Mobilidade sustentável como solução para as cidades
Redução nas emissões dos grandes centros demanda eletrificação do transporte público coletivo
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), que aconteceu entre os dias 31/10 e 12/11, em Glasgow, no Reino Unido, reforçou um alerta que já era público: os riscos da crise climática estão claros e podem afetar diversas cidades importantes do mundo, inclusive do Brasil. E a mobilidade, e a maneira como, historicamente, nos locomovemos nos grandes centros, se relaciona com essa situação. “O ano de 2021 ainda foi marcado pelos impactos da pandemia e as cidades brasileiras não aproveitaram esse momento para acelerar ações de incentivo à mobilidade sustentável”, diz Roberto Speicys, CEO e cofundador da Scipopulis, empresa que monitora, entre outros índices, as emissões do transporte público de diversas cidades brasileiras.
De acordo com ele, o que se observou com a crise sanitária foi a população priorizando o transporte individual privado, em detrimento do coletivo. “E as cidades, por sua vez, não ofereceram alternativas como a instalação de ciclovias temporárias, por exemplo”, diz. Mesmo sem nenhum plano integrado de investimentos pelo Poder Público, uma parcela enorme da população adotou ou passou a utilizar com mais frequência esses modais. “Vimos muitas cidades priorizarem os modos ativos de mobilidade, em várias partes do mundo. No Brasil, tivemos poucas ações, mas destaco Belo Horizonte, que soube aproveitar esse momento ao abrir mais espaço para ciclistas e consolidar essas vias emergenciais em permanentes. Mesmo de forma lenta, destaco esse movimento de ampliação da estrutura cicloviária, retirando espaço dos carros, como tendência e mudança de paradigma”, diz Paula Manoela dos Santos, gerente de mobilidade ativa do WRI Brasil.
Solução integrada
A eletrificação dos automóveis particulares, medida apontada por muitos como efetiva para contribuir com a mobilidade sustentável, é importante, mas não resolve tudo. “Temos que entender que a quantidade de energia utilizada para os deslocamentos nas grandes cidades é insustentável, e não é suficiente para mantermos nossos hábitos atuais de locomoção. O carro elétrico não vai nos salvar”, diz Speicys. Segundo ele, os investimentos em formas sustentáveis de transporte são fundamentais. “Precisamos reduzir nossa necessidade energética nessa área para que, então, seja possível substituir um parque menor de veículos particulares a combustão por carros elétricos que utilizem energia limpa”, afirma.
Um movimento importante para este ano é a continuidade dos processos de renovação dos contratos de transporte público coletivo no País todo, negociações que precisam ter entre seus objetivos a mobilidade sustentável. “Essa discussão abre oportunidades para a definição de metas de redução de emissões e de eletrificação no transporte público”, diz. E, por fim, como tendência, ele aponta um assunto polêmico: a taxação dos deslocamentos individuais. “Em um contexto de crise fiscal pós-pandemia, acredito que muitas cidades vão buscar formas de tarifar a mobilidade individual, introduzindo medidas como taxas de congestionamento ou cobrando pelo estacionamento no espaço público, desestimulando, dessa forma, o uso do automóvel”, finaliza.
Tendências para 2022
• Adesão cada vez maior da mobilidade ativa, principalmente caminhada e bikes
• Renovações nos contratos do transporte público, sobretudo ônibus, com metas de redução nas emissões
• Taxação dos deslocamentos individuais
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