O quebra-sol, aquela aba acima do para-brisa do carro que protege o motorista da incidência do sol contra os olhos, é um item geralmente esquecido pelos motoristas, embora exista há quase um século. Isso porque pouca gente sabe que os raios solares causam cegueira temporária, comprometendo a segurança dos condutores.
Segundo o National Highway Traffic Safety Administration, a agência nacional de segurança dos Estados Unidos, o risco de um acidente de carro é 16% maior com a incidência direta da luz do sol. Ocorre que o quebra-sol tradicional não foi concebido para lidar adequadamente com essa questão de segurança. No máximo, consegue bloquear parte da luz nos olhos.
Por esse motivo, a Bosch desenvolveu a tecnologia chamada de Visor Virtual. Trata-se de um LCD transparente associado a uma câmera de monitoramento, instalados no lugar do quebra-sol. O dispositivo funciona por meio de algoritmos inteligentes que bloqueiam o brilho do sol, sem cobrir parcialmente a visão do motorista.
Considerado a melhor inovação no CES 2020 Innovation Awards, em Las Vegas (Estados Unidos) e ganhador do prêmio na categoria Entretenimento e Segurança, o Visor Virtual emprega Inteligência Artificial (IA) para localizar o motorista na imagem da câmera e, com isso, determinar os pontos de referência no rosto para que ele identifique as sombras.
O algoritmo analisa a visão do motorista e escurece a seção da tela em que a luz bate nos olhos, a fim de impedir a cegueira momentânea. A outra parte continua transparente, sem o escurecimento total do display.
“Notamos que o usuário ajusta o quebra-sol para projetar sombra nos olhos”, afirma Jason Zink, especialista técnico da Bosch na América do Norte e um dos co-criadores do Visor Virtual. “Essa percepção foi essencial para simplificar o conceito do produto e impulsionar o design da tecnologia.”
Segundo a Bosch, a utilização do cristal líquido para filtrar uma fonte de luz específica reduz o incômodo do motorista e o risco de acidentes.
Desenvolvido por uma equipe na América do Norte, o Visor Virtual nasceu graças à cultura de inovação da Bosch. Nela, os funcionários são estimulados a aplicar metodologias enxutas para confirmar os benefícios ao cliente, o potencial de mercado e a viabilidade de inovações.
Três engenheiros, liderados por Jason Zink, levaram adiante o conceito do quebra-sol digital, com direito à criação de alguns protótipos. Para se ter ideia, o modelo original surgiu a partir de um monitor LCD antigo, recuperado de uma lixeira. Depois de versões adicionais, o produto foi encaminhado para a divisão Bosch Car Multimedia, que deu contornos finais ao projeto.
O Visor Virtual é mais um passo da estratégia da Bosch na utilização de Inteligência Artificial para fabricar produtos com alta tecnologia e deixar a vida dos usuários mais fácil e segura. Em um período de quatro anos, todos os produtos da Bosch terão Inteligência Artificial ou serão desenvolvidos ou produzidos com a ajuda desse recurso.”
O executivo revela que o mercado global para a aplicação de IA irá girar em torno de 120 bilhões de dólares até 2025. Pensando no futuro, a Bosch já investe 3,7 bilhões de euros por ano no desenvolvimento de softwares e reúne mil colaboradores trabalhando nesses projetos. “Queremos investir em IA e também na capacitação dos nossos profissionais”, explica Bolle.