Engenheiro paranaense relata benefícios da propulsão elétrica
Professor e especialista em eficiência energética guarda dois modelos na garagem de sua casa

Tenho dois veículos elétricos. Minha rotina diária mudou desde a compra do primeiro VE, um Mitsubishi i-MiEV 2011. Ela já estava decidida, era um objetivo traçado após conhecer os ‘malucos’ da Abravei em 2018, que faziam uma viagem de São Paulo a Montevidéu, no Uruguai.
Com o novo VE, a diferença ao dirigir foi imediata. Isso por vários fatores: ausência de ruídos, torque instantâneo, assédio nas ruas de Curitiba (ao circular com um veículo que já chama atenção por natureza e por suas cores vermelha e branca) e raridade (somente sete unidades registradas no Brasil). Situações inusitadas, com pessoas sinalizando para parar e conversar sobre a novidade que é destaque nas recentes notícias na mídia.
Em busca de mais autonomia
O segundo VE veio para permitir ir mais longe, usufruir de mais autonomia, sem sofrer a temida ‘range anxiety’, sensação semelhante a um celular com pouca energia na bateria. Assim, chegou um Renault Zoe na garagem. O i-MiEV ficaria para o uso urbano diário, e o Zoe, para as eventuais viagens, que estariam limitadas a um raio de 300 quilômetros, caso não existisse infraestrutura de recarga.
Felizmente, hoje, é possível seguir de Curitiba (PR) até Tramandaí (RS), contando com estações ao longo das BR-376 e BR-101. Também é possível aproveitar as atrações da BR-277, rodovia que corta o Estado do Paraná desde Paranaguá (ao leste) até Foz do Iguaçu (oeste). Com a Eletrovia Paranaense, a viagem ao longo dos 730 quilômetros pode ser feita somente com o uso de energia elétrica, fornecida nos 12 pontos de recarga instalados por um projeto de pesquisa realizado pela concessionária de energia do Paraná.

mobilidade elétrica, armazenamento de energia e geração distribuída. Foto: arquivo pessoal.
Viagem prazerosa, pelas vantagens de rodar com um veículo que não produz ruído, não emite poluentes e utiliza a energia de fontes renováveis. O visual é de interior, com um cenário tipicamente rural em quase todo o percurso, característica do Paraná, um Estado forte no agronegócio. E, em cada parada, uma nova rodada de explicações sobre as características do carro, autonomia, tempo para completar a carga e quanto isso custa.
Apoio nas aulas
Desde a inauguração das estações em dezembro de 2018, as recargas são gratuitas aos usuários, como forma de incentivar a adoção do novo modal eletrificado. Há também um uso especial dos dois VEs, como ferramentas de apoio nas aulas de pós-graduação, ministradas em um MBI em mobilidade sustentável no Senai de Curitiba. As aulas se tornaram mais didáticas, com a demonstração prática de como os veículos interagem com a infraestrutura de recarga, padrões e requisitos. O interesse dos alunos aumentou exponencialmente, bem como o número de novos inscritos no curso.
Com a pandemia, são poucas as saídas de casa. Eventuais idas ao trabalho, supermercado, panificadora, farmácia e posto de combustíveis. Mas como assim se os carros são elétricos? Pelo menos duas vezes na semana, a visita ao posto se justifica para utilizar um caixa eletrônico e para comprar pão de queijo. Na chegada, os frentistas sinalizam a bomba livre que está mais próxima, mas o carro segue direto até a vaga de estacionamento. No máximo, uma parada para calibrar os pneus. E aí vem a pergunta inevitável: ‘É elétrico?’ Mais uma rodada de explicações se inicia, sem qualquer constrangimento. Afinal, não é futuro, é presente!”
Zeno Luiz Iensen Nadal, engenheiro eletricista especialista em eficiência energética e mestre em desenvolvimento de tecnologia. Trabalha na Copel Distribuição S.A., em projetos de mobilidade elétrica, armazenamento de energia e geração distribuída
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