Caminhões dedicados à cana
Segmento sucroalcooleiro utiliza diversos tipos de caminhão. Devido a essa diversificação, marcas podem vender dezenas de modelos a um único cliente
Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Volvo são as marcas que estão presentes nesse segmento. E elas contam com uma gama de caminhões que foi desenvolvida para a operação sucroalcooleira.
Para ter uma ideia do quanto esse setor evoluiu, os primeiros caminhões com tecnologias de automação vendidos no País chegaram para atender demandas das fazendas de cana. Graças à tecnologia de georreferenciamento, os veículos são capazes de trafegar na entrelinha da cana.
São modelos que atuam no chamado transbordo. Eles rodam ao lado da colheitadeira, mas, por causa desse sistema semiautônomo (o motorista está presente), conseguem trafegar sem esmagar os brotos de cana.
Como nem todas as empresas do setor têm condições de comprar veículos com essa tecnologia, que chega a custar R$ 700 mil, há versões convencionais, ou seja, não são autônomas – porém, bem equipadas para reduzir os impactos da destruição dos brotos. Esses veículos têm bitola de 2,4 metros ou de 3 metros e pneus de alta flutuação.
Operação de transbordo pode ser perigosa
Nessa atividade, o caminhão de transbordo é rígido e equipado com motor que desenvolve potência na faixa dos 300 cv. A cavalagem não é relevante, mas o torque faz total diferença, porque eles rodam carregados e em uma velocidade de aproximadamente 10 quilômetros por hora. Esses modelos são 6×4, mas, eventualmente, dependendo da produtividade exigida, há operadores que optam pela versão 8×4.
Outros itens mandatórios nos caminhões para transbordo são eixo traseiro com redução nos cubos de roda e o bloqueio de diferencial entre as rodas e entre os eixos. Eles oferecem mais segurança e melhor desempenho em pisos escorregadios.
Os caminhões andam ao lado da colheitadeira (ou colhedora), que corta a cana e a joga na caçamba do veículo. Nessa ação, as palhas de cana caem por todos os lugares e podem invadir partes sensíveis ao fogo. Por essa razão, alguns itens do caminhão devem ser bem vedados.
Uma manta térmica é colocada sobre a turbina do motor e também no cano do escape, que costuma ficar localizado na parte traseira, em posição vertical. Há, ainda, uma tela de proteção, que é colocada na parte traseira do motor. A caixa de transmissão é vedada com chapa de aço, e os radiadores são protegidos com tela.
E, obrigatoriamente, a cabine deve ser equipada com extintor de 10 ou 20 quilos. Uma mangueira de ar com 4 metros de comprimento também deve fazer parte dos itens do veículo. Ela ajuda a fazer a limpeza, sobretudo em partes escondidas como o chassi, onde costumam cair palhas. Outro item comum aos modelos é a tomada de força na transmissão.
O protetor de carter desses caminhões é conhecido pela robustez, grade frontal e protetor dos faróis.
Transporte rodoviário
Além do veículo utilizado para o transbordo, outro modelo que protagoniza nessa atividade é o cavalo mecânico que faz o transporte de cana da fazenda para a usina. Eles trafegam, em média, de 20 a 30 quilômetros. As usinas mais distantes ficam, no máximo, a 50 quilômetros da fazenda.
Geralmente, esses modelos têm motor com potência mais elevada, a partir de 440 cv, chegando a 540 cv. A potência, nessa operação, é importante, porque esses caminhões, tratores traçados, são acoplados a implementos como rodotrem e até mesmo treminhã. O peso bruto total combinado (PBTC) é de 74 toneladas. Eles possuem quadro do chassi, quinta roda e suspensões reforçadas para tracionar cerca de 120 toneladas. Esses caminhões são equipados com caixas automatizadas, dimensionadas para essa operação, como itens de série.
Embora esses veículos sejam, geralmente, desenvolvidos para essa atividade, muitas transportadoras que prestam serviço nas usinas preferem comprar cavalos mecânicos de origem rodoviária. Porque, no período de entressafra, essas empresas conseguem utilizar os veículos em outras atividades.
No entanto, Marcos Andrade, gerente de produto caminhão da Mercedes-Benz do Brasil, recomenda que, nessas operações, sejam utilizados os caminhões com especificações para atender à tarefa.
