Pneus para veículos eletrificados: conheça as diferenças

Para pneus usados em veículos elétricos, estima-se uma sobrevida 25% a 50% maior que os destinados aos modelos à combustão. Foto: Getty Images
Patrícia Rodrigues
29/08/2022 - Tempo de leitura: 3 minutos, 59 segundos

Na aparência, os pneus desenvolvidos para carros híbridos e elétricos pouco diferem dos destinados aos modelos a combustão. Independentemente da matriz energética, esses equipamentos devem atender aos requisitos de cada categoria, uso, aplicação e tipo de solo a que os veículos se destinam — fatores que influenciam em medidas, tamanhos e nas composições da borracha desenvolvidas pelas indústrias. 

Como o carro elétrico não conta com os “sons do motor”, tornando a dirigibilidade muito mais silenciosa, os ruídos dos pneus em contato com o chão são mais perceptíveis.  O nível de ruído é uma informação obrigatória na etiqueta de todos os pneus, mas, no caso dos elétricos e híbridos, acaba fazendo maior sentido. Isso leva os fabricantes a desenvolverem opções com tecnologias que minimizem ainda mais os níveis de ruído e melhorem o conforto na cabine nesse tipo de veículo, com borrachas diferenciadas.

Ao mesmo tempo, ainda são mais leves do que os pneus convencionais e, portanto, contribuem para a economia de recursos, bem como para um menor impacto ambiental. Também costumam ser mais estreitos e recebem compostos diferentes para melhorar a eficiência e o uso inteligente da energia em vários tipos de deslocamentos (urbanos e nas estradas), mas sem perder a aderência.

Marco Barreto, docente do departamento de Engenharia Mecânica da FEI, explica que a eficiência energética está diretamente ligada à menor resistência ao rolamento. “Essa é uma característica que diminui o consumo de energia interna, o que também ajuda a ampliar a autonomia da bateria e distância percorrida, favorecendo viagens mais distantes com uma única carga”, acrescenta.

No caso dos veículos híbridos, ainda há o motor a combustão que leva a trações diferentes para os comandos das rodas, que também influenciam no desgaste em regiões que não eram comuns nos veículos a combustão, em uma equação bastante complexa. “Portanto, a produção de um item tão específico resolve algumas questões, mas também precisa prever e ajustar outros fatores, que não se relacionam apenas aos materiais empregados, mas relacionados ao tipo de carro, o ambiente em que ele trafega, o modo de condução, o peso suportado, entre outros.”

Sustentabilidade e durabilidade

Entre os inúmeros benefícios da adoção de carros elétricos está a maior vida útil das peças. Assim como nos convencionais, a durabilidade dos pneus para esses modelos também depende da composição, tipo de solo (que desgasta mais ou menos a borracha) e do tipo de percurso (por conta da velocidade, estradas consomem mais os pneus que os ambientes urbanos, com trânsito mais pesado), além de outros fatores relacionados à manutenção e à dirigibilidade. Mesmo assim, eles levam vantagem nesse quesito: estima-se uma sobrevida 25% a 50% maior que os destinados aos modelos à combustão, podendo chegar a 70 mil quilômetros rodados.

Quem faz essa conta é Diogo Seixas, engenheiro automotivo especializado em veículos elétricos e também diretor da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), que já está em seu sétimo carro elétrico. “Neste último, com o qual estou mais tempo e que está com 100 mil quilômetros, já realizei a troca de pneus, sem grandes problemas, com equipamentos originais e de forma online”, conta.

Ele alerta que, no passado, era comum a comparação de preços, considerados muito mais caros, e a demora na entrega por falta de estoque relacionado à demanda. “Hoje há um mercado consumidor para isso. O preço não tem a ver com o fato de o carro ser elétrico, mas sim de serem importados ou por alguns modelos figurarem em segmentos de luxo.”

Pneus elétricos são projetados com tamanhos, espessuras, materiais e ranhuras (desenhos) para:

  • Oferecer maior eficiência energética
  • Menor resistência ao rolamento
  • Menor nível de ruído
  • Maior durabilidade

Atenção à segurança deve ser a mesma

No caso dos elétricos, a troca de pneus também deve:

  • Obedecer às recomendações prescritas no manual do fabricante quanto à troca de pneus: um modelo mais largo pode ser esteticamente mais agradável aos olhos do usuário, porém isso não significa maior segurança, desempenho ou eficiência energética. O mesmo vale para o nível de ruído
  • Em caso de rasgos e furos, optar sempre pela maior segurança oferecida pelos produtos originais e novos, com troca em lojas oficiais, algo que não é possível assegurar no caso de pneus reformados.