Carros voadores: heliportos não estão prontos para receber eVTOLs

O fornecimento de energia no topo de edifícios é o principal fator que desafia a operação de eVTOLs. Foto: Divulgação/Eve

27/05/2024 - Tempo de leitura: 2 minutos, 50 segundos

Embora o desenvolvimento e comércio de eVTOLs (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical) esteja avançando no Brasil, o País ainda não tem infraestrutura para permitir o trafego dessas aeronaves. Especialistas enfatizam que heliportos nos topos de edifícios não podem ser usados como local de pouso de carros voadores.

Problemas de eletrificação, falta de pessoal com qualificação e até mesmo a inexistência de um modelo de negócios que remunere quem opera as aeronaves são alguns dos desafios.

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Desafios com as baterias

Sendo enfático, Sérgio Quito, presidente do conselho de segurança e operações de voo da Gol, afirma que: “a estrutura de heliporto não é suficiente para operar eVTOL hoje”. Para Quito, o principal desafio está no potencial elétrico que as baterias das naves requerem: “12 operações em uma hora exigem 1MW no topo de um edifício”.

De acordo com o especialista, seria “praticamente impossível, até por questão de segurança, levar a eletrificação até o topo do edifício”. Ao mesmo tempo, o gerente de certificação e segurança operacional da ANAC, Eduardo Henn, concorda e exemplifica: “não tenho 1MW em um prédio inteiro”.

Propondo uma solução para o pouso no topo de edifícios, Henn afirma: “existem eVTOLs que trocam bateria no pouso, esses podem ser operados em heliportos elevados”.

No entanto, os carros voadores em heliportos esbarrariam em outro problema: a falta de pessoal especializado. “Mesmo quem trabalha em heliportos não tem treinamento para tratar das baterias dos carros voadores”, completa Henn.

Outras dificuldades de carros voadores em heliportos

Além da eletrificação, outro grande desafio está na discrepância entre os eVTOLs. De acordo com Eduardo Henn: “uma diferença muito grande de modelos leva a uma diferença de vertiportos”.

Essa questão se apresenta como um desafio também para os fabricantes de carros voadores. Para tornar seus veículos comercializáveis, é necessário que haja um certo planejamento que permita diferentes naves usarem o mesmo local de pouso.

Henn afirma que parte da solução seria “padronizar as estações de carregamento, para que a troca de aeronave não represente a troca de toda a estação, já há debates na Europa sobre o tema”.

Rogério Prado, CEO da PAX Aeroportos, prevê que um caminho seria utilizar os aeroportos como local de pouso para eVTOLs. Segundo o especialista, o Campo de Marte seria uma opção: “Precisamos pensar em atender qualquer tipo de aeronave, com mercados e modelos diferentes”.

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O empresário aponta como a operação dos carros voadores no topo de prédios ainda esbarra em questões simples: “A maioria dos edifícios de São Paulo não tem elevador direto para o heliporto”. Sendo assim, o trafego de pessoas embarcando em eVTOLs podia gerar incômodos em outros usuários.

No entanto, seja em aeroportos ou no topo de prédios, ainda há um ponto que trava o lançamento dos eVTOLs. “Não temos clareza de um modelo de negócio que remunere a infraestrutura. Nós, operadores, como vamos fazer?”, questiona Rogério Prado.