construídas em Camaçari (BA) mudarão o cenário da transição energética no País
4 minutos, 33 segundos de leitura
04/08/2023
Por: Mário Sérgio Venditti
No começo de julho, a BYD Brasil fez um anúncio que poderá ser o divisor de águas da eletromobilidade no País. A marca chinesa construirá três fábricas para a produção de automóveis eletrificados, caminhões e ônibus elétricos e baterias no município de Camaçari (BA). O investimento de R$ 3 bilhões deverá gerar 5 mil empregos diretos e indiretos.
Segundo o diretor de vendas da BYD Brasil, Henrique Antunes, as unidades serão instaladas no complexo que antes pertencia à Ford. “As operações devem começar entre o fim de 2024 e o primeiro semestre de 2025”, revela Antunes.
Para o executivo, o pioneirismo da BYD de fabricar veículos eletrificados mudará patamar da transição energética no Brasil e será um fator de encorajamento para outras montadoras seguirem o mesmo caminho. “A eletromobilidade vive uma curva ascendente no País e estamos empolgados com a perspectiva para os próximos anos”, diz Antunes em entrevista ao canal Top Eletrificados. Confira.
Na sua opinião, o anúncio da BYD de construir três fábricas na Bahia muda o nível da eletromobilidade brasileira?
Henrique Antunes: Não tenho dúvida de que esse movimento é um marco para o avanço da transição energética no País. O anúncio de fabricar veículos eletrificados e baterias na Bahia credibiliza o negócio a médio e longo prazos e encoraja outras montadoras que, daqui a dez anos, também estarão instaladas no Brasil para produzir automóveis.
Mas o que muda efetivamente com a fabricação de veículos elétricos no País?
Antunes: A oferta de produtos de ponta deixa o consumidor ansioso e as concorrentes não aceitarão ficar de fora desse jogo. Será criado um circulo virtuoso em torno do carro elétrico.
Quando surgiu o motor flex, todo mundo queria ter um automóvel com essa tecnologia, porque era uma novidade interessante. Agora, as pessoas querem saber mais sobre o motor híbrido e, no melhor dos mundos, já sonha saltar direto para o elétrico. Cada vez mais, esse mercado ganha maturidade.
Naturalmente, o mercado está sendo empurrado para esse momento e o segmento de elétricos vem ocupando espaço.
Por falar em motor flex, o sr. acha que, com o tempo, ele perderá espaço em favor do sistema elétrico?
Antunes: Motores elétricos e etanol são tecnologias que se complementam, andam juntas. A questão não é etanol ou elétrico, mas sim etanol e elétrico. Por que um deve excluir o outro? Cabe a cada fabricante apostar naquilo que faz mais sentido para ela. O Brasil investe em etanol há quase 50 anos e não podemos desconsiderar essa alternativa do dia para a noite.
Recentemente, a BYD lançou o Dolphin com muita tecnologia e custando R$ 150 mil. Com a fabricação nacional, os preços tendem a cair?
Antunes: Nosso exercício é o de sempre tentar baratear os preços, e fabricar automóveis e baterias localmente será uma grande oportunidade nesse sentido. Já temos uma linha de montagem de baterias para ônibus em Manaus (AM), mas as células vêm da China.
Agora, tudo será feito aqui. É claro que os preços elevados ainda estão ligados à pequena demanda por carros elétricos no Brasil. Nossa intenção, porém, é fabricar carros com tecnologia e design com preços que caibam no poder de compra do consumidor.
O Dolphin tem o valor semelhante ao de um hatch e SUV de porte semelhante com motor a combustão e que oferecem menos equipamentos. Algumas concessionárias formaram filas de espera para fazer test-drive. O Brasil é um dos dez mercados automotivos mais importantes do mundo e, por isso, planejamos desenvolver muita coisa no País.
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A rede de concessionárias está preparada para vender a linha de produtos em crescimento da BYD?
Antunes: O maior inimigo de uma concessionária é o tempo de construção da loja. Hoje, temos 25 concessionárias completas e mais 40 grupos nomeados e que já estão construindo suas estruturas. Temos, também, pontos de venda em shoppings centers, que é um conceito novo muito comum na China e nos Estados Unidos.
Até o fim do ano, teremos 100 concessionárias em atividade. Todas estarão bem organizadas e treinadas e logo receberão mais novidades: o Seal, que será lançado brevemente, e um modelo híbrido, em 2024.
Quais são as perspectivas de BYD para a mobilidade elétrica no Brasil nos próximos anos?
Antunes: Vivemos uma curva de crescimento impressionante, com oferta de produtos com preços comparados aos automóveis dotados de motor a combustão – e o consumidor quer isso.
Penso que, em 2024, a aceleração será maior, com os desafios de aumentar os volumes de carros eletrificados disponíveis e reduzir os custos. Em breve, o comprador vai desejar um veículo 100% elétrico. Com esse cenário em mente, a BYD está se preparando para ter um line-up robusto, visando os próximos dez ou 15 anos.
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