Quanto vale sua mobilidade?

Foto: Freepik

28/05/2020 - Tempo de leitura: 3 minutos, 30 segundos

Em nossas lojas e canais de vendas, é comum o questionamento do preço dos veículos elétricos. Sejam patinetes, bikes ou monociclos elétricos, a comparação mais imediata está normalmente associada ao custo de aquisição de um carro ou de uma motocicleta à combustão, certamente por serem parâmetros já muito consolidados na cabeça das pessoas. Embora legítima, a comparação entre esses modais leva em conta apenas o viés da simples locomoção, ainda que existam muitos outros propósitos.

Qualquer que seja o sistema de importação desses equipamentos – finalizado CBU (completely build up), semidesmontado SKD (semi knocked down) ou completamente desmontado CKD (completely knocked down) – , o seu preço está sempre sujeito à variação cambial, inclusive nos dois últimos modelos, para montagem posterior no País.

Além disso, o custo Brasil pode encarecer em mais de 100% um produto importado, considerando os altos tributos e custos logísticos. Para fechar a conta, existe ainda a reduzida margem de lucro dos distribuidores e revendedores, que arcam com todos os seus custos operacionais e de venda.

Mas, então, qual é o preço final de um monociclo elétrico ou de um patinete?

Os modelos mais em conta giram em torno de R$ 3 mil. Já os mais sofisticados, com desempenho que pode chegar perto aos 180 quilômetros de autonomia e velocidade máxima de até 60 km/h, custam próximo de R$ 25 mil. Em geral, o tíquete médio de venda na Eletricz é de R$ 7 mil.

Na ponta do lápis

Vamos ao comparativo: um carro econômico que percorre cerca de 14,9 quilômetros por litro de gasolina custa cerca de R$ 33 mil, mas sua sustentação envolve outras despesas.

Como exemplo, para ir e voltar do trabalho, de segunda a sexta-feira, rodando 20 quilômetros por dia (10 para ir e outros 10 para voltar), ou seja: 440 quilômetros por mês. Em 22 dias úteis, ao custo de R$ 3,82 por litro, o usuário teria R$ 112,69 de gasto apenas com o combustível.

Mas um carro tem, ainda, outras despesas, como manutenção, licenciamento, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), seguro, estacionamento e multas de trânsito, sem contar a depreciação do bem.

Vantagens dos micromodais

Já num monociclo elétrico, por exemplo, o consumo de energia elétrica para recarregar em casa a bateria de íon lítio é irrisório. Um modelo intermediário, com 680 Wh, que garante autonomia de até 60 quilômetros e leva cerca de cinco horas para recarregar o equipamento por completo, teria como custo final (considerando o preço de R$ 0,96 por kWh da distribuidora Enel de São Paulo) menos de R$ 5 para percorrer os mesmos 440 quilômetros do exemplo.

Ou seja: mais de 20 vezes mais barato que com o carro. Os baixos custos com a manutenção de um veículo elétrico portátil e a inexistência de gastos como IPVA, estacionamento e multas posicionam esses modais na dianteira da viabilidade econômica.

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Desertores

Não bastasse essa gritante diferença entre os números, o que já seria o suficiente para explicar a crescente adesão dos chamados desertores do modelo tradicional de mobilidade, ainda existem as questões intangíveis: quanto vale para você evitar um trânsito caótico, chegar mais cedo em casa e passar mais tempo com a família, desestressado e leve?

Já imaginou não ter mais que ficar horas para achar uma vaga num estacionamento ou simplesmente encaixar um roteiro arborizado no caminho até o seu trabalho?

E se, no final de semana, ainda pudesse juntar uma galera para simplesmente contemplar a cidade e visitar pontos turísticos, antes despercebidos e de difícil acesso com um carro? Quão relevante você se sentiria em ser um agente de mudança positiva para o meio ambiente?

Acredito que todos os modais, sejam eles elétricos ou não, particulares ou compartilhados, coletivos ou individuais, irão coexistir. Mas o novo mundo que se apresenta já traz importantes reflexões, e a utilização de cada um deles dependerá essencialmente das nossas prioridades

Future-se.

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