O avanço da chamada agenda environmental, social and governance (ESG) também foi destaque na edição deste ano da Fenatran. A preocupação ambiental esteve presente nas novas tecnologias, com motores cada vez mais limpos, e discussões sobre a necessidade de renovação da frota de pesados, no Brasil.
Confira, a seguir, alguns exemplos.
A Mercedes-Benz apresentou, pela primeira vez no Brasil, seu eActros, caminhão 100% elétrico que pode rodar até 400 quilômetros. Segundo a montadora, o eActros ainda não está à venda no País. “Trouxemos para mostrar o que a gente tem e iniciar a discussão sobre infraestrutura”, diz Roberto Leoncini, vice-presidente da empresa no Brasil. Segundo ele, um dos maiores desafios para a implementação de caminhões elétricos no País é a rede de recarga.
Enquanto o elétrico ainda não é realidade por aqui, a empresa aposta na BlueTec 6, nome de sua nova plataforma de motores para atender às regras do Proconve P8, nova fase do programa brasileiro de controle de emissões, equivalente brasileira ao Euro 6, que entra em vigor em 2023. Segundo a empresa, a novidade combina quatro sistemas: catalisador de oxidação (DOC), filtro de partículas (DPF), redução catalítica seletiva (SCR) e catalisador de amônia (ASC).
Como resultado, a atuação conjunta desses componentes reduz os níveis de emissões de poluentes dos novos caminhões, ou seja, 80% menos de óxido de nitrogênio (NOx) e 50% menos material particulado (MP). Assim como 72% menos de hidrocarbonetos (HC).
A Iveco revelou várias novidades, algumas delas a gás, como o caminhão pesado S-Way com motor a gás de 460 cv e autonomia de até 500 quilômetros. Assim como o Tector, também a gás, para operações interurbanas. A versão apresentada na feira tem motor de 210 cv e autonomia de até 300 quilômetros. Além disso, a marca italiana mostrou o furgão Daily 100% elétrico com opções de 3,5 a 7,2 toneladas.
A fabricante de motores Cummins, que acaba de comprar a Meritor, demonstrou, na prática, sua estratégia Destino ao Zero, que prevê zerar emissões até 2050. Um dos conceitos apresentados foi o motor X15H, na versão de 15 litros a hidrogênio.
Chamado de “agnóstico”, seu conceito, de forma resumida, é mostrar ser possível operar com diversos tipos de combustível, trocando componentes da parte superior. “Trata-se de uma linha de motores a combustão interna que pode operar com diesel, gás natural e hidrogênio, separadamente, por meio de uma arquitetura comum, com muita semelhança entre as peças”, explica Adriano Rishi, presidente da Cummins Brasil.
De acordo com as previsões da empresa, o motor a combustão interna a hidrogênio deve chegar ao mercado global em 2026.
O tema também foi um tema bastante discutido durante o evento. De acordo com a Solística, operadora logística que roda cerca de 15 milhões de quilômetros por ano, a opção é manter uma frota própria de idade média entre cinco e seis anos e investir em programas e treinamento para os agregados manterem o nível de serviço.
Na BBM, a estratégia também é combinar frota própria com agregados. “Temos critérios rígidos de segurança nas operações dedicadas. Trouxemos os agregados para dentro de casa, promovendo treinamento constante. Os recursos da telemetria também nos ajudam. E os terceiros, que fazem a perna, também estão no nosso foco de treinamento”, detalha André Prado, presidente da BBM.
No caso da JSL, outra operadora logística, a idade média da frota é de 3 a 3,5 anos. “Rodamos meio bilhão de quilômetros por ano. A sinergia com a Vamos, empresa do grupo dedicada à locação de caminhões, equipamentos e empilhadeiras, é muito importante para absorver os equipamentos, mas os agregados são estratégicos para manter a filosofia asset light”, conta Ramon Garcia de Alcaraz, CEO da empresa. (D.S.)