Mobilidade urbana é redefenida pela nova geração

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CNH em declínio: como a nova geração está redefinindo a mobilidade

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Inovação

CNH em declínio: como a nova geração está redefinindo a mobilidade

Preferência por opções que tragam sustentabilidade, economia e praticidade está moldando um novo futuro nos transportes

3 minutos, 16 segundos de leitura

27/08/2025

Mobilidade

Por décadas, tirar a carteira de habilitação era quase um rito obrigatório de passagem rumo à vida adulta. No entanto, a nova geração está colocando essa tradição à prova. Jovens urbanos têm mostrado uma clara mudança em relação à posse de veículos particulares e, por consequência, têm impactado significativamente os números relacionados à emissão de CNHs no Brasil.

Segundo dados do Denatran, a procura pela Carteira Nacional de Habilitação (CNH) entre jovens de 18 a 25 anos caiu significativamente nos últimos anos. O cenário brasileiro acompanha uma tendência já observada em outros países, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, onde a posse do carro já não é mais símbolo absoluto de independência ou sucesso pessoal.

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Novo comportamento

A mudança de comportamento dos jovens se explica por múltiplos fatores, sendo o econômico um dos principais. O custo alto para adquirir e manter um veículo próprio, incluindo combustível, seguro, manutenção e estacionamento, tornou-se proibitivo para muitos. Aliado a isso, o fortalecimento de alternativas mais sustentáveis e práticas como transporte público melhor estruturado, aplicativos de mobilidade, bicicletas, patinetes elétricos e até mesmo o deslocamento a pé têm oferecido uma gama crescente de opções mais alinhadas aos valores da nova geração.

Além das questões econômicas, aspectos culturais e sociais também são decisivos. A consciência ambiental dos jovens, muito mais intensa do que em gerações anteriores, desempenha papel fundamental nessa transformação. Eles tendem a valorizar menos a posse e mais o acesso. Para essa geração, é muito mais importante chegar rápido e com menos impacto ambiental do que necessariamente possuir um carro próprio. Aspirações como liberdade de escolha, flexibilidade e agilidade estão no centro desse novo modelo mental.

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Mobilidade com menos burocracia

Outro aspecto relevante é o comportamento digital. Jovens acostumados a resolver tudo pelo celular têm menos paciência para burocracias que envolvem obter uma CNH e lidar com as complexidades da propriedade de um automóvel. Muitos optam por soluções instantâneas, sem necessidade de longos processos ou compromissos financeiros. Plataformas de transporte por aplicativo, caronas compartilhadas e mobilidade sob demanda se encaixam perfeitamente nesse estilo de vida.

Essa tendência também levanta questões sobre como as cidades precisarão se adaptar para atender às novas demandas de mobilidade urbana. Infraestrutura adequada para modos alternativos de transporte e políticas públicas eficientes serão fundamentais para acompanhar essas mudanças.

A transformação urbana deve incluir planejamento integrado, expansão e melhoria da qualidade dos transportes públicos, criação de ciclovias seguras e o incentivo à micromobilidade. É urgente repensar a lógica de deslocamento nas grandes cidades para tornar os espaços urbanos mais acessíveis, inclusivos e sustentáveis.

Por fim, é importante lembrar que, apesar da queda nas emissões de CNH, isso não significa necessariamente uma rejeição total ao carro ou à moto. O que se observa é uma ressignificação de seus papéis. Muitos jovens continuarão a recorrer a veículos próprios em contextos específicos — como viagens, deslocamentos noturnos ou regiões sem cobertura de transporte alternativo —, mas de forma pontual. A compra de veículos pode não desaparecer, mas tende a ser adiada ou substituída por uso compartilhado.

A preferência por alternativas que promovam sustentabilidade, economia e praticidade está moldando um novo futuro para o transporte nas grandes cidades brasileiras. O desafio para gestores públicos e iniciativa privada será interpretar e atender às aspirações dessa nova geração, garantindo que as soluções estejam verdadeiramente alinhadas com suas necessidades reais.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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