‘Brasil lidera o pagamento de transportes por aproximação na América Latina’, diz VP da Mastercard


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Embora ainda não seja uma realidade em todos os Estados brasileiros, o pagamento dos transportes por meio de cartões de débito, crédito, ou mesmo por aproximação, está se tornando cada vez mais comum.

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Atualmente, são 21 sistemas de mobilidade dentro das cidades, entre ônibus e transporte sobre trilhos, de 17 municípios, mais o Distrito Federal, que aceitam o pagamento com cartões de crédito e débito.

Desde 2017, a Mastercard investe em operações de pagamento por aproximação nos serviços de transporte. A empresa foi uma das primeiras a investir na tecnologia e, hoje, oferece essa opção tanto no transporte público, quanto em pedágios.

Para entender como é a aceitação dos brasileiros das novas modalidades de pagamento, além das novidades da empresa, conversamos com Fernanda Caraballi, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Mastercard. Confira os principais trechos, a seguir.

O pagamento por aproximação no transporte público tem aumentado no Brasil?

Fernanda Caraballi: Sim, observamos um crescimento de 71% nas cidades que possuem essa opção de pagamento no primeiro trimestre de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024.

Esse avanço é resultado da expansão liderada pela Mastercard para novos sistemas de transporte, como o das barcas em Salvador (BA) e o ônibus urbano em Ponta Grossa (PR).

Somado a isso, a alta familiaridade dos brasileiros com a tecnologia de pagamento por aproximação — que já representa 65% das transações presenciais, segundo a Abecs — e a busca por mais segurança e praticidade aceleraram essa adoção.

Assim, temos atuado para integrar soluções que simplificam o acesso e tornam a mobilidade mais fluida e segura em todo o País.

Quais cidades brasileiras já permitem o pagamento da tarifa de transporte público com cartão de débito ou crédito atualmente?

Caraballi: Hoje, 20 cidades brasileiras contam com a tecnologia Mastercard de pagamento por aproximação, abrangendo 24 sistemas de transporte. Entre elas, destacam-se o Rio de Janeiro (metrô, trens e barcas); São Paulo (ônibus); Belo Horizonte (metrô); Salvador (metrô e barcas); Brasília (metrô e ônibus); Curitiba e Maceió (ônibus urbanos) e Goiânia (todo o sistema de transporte público, composto por ônibus urbanos e metropolitanos).

Importante mencionar que cidades menores como Jundiaí (SP), Foz do Iguaçu (PR) e Angra dos Reis (RJ) também já adotaram a tecnologia. Assim, a tendência é que essa lista continue crescendo nos próximos meses.

No transporte público e pedágios, os brasileiros estão usando mais cartão de crédito ou débito?

Em relação ao uso de cartões de crédito e débito nos setores de transporte público e nos pedágios no Brasil, observamos que não há uma preferência predominante por nenhum dos meios de pagamento.

Assim, os dados mais recentes apontam para uma divisão equilibrada das transações, sendo que aproximadamente metade é realizada com cartão de crédito e a outra metade com cartão de débito em ambos os segmentos.

O brasileiro já está adaptado a pagar serviços de mobilidade com cartão, ou ainda há resistência?

O brasileiro não só está adaptado como está liderando essa mudança na América Latina. Segundo a Abecs, 57,7% das compras presenciais já são feitas por aproximação. Isso representa, contudo, um salto grande em relação aos 29,5% registrado em 2022.

No transporte público, o crescimento de 82% no uso de cartões em 2024 mostra que a população está substituindo o dinheiro por opções digitais.

Dessa forma, dois fatores aceleraram essa adoção: a pandemia, que aumentou a preocupação com higiene, e a bancarização, já que 82% dos brasileiros hoje têm conta corrente, segundo o Banco Central.

Ou seja: a infraestrutura e o comportamento do consumidor estão alinhados para essa transformação. Cerca de 89% dos brasileiros entrevistados se mostraram dispostos a usar meios de pagamento novos ou não convencionais, segundo pesquisa da Mastercard.

A Mastercard está na liderança dessa evolução, oferecendo soluções que unem conveniência, segurança e inovação. Nosso compromisso é seguir construindo o futuro dos pagamentos, tornando cada experiência mais fluida, segura, conectada e acessível — seja no transporte público, nas rodovias ou em novas formas de mobilidade que surgirem.

Todas as praças de pedágio do Brasil já aceitam pagamento por cartão, ou ainda existem limitações?

Atualmente, a grande maioria das concessionárias de pedágio no Brasil já aceita pagamento com cartões de débito ou crédito por aproximação. Hoje, pelos nossos dados, mais de 80% das concessionárias de rodovias de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul já oferecem essa opção aos motoristas.

A Mastercard vem liderando a digitalização nos pedágios, oferecendo aos motoristas uma experiência mais rápida e segura.

Que impactos positivos podem ser mencionados ao adotar o cartão como meio de pagamento?

Curitiba, por exemplo, reduziu 87% os assaltos a ônibus após a adoção do cartão. A experiência da capital paranaense virou referência e o motivo é claro: com menos dinheiro em circulação, os roubos a ônibus e terminais tendem a diminuir.

Além da segurança, há ganhos operacionais: as empresas podem reduzir custos com transporte e contagem de dinheiro e até fraudes com troco. Ou seja, benefícios para passageiros e para operadoras.

Quais são os próximos passos para expandir a digitalização no transporte público e nas rodovias?

Entendo que três frentes devem avançar. Em primeiro lugar, expansão para mais cidades e modais, seguindo o modelo das atuais 20 cidades com pagamento por aproximação de cartões de débito e crédito embarcado.

Em seguida, vejo que é preciso que haja a digitalização de pedágios, ampliando a aceitação de meios digitais. E, por fim, o aprimoramento da tecnologia de cartões e maior aceitação em todos os transportes.

    Sabendo como a tecnologia gera eficiência e traz benefícios para o desenvolvimento das cidades e bem-estar dos cidadãos, os temas de mobilidade urbana e cidades inteligentes, estão na nossa agenda, ainhados com a dos gestores públicos e da sociedade.

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