O debate mundial sobre o futuro da mobilidade urbana vem se intensificando, algo que já ganhava forma nos últimos anos, mas parece ter recebido um impulso adicional com a pandemia. Ao mesmo tempo, estão ocorrendo mudanças de hábitos da população, maior preocupação ambiental e uma grande evolução tecnológica.
O mercado dos micromodais tem grande potencial de crescimento e faturamento pelo mundo – no compartilhamento ou na venda dos equipamentos.
As bicicletas ganharam as ruas como uma das alternativas mais seguras e baratas de mobilidade urbana individual. Nos Estados Unidos, as vendas de bikes elétricas aumentaram 85% em relação a 2019, segundo o NPD Group, um instituto de pesquisa.
Em empresas como Amazon e Walmart, a maioria dos modelos estava esgotada no meio da pandemia. No Brasil, o mercado dos micromodais elétricos – monociclos, patinetes e bikes – e das bicicletas tradicionais também está movimentado.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) prevê um aumento de 7,3% na produção de bicicletas em Manaus em 2020.
Tudo isso é um forte incentivo para que os fabricantes continuem investindo pesado no desenvolvimento de seus produtos. O segmento de monociclos elétricos ganhou recentemente os primeiros modelos do mundo com suspensão ajustável a ar, recurso que promete revolucionar o mercado.
É uma tecnologia que traz mais conforto e segurança aos monociclistas. Acabam de chegar ao País, também, os monociclos de altíssima performance da Gotway, capazes de atingir 60 km/h de velocidade, com autonomia de 160 quilômetros. Nos próximos meses, os consumidores terão acesso a monociclos capazes de rodar até 300 quilômetros sem precisar recarregar.
A marca israelense Inokim desenvolveu um patinete elétrico capaz de atingir 65 km/h, com autonomia de até 110 quilômetros. Já nas bikes, uma das novidades marcantes é a linha de bicicletas elétricas Super Monarch, da fabricante E-Cells. O modelo Super Monarch Crown possui motores duplos de 52 V, baterias duplas (que somam 1.638 Wh) e suspensão dupla.
Uma das possibilidades mais inovadoras para a mobilidade urbana de um futuro cada vez mais próximo é o transporte aéreo de pessoas dentro da cidade – como já vimos em filmes de ficção científica ou no famoso desenho animado The Jetsons, que, em 1962, já retratava em suas animações um mundo em que o transporte do dia a dia era baseado em carros voadores.
A Uber é uma das empresas que parece mais empenhada em tornar a mobilidade aérea uma realidade. Ela criou seu projeto Elevate com o objetivo de oferecer nos próximos anos transporte aéreo compartilhado e acessível.
O usuário terá acesso ao serviço pelo mesmo aplicativo que todos já conhecemos. A empresa está desenvolvendo aeronaves do tipo VTOL – sigla, em inglês, que significa “decolagem e aterrissagem na vertical”. Ou seja, o equipamento decola e aterrissa como um helicóptero, mas possui desempenho em voo como um pequeno avião comum.
Seriam veículos capazes de transportar cinco pessoas e atingir 300 km/h. Equipados com motores elétricos, mesclariam as tecnologias de um avião pequeno e um drone. Entre as empresas envolvidas no projeto estão ícones, como Boeing, EmbraerX e Hyundai.
Novas tecnologias que chegam às ruas ao mesmo tempo em que mais consumidores demonstram interesse pelos micromodais de mobilidade vão exigir mudanças culturais e na legislação das cidades. Resta saber se tudo isso acontecerá na mesma velocidade em que os modais se desenvolvem. Future-se.