Hora de avançar em projetos estruturantes nas cidades
Com a pandemia, as empresas se viram obrigadas a acelerar implementações e antecipar projetos. O poder público poderia fazer o mesmo
2 minutos, 56 segundos de leitura
03/06/2020
Quando foi decretada a quarentena, planos de um ano inteiro precisaram ser revistos, e projetos que nunca antes eram prioridade, de repente, se tornaram fundamentais para que as empresas pudessem se adaptar ao novo cenário. Essas mudanças trarão novos modelos de negócios, hábitos e estruturas e é essa lógica que quero trazer: como o poder público poderia também aproveitar este momento para repensar projetos?
Se a pandemia impulsionou líderes da área privada a reverem prioridades e investirem em ações que, até então, não constavam no calendário, o mundo pós-pandemia pede que os líderes do poder público repensem seus projetos.
No que tange à questão de mobilidade, estamos presenciando uma transformação global única e rápida: várias cidades do mundo estão começando a estimular novos hábitos de deslocamento. Do meu último artigo para cá, as ações citadas aumentaram rapidamente e acredito que vêm mais coisas por aí.
Incentivo para pedalar e caminhar
O governo britânico anunciou um investimento de 2 bilhões de libras para estimular o uso da bicicleta e da caminhada e facilitar o retorno ao trabalho no período pós-pandêmico.
Na Itália, a reabertura gradual do país inclui um bônus do governo de até 500 euros para pessoas comprarem uma bicicleta para aliviar os transportes públicos e a circulação de veículos poluentes.
Em Paris, a prefeita liberou 22 milhões de euros para a criação de ciclovias temporárias e também será oferecido gratuitamente um treinamento para a população aprender a pedalar com segurança.
Idéias para uma cidade melhor
Essas são apenas algumas medidas de planejamento que países estão tomando para uma nova realidade da mobilidade urbana, e que podem se tornar permanentes no pós-pandemia. Agora, mais que nunca, é fundamental que políticas públicas e iniciativas sejam fortemente direcionadas aos pedestres e ciclistas.
Segundo a Ciclocidade, Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo, além do investimento em ciclovias e ciclofaixas, há várias ações que podem ser implementadas de maneira emergencial.
E que impactam no uso seguro da bicicleta, como a diminuição do trânsito e a redução de velocidade nas faixas da direita para 20 km/h, liberando também o uso delas para pedestres, permitindo, entre eles, o distanciamento que as calçadas não oferecem.
Muitas das ações não requerem grandes investimentos, mas exigem coragem e planejamento dos órgãos públicos para que as cidades pós-quarentena não apresentem, por exemplo, níveis ainda mais elevados de congestionamento e poluição do ar, já que a tendência é que as pessoas utilizem automóveis para se locomover diante do receio de aglomerações.
Propulsor de novas iniciativas
Em Nova York, houve queda de 50% nas emissões de monóxido de carbono de automóveis comparadas ao ano passado, segundo informações da Universidade Columbia. De acordo com a Cetesb, o mesmo aconteceu em São Paulo, após uma semana de quarentena na capital.
Independentemente da pandemia enquanto infraestrutura urbana, já estávamos atrasados na implementação de políticas e ações para tornarem as cidades mais fluidas, sustentáveis e humanas.
O que espero é que este momento seja usado como propulsor para iniciativas serem implementadas e que elas sejam um primeiro e importante passo de transformação definitiva do espaço urbano.
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários