Imagine morar em um bairro pensado para que tudo seja feito, preferencialmente, a pé, com percursos que tornam o caminhar mais agradável, em que tudo seja pensado para os pedestres – e não para automóveis. Esse lugar, que pode significar uma tendência de novos bairros para o futuro, está nascendo na região central de Maringá (PR).
O projeto arquitetônico Eurogarden foi criado para ser um modelo de mobilidade, sustentabilidade e urbanismo, no Estado. O projeto tem como inspiração o estilo de vida do europeu, com vários parques e áreas verdes. “Nós vamos na contramão do que foi feito em Brasília, na década de 1960”, conta Eduardo Paulino, arquiteto e CEO da A5 Arquitetura, empresa responsável por desenvolver o projeto. “Naquela época, a cidade foi planejada para o uso do carro. O Eurogarden é pensado na escala das pessoas”, acrescenta.
O projeto ocupa uma área total de quase 1,4 milhão de metros quadrados, divididos em usos públicos e privados. A área pública, que ocupará cerca de 700 mil m², conhecida como Centro Cívico, abrigará diversos órgãos e equipamentos, como Justiça do Trabalho, Fórum Eleitoral, Paço Municipal, Hospital da Criança, entre outros. “A Justiça do Trabalho e o Fórum Eleitoral já estão prontos. O Fórum Estadual está em fase de licitação. Os demais prédios já possuem os terrenos destinados para suas instalações”, acrescenta Paulino.
A área privativa ocupa cerca de 580 mil m². Destes, 380 mil m². serão dedicados exclusivamente para a construção de 65 empreendimentos de uso misto, entre residencial e comercial. Estima-se que, diariamente, quando todos estiverem prontos, passem por eles cerca de 24 mil pessoas, entre moradores e visitantes.
Cerca de 2% das vagas acessíveis aos visitantes da área residencial terão carregadores veiculares. Uma das premissas desse projeto é criar o que se chama de “bairro de 10 minutos”. Ou seja, não será necessário se deslocar muito mais do que esse tempo para acessar equipamentos públicos e serviços como escolas, atendimento médico, alimentação, entre outros, de preferência a pé. “Nosso objetivo é oferecer serviços para que as pessoas necessitem cada vez menos de carros particulares”, diz Paulino.
O Eurogarden prevê ainda oferecer diversas novidades relacionadas à mobilidade. Em termos de transporte coletivo, por exemplo, haverá um terminal intermodal, localizado ao lado do empreendimento, que fará a conexão com todo o sistema de transporte público rodoviário de Maringá e região. O projeto prevê, ainda, um trem que irá circular internamente, com 12 paradas, a uma distância máxima de 800 metros entre elas, que permitirá fácil acesso aos edifícios residenciais e comerciais. Também está prevista oferta de bikes e patinetes compartilhados, espaços dedicados a carros compartilhados e vagas especiais para veículos de baixa emissão de carbono.
Outras novidades serão o sistema de monitoramento das vias, com circuito inteligente de câmeras, para acompanhar o funcionamento dos meios de transporte e a circulação de carros e pedestres, e a geração de energia sustentável. “Vamos ter controle de escoamento superficial nos canteiros de obras, identificação e eliminação de descargas ilícitas, prevenção contra poluição e controle de escoamento. O projeto precisa ser ecológico do começo ao fim”, reforça o arquiteto e CEO Eduardo Paulino.
Algumas obras desse ambicioso projeto estão em andamento e a expectativa é de que essa primeira fase seja entregue em cinco anos. O prazo para a conclusão das obras é de 15 a 20 anos.
Esse conceito, segundo especialistas, está relacionado à correta e eficaz aplicação dos recursos tecnológicos em busca de uma cidade mais equilibrada social e ambientalmente.
A cidade inteligente, por exemplo, está relacionada a um sistema de mobilidade eficiente, que produz menos poluição e consegue diminuir o tempo médio nas viagens, por meio do uso de semáforos inteligentes, aplicativos instalados em celulares e terminais de transporte público, e que permitem aos usuários gerir suas próprias viagens. Além de um sistema de gestão de resíduos e da água que amplie a reciclagem e elimine o desperdício”, explica Marcos Costa, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Faap.