Foi após um comentário de uma professora, de que os acidentes envolvendo ambulâncias e veículos comuns estavam aumentando, que uma turma de estudantes do Senai de Americana (SP) decidiu transformar esse desafio em uma solução. E inscrevê-la no Hackathon Start, iniciativa que está em sua primeira edição e que incentiva jovens estudantes de graduação e do ensino técnico de instituições públicas ou privadas de todo o Brasil a desenvolverem projetos inovadores em quatro áreas, também chamadas de ‘planetas’: Gestão, Educação, Água, Energia e Mobilidade.
O Hackaton Start é uma iniciativa do InverGroup, fundado em 1993 e composto por mais de 60 empresas, que atuam nos segmentos de infraestrutura, tecnologia, business to client (B2C), capital de investimento, além de operações ligadas ao marketing.
O grupo finalista em Mobilidade leva o nome do projeto, que foi batizado de Tag e é formado por três jovens: Felipe Meula (17 anos), Melissa Santos (18) e Rafaela Monteiro (17). Felipe e Melissa frequentam o curso de eletricista de manutenção eletroeletrônica. Rafaela é formada em mecânica de manutenção. De acordo com eles, liberar as vias para veículos de emergência traz diversos benefícios para a cidade e seus habitantes, como ajudar no socorro de quem já está em uma situação vulnerável, atuar na segurança dos motoristas desses veículos e dos demais condutores, sem causar prejuízo para o tráfego.
Desenvolvido durante quatro meses, a ideia do projeto é a de estabelecer uma comunicação, por meio do sistema Tag, entre os semáforos da cidade e os veículos de emergência, posicionando um equipamento entre 50 metros e 60 metros de distância dos faróis. “Ao passar pelo dispositivo, a ambulância, que também precisa estar equipada com equipamentos específicos, será reconhecida e automaticamente acionará o sinaleiro no estado de atenção. Após 2 segundos, o semáforo permitirá a passagem desses carros emergenciais e, em seguida, voltará ao seu funcionamento padrão”, explica Meula. A tecnologia escolhida, após orientação do mentor do projeto, foi a de controle por radiofrequência. “Caso haja mais de uma ambulância no mesmo cruzamento, a preferência será do primeiro veículo. Há, ainda, a opção de instalação de outro equipamento Tag para finalizar o processo quando o veículo cruzar a via”, completa. “Acreditamos que, se implementada nas cidades, a solução irá melhorar muito a mobilidade urbana, trazendo mais segurança”, diz Melissa Santos.
Com dois dos jovens estudando no período da tarde — e uma já formada —, o desenvolvimento do projeto, que durou quatro meses, aconteceu nos momentos de contraturno da escola. “Foi um desafio reunir os três ao mesmo tempo, mas todos estávamos muito comprometidos. Também tivemos mentorias, que nos ajudaram a crescer bastante, levantando problemáticas que não tínhamos pensado. Temos muito a agradecer aos professores do Senai, especialmente Marco Roza Filho e Roseli Scaranello”, conta Melissa Santos. “E os ensinamentos de quem já atua no mercado, como do nosso mentor Antonio Azevedo, CEO da LogiGo Automotive, foram fundamentais”, acrescenta Felipe Meula.
Nesse período de quatro meses, a equipe desenvolveu todo o conceito do projeto e da tecnologia a ser empregada, além de ter trabalhado um plano de viabilidade econômica. “Queríamos ter feito um teste em 3D, mas não tivemos tempo suficiente. O próximo passo agora é fazermos o speach para a comissão julgadora e nosso plano de negócios”, completa.
A final será decidida na sexta-feira (11/02) e será transmitido pelo canal do Youtube do Hackathon Start. Sob a luz da temática “Como tornar a cidade mais smart?”, serão escolhidos os projetos que terão, futuramente, suas ideias mentoradas por representantes da empresa realizadora do hackathon e diversos especialistas do mercado.
Serão cinco equipes vencedoras, que receberão incubação por um ano do InverGroup e receberão um investimento a ser definido. Além disso, a equipe que ficar com o primeiro lugar receberá uma premiação de R$ 10 mil. “Meu desejo é que outros jovens, vendo até onde chegamos, se inscrevam em iniciativas como essa, que nos ajudam desde cedo a entendermos como criar uma empresa. É uma oportunidade muito boa para crescermos e acredito que muitos não participam porque não ficam sabendo que elas estão acontecendo”, alerta Rafaela Monteiro.