“Um caminhão rodoviário terá que passar por alterações, como reforço no quadro do chassi e na suspensão, para suportar cargas mais elevadas. E a quinta roda também muda. Tem que ser um modelo de 3,5 polegadas para esse tipo de aplicação”, explica Andrade.
Ele exemplifica ainda que, nessas condições, o veículo não fica tão limitado; porém, não será a melhor opção para um transporte 100% rodoviário. “É um tipo de caminhão que, na entressafra, pode ser utilizado na operação de madeira, que ocorre praticamente todo o ano”, completa.
Caminhões de apoio
A produtividade do negócio de cana é tamanha que as empresas, no intuito de evitar paradas não programadas, optam por ter nas fazendas alguns caminhões de apoio.
Esses modelos atuam como caminhão-oficina, caminhão-borracheiro, caminhão-tanque, versão para transporte de lubrificantes e para bombeiro, e caminhão-oficina móvel. Podem ser modelos leves a pesados. Mas, de modo geral, são traçados, semipesados, com potências entre 250 cv e 330 cv.
A indústria de caminhões criou um menu com várias opções de caminhões direcionados ao negócio sucroalcooleiro. Conheça a seguir os modelos e suas respectivas capacidades de cada marca direcionados para o transbordo e para o transporte, atividades que mais protagonizam na cana.
Mercedes-Benz
Axor 3131 para transbordo
O caminhão pode ser entregue na opção 6×4, cuja capacidade de carga útil será de 16 toneladas, e na versão 8×4, em que a capacidade de carga útil sobe para 20 toneladas.
A marca também oferece uma versão menor, o Atego 2730, mas sua capacidade de carga útil é também inferior, de 10 a 14 toneladas, dependendo do implemento.
Esse modelo é oferecido com o kit para atuar na cana, desenvolvido pelo centro de customização da Mercedes-Benz ou pela Grunner, empresa de inovação para veículos direcionados ao setor sucroalcooleiro, parceira da Mercedes-Benz.
Marcos Andrade lembra que o veículo é equipado com piloto automático, o que ajuda o motorista a manter o caminhão em velocidade constante, sendo esta geralmente baixa.
Axor 3344 para transporte
O Axor 3344 tem distância entre os eixos de 3.300 + 1.350 mm e sua capacidade máxima de tração é de 123 toneladas. O caminhão é equipado com motor de seis cilindros que desenvolve 439 cv de potência a 1.900 rpm e torque de 219,2 mkgf a 1.100 rpm.
A caixa automatizada é a Powershift de 12 marchas. E ele conta com quatro opções de relação de eixos, sendo as mais populares a versão i=6,00(27:18×4,00) e a i=4,83(29:24×4,00). O redutor nos cubos de roda é o HD7-HL7, fabricado pela Mercedes.
O caminhão ainda é equipado com bloqueio transversal e longitudinal do diferencial, suspensão tandem, com molas, amortecedores e barra estabilizadora. Isso resulta na maior estabilidade e melhor aderência nos pisos irregulares, mesmo em condições desfavoráveis à tração.
Scania
P 320 para transbordo
A Scania recomenda o P 320 com distância entre os eixos de 4.070 mm para atuar na fazenda. O veículo é equipado de série com bloqueio duplo nos eixos traseiros e uma relação de eixo de 4,88:1. A transmissão é também de série: a GR900, conhecida por Opticruise, de 14 marchas.
Essa nova geração da Opticruise possui o chamado Lay Shaft Brake, sistema de freio de eixos relacionado à condução e ao desempenho. Graças ao item, a caixa de câmbio realiza a troca em 0,4 segundo, o que significa que o tempo de mudança de marcha foi reduzido pela metade.
O motor de 9 litros desenvolve uma potência de 320 cv e o torque é de 166 mkgf.
G 540 para transporte
O motor desse caminhão é o Scania DC13, de 13 litros, que desenvolve potência de 540 cv a 1.900 rpm e torque de 275 mkgf de 1.000 a 1.350 rpm. Esse motor chega a uma economia de até 8% em relação à geração anterior, isso graças ao novo sistema XPI de injeção de combustível mais dinâmica.
Todos os eixos foram modificados e redimensionados, além do sistema de suspensão e reforços nas longarinas. O eixo traseiro RBP 900, com redutor nos cubos de roda, ficou mais parrudo. Para essa operação, a marca apresenta o G 540 com o pacote XT.
Esse pacote congrega para-choque avançado em 150 mm em relação à cabine, degrau articulado que possibilita acesso fácil para que o motorista possa efetuar a limpeza do para-brisa ou até mesmo para realizar a substituição das palhetas do limpador do para-brisa; grade do farol, que contribui para a proteção das lentes do farol, grade frontal na cor preta, pino de reboque que suporta até 40 toneladas, sendo um item de grande ajuda, caso seja necessário rebocar o veículo.
Volkswagen Caminhões
Novo Constellation 33.460 para transporte
O recém-lançado Constellation 33.460 6×4 tem motor MAN de 13 litros, que desenvolve 460 cv de potência e 234,5 mkgf de torque. A transmissão é ZF Traxon automatizada de 12 ou 16 velocidades. O PBTC é de 74 toneladas e a capacidade máxima de tração (CMT) é de 125 toneladas.
O caminhão traz várias soluções eletrônicas. É o caso do modo de condução fora de estrada, acionado por meio de uma tecla no painel. Ao dar a partida no motor, uma luz acende no painel para indicar que a função está ativada. Outro destaque é a função rocking free, ideal para encarar terrenos com baixo nível de tração, como areia e lamaçais.
Ativada por uma tecla no console central, do lado do motorista, o sistema pode ser combinado com o bloqueio do diferencial e o controle de tração. Há ainda uma função que atua na transmissão e “trava” a marcha engatada. Isso evita que o câmbio “suba” marchas sozinho, caso as rodas patinem. Contudo, o modelo foi desenvolvido para atuar na atividade de cana.
Constellation 31.330 para transbordo
O modelo traçado é dedicado ao setor canavieiro. É equipado com uma inédita caixa de transmissão fornecida pela Eaton, a FTS com 10 velocidades, além de três à ré, com as duas primeiras do tipo reduzidas para enfrentar com maior desempenho os aclives mais íngremes. Equipado com motor Cummins ISL de 8,9 litros, 334 cv de potência e torque de 148 mkgf, o caminhão traz diversos itens pensados para a aplicação sucroalcooleira. Destacam-se o pré-filtro agrícola, o climatizador agrícola, o alarme de ré, o prolongador de retrovisor, o engate traseiro tipo boca-de-lobo e o protetor de lanterna, por exemplo.
Volvo
VM 32 para transbordo
O Volvo VM 32 foi desenvolvido para atender a operações que demandam mais capacidade de carga no uso misto ou mesmo fora de estrada. Com capacidade para 32 toneladas de PBT, seus eixos traseiros são projetados para 24 toneladas de carga.
O modelo pode ser oferecido nas opções de cabine curta e leito. Para essa versão direcionada ao transbordo, a Volvo oferece o que chama de kit canavieiro. São equipamentos que deixam o modelo preparado para a função, como os já mencionados. O seu entre eixos é de 4.800 mm e o ângulo de ataque aumentado para 22°, deixou o caminhão mais alto para evitar impactos ao trafegar nos terrenos acidentados. A capacidade de carga líquida do modelo é de 18 toneladas.
FMX para transporte
Na operação rodoviária, a Volvo indica o FMX 540 6×4 na versão trator. A família FMX é indicada para as operações vocacionais. O para-choque do caminhão é de aço e o chassi é produzido de fábrica com longarina dupla de fora a fora. Seu eixo traseiro tem redução nos cubos, carcaça de eixo fundida e cardan super-resistente. Sua capacidade máxima de tração (CMT) é de 150 toneladas. Vale destacar a tecnologia de aceleração inteligente. Ele reconhece a carga, esteja o caminhão vazio ou carregado, e a topografia. Dessa forma, otimiza a injeção de combustível para gerar economia. Essa economia é complementada pela caixa I-Shift de 14 marchas, sendo duas super-reduzidas, que, graças ao software, “entende” que o caminhão roda vazio ou carregado entre a estrada de terra e a rodovia.
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