A experiência de três motoristas de aplicativo com carros elétricos em São Paulo

Motoristas que participaram do projeto (da esq. para a dir.): Wilson Miranda, Wagner Medina e Rogério Silva. Foto: Divulgação Barassa & Cruz Consulting

18/10/2022 - Tempo de leitura: 4 minutos, 21 segundos

Durante três meses, Wagner Medina, Wilson Miranda e Marcos Silva rodaram cerca de 16 mil quilômetros, cada um, em veículos Nissan Leaf, para realizar uma prova de conceito na cidade de São Paulo. Além da economia significativa quanto à recarga, os três colecionaram aprendizados e histórias engraçadas.

A prova de conceito foi um esforço liderado por AES Brasil, MovE, Barassa & Cruz Consulting, Netz Engenharia e Movida para entender o modelo de negócio ideal e a infraestrutura necessária para a implementação de veículos elétricos para transporte por aplicativo, projeto que é fruto da Chamada de Pesquisa e Desenvolvimento nº 22, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Com o objetivo de alavancar modelos de negócio, tecnologias, estudos estratégicos e infraestruturas relacionadas à eletromobilidade, a Chamada 22, de acordo com o especialista Fernando Campagnoli, capturou mais de 30 projetos, em todo País, com cerca de 1.200 pesquisadores envolvidos e, aproximadamente, R$ 473 milhões para desenvolvimento dos projetos, o maior volume de recursos já direcionado para tal atividade no Brasil.

“A expectativa é que esse estudo nos traga insights de que maneira uma geradora de energia, como a AES, pode atuar nesse mercado. O que nos motivou nessa prova de conceito foi a busca por um segmento na mobilidade que apresentasse um alto fator de utilização do veículo”, diz Mathias Ludwig, gerente de projetos de inovação da AES.

Perdas e ganhos

Os motoristas são unânimes ao afirmar que um dos maiores benefícios, se não o maior, da utilização dos veículos elétricos foi a redução de custos. Os carros foram alugados na Movida e custeados pelo projeto, sem qualquer despesa para os motoristas. Já os carregadores foram instalados pela EMB Brasil, com plataforma de gestão de recarga operada pela startup MovE.

“Em três meses de projeto, rodei cerca de 16 mil quilômetros. Meu custo total com recarga foi de R$ 1.942,32. Se eu tivesse abastecido com combustível a R$ 5 o litro, meu gasto teria sido em torno de R$ 8.000”, contabiliza o motorista Marcos Silva.

 Outro benefício bastante exaltado pelos motoristas é o conforto, algo essencial para quem roda cerca de 170 quilômetros diários na capital paulista e permanece cerca de dez horas dentro do veículo.

 Já Wilson Miranda relata uma história tragicômica. Voltando de um dia de trabalho percebeu que estava praticamente na reserva. Ao longo do percurso de retorno para sua residência, tentou uma recarga rápida, mas já havia três carros na espera.

 “Pensei que conseguiria chegar até em casa, mas não deu. Parei em um bar perto de casa e pedi para tentar recarregar na tomada comum. Depois de mais de duas horas de recarga, o marcador nem saiu do lugar. Chamei um colega e tentamos empurrar. Impossível. O carro pesa mais de 1 tonelada. A solução foi guinchar”, conta, rindo.

 Wagner Medina, o socorrista do caso acima, reforça o ponto da infraestrutura de recarga que precisa ser melhorado. “São Paulo tem muitos carregadores lentos. Faltam os rápidos. Só é possível trabalhar com carro elétrico no aplicativo se tivermos o carregador em casa. Assim, é possível deixá-lo carregando durante a noite”, afirma Medina, que optou por continuar com o veículo alugado após o término do projeto.

O que dizem os usuários

Confira as impressões da experiência de viagem em veículo elétrico coletadas por um questionário realizado com 145 pessoas

  • 69,9% afirmaram que perceberam estar viajando em um carro elétrico devido ao silêncio na rodagem
  • 75,2% concordam que a viagem por app em veículo elétrico traz uma melhor experiência e conforto
  • 22,1% afirmaram que pagariam mais por uma viagem em um veículo elétrico
  • 82,1% concordam que veículos elétricos contribuem para a agenda climática e de sustentabilidade do planeta
  • 73,1% indicariam uma viagem em veículo elétrico para amigo ou familiar

Fonte: Barassa & Cruz Consulting

Ainda não dá para comprar o seu elétrico? Que tal alugar?

De acordo com uma pesquisa realizada pela Tupinambá Energia com 1.680 pessoas que declararam interesse em trocar de veículo nos próximos três anos, quase seis de cada dez pessoas gostariam de adquirir um carro eletrificado. O problema, porém, é o custo, uma vez que o veículo elétrico mais barato disponível no mercado nacional, o Renault Kwid, custa cerca de R$ 147 mil.

 Uma opção que está sendo utilizada tanto por pessoas físicas quanto jurídicas é o aluguel. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), atualmente, mais de 1.200 automóveis elétricos ou híbridos estão disponíveis para aluguel, no Brasil. Desse total, mais de 800 unidades pertencem à Movida.

“Percebemos que a locação é uma ferramenta fundamental para o consumidor ter sua primeira experiência com um carro híbrido ou 100% elétrico. Por isso oferecemos uma frota nova e todo suporte para que nosso cliente tenha uma experiência única”, afirma Renato Franklin, CEO da Movida.

Saiba mais sobre eletromobilidade no Planeta Elétrico.