Quando ninguém ainda falava em “assinar” carro, em vez de comprar, uma empresa que não fabrica nem aluga automóveis lançou o serviço, no qual o motorista troca a propriedade pelo uso do bem. Foi assim que, há seis anos, em 2016, a Porto Seguro lançou o programa Carro Fácil.
De acordo com Marcos Roberto Loução, CEO da área de negócios financeiros e serviços da empresa, a ideia surgiu em um dos encontros promovidos pela Porto Seguro para discutir temas relacionados ao mercado e ao futuro. “A gente estava falando dessa questão de troca de perfil de consumo. Existia uma preocupação e até descontentamento com o processo burocrático com a compra de veículo”, relembra.
Segundo ele, havia questões relacionadas a que carro comprar, se financiava ou não, depreciação etc. “Nesse encontro, um executivo contou uma situação de um filho dele, que não iria precisar de carro porque estava indo morar perto do metrô”, conta. Assim, chegou-se à questão central: “Será que eu preciso ter um carro ou posso locar?”. Daí, surgiu a ideia pioneira de fazer locação de longo prazo. Segundo Loução, sem se basear em nenhuma experiência anterior, a empresa decidiu desenvolver o projeto, que acabou vingando.
Seis anos depois, Loução exibe resultados expressivos. A frota destinada ao programa Carro Fácil conta com 9 mil veículos, e a previsão é de expansão. Em novembro do ano passado, a Porto Seguro anunciou uma joint venture com a Cosan (gigante no ramo de energia e logística), que fez aporte de cerca de R$ 300 milhões no negócio. Juntas, criaram a Mobitech para estender o serviço de assinatura à área de gestão de frotas de veículos leves e pesados. A sociedade ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Fazendo um jogo de palavras com o programa da Porto Seguro, Loução diz que, ao assinar, o cliente fica com a parte “fácil” do carro. “Tudo o que ele tem de fazer é dirigir e colocar combustível”, resume. “Imposto, seguro e manutenção a gente faz.”
A Porto Seguro tem planos de 12, 18 e 24 meses, e, segundo o executivo, mais de 65% dos usuários renovam o contrato ao fim do período. Loução diz que o consumidor típico é aquele que busca praticidade e segurança. Profissionais liberais, como médicos, dentistas e arquitetos, fazem parte desse público. Além disso, ele nota a presença de uma grande parcela de jovens, um perfil que, a seu ver, é mais “desprendido” da posse do carro.
De acordo com o executivo, no terceiro trimestre de 2021, a receita cresceu “além de 60%”, em relação ao mesmo período do ano anterior. Loução diz, também, que, apesar da crise de abastecimento de componentes que afeta a indústria automotiva, ele tem conseguido comprar automóveis das montadoras, embora haja fila de espera. A Porto Seguro informa que a entrega ao cliente pode demorar até 20 dias, dependendo do modelo.
A empresa possui, no catálogo, veículos de diversas marcas, e parcelas mensais que vão de R$ 1.919 (Hyundai HB20) a R$ 4.989 (Toyota Corolla Cross), ambos para contrato de dois anos.