Você sabe que o preço do combustível vai aumentar amanhã e resolve passar no posto para completar o tanque, com o objetivo de economizar. Por isso, na hora de abastecer, não tem dúvida e diz para o frentista encher “até a boca”. Quem nunca fez isso?
Pois já passou da hora de saber que essa prática é totalmente equivocada e, além de não ajudar a economizar, pode provocar grandes prejuízos, como explica Luciana Félix, especialista em mecânica de automóveis e proprietária da Na Oficina, em Belo Horizonte (MG).
“Eu não entendo como isso ainda acontece, porque uma peça chamada cânister, um tipo de filtro com carvão ativado em seu interior, foi adotada nos automóveis produzidos no Brasil há mais de duas décadas”, diz.
“A função do cânister é coletar e filtrar os vapores que saem do tanque de combustível (e que são tóxicos), enviando os gases para o motor, onde esses vapores serão queimados junto com a mistura ar-combustível”, explica.
“Essa peça não só evita que gases tóxicos sejam jogados na atmosfera, como os reutiliza no funcionamento do próprio motor. Por isso, acho surpreendente que ainda existam pessoas – frentistas e motoristas – que insistem em encher o tanque ‘até a boca’.”
A maioria dos carros já possui, de fábrica, um sistema mecânico que interrompe automaticamente o funcionamento da bomba. Ele indica que o limite do reservatório foi atingido, evitando problemas com o cânister e derramamento de combustível.
“O motorista percebe isso claramente, pois o mecanismo produz o som de um ‘clique’ e o abastecimento é interrompido na hora”, observa a especialista.
Se o limite for desrespeitado, o combustível pode vazar, prejudicando ou até danificando o cânister, um componente automotivo caro. As falhas decorrentes desse procedimento incorreto serão indicadas por meio da luz-espia no quadro de instrumentos.
“O problema é que dificilmente o motorista associa as falhas de funcionamento do motor com o fato de ter enchido o tanque ‘até a boca’, até porque há casos em que o defeito se mostra intermitente, ou seja, surge de vez em quando ou em condições específicas, dificultando o diagnóstico por parte do mecânico”, explica Luciana Félix.
Outro problema é o vazamento do combustível, que pode danificar seriamente a lataria, exigindo um serviço de repintura na área afetada, além dos possíveis danos ambientais.
Então, na hora de abastecer, lembre-se: quando a bomba desligar, não vale a pena tentar colocar mais combustível, pois isso pode acabar custando caro.