Quando a pandemia de Covid-19 levou a população ao distanciamento social, no início de 2020, o brasileiro já estava habituado a utilizar o transporte público e aplicativos de carros para se locomover. Uma vida mais saudável e hábitos menos agressivos ao meio ambiente – como ir para o trabalho a pé ou de bicicleta – despontavam. A realidade transformou o cenário caótico da mobilidade urbana e reduziu as opções de locomoção ao veículo próprio (carro ou moto).
Um estudo recente feito pela Webmotors com mais de mil usuários mostra que, em 2021, 56% dos brasileiros optaram por usar carros com frequência para se locomover, seis pontos percentuais a mais do que no ano anterior.
Em outra pesquisa, realizada em parceria com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em julho deste ano, dos quase 5 mil respondentes 75% disseram que têm a intenção de comprar ou trocar de veículo ainda este ano ou em 2022.
Houve um crescimento expressivo no interesse dos brasileiros pela aquisição de motos. Na comparação do volume de propostas comerciais do primeiro trimestre de 2021 com o mesmo período de 2019 e 2020, a Webmotors identificou aumento de 286% e 200%, respectivamente.
Acredito que essa mudança de comportamento do consumidor esteja alinhada com as vantagens oferecidas às famílias no período mais duro do isolamento. Ter um carro ou uma moto significou ter acesso a momentos de lazer – em shows e eventos que puderam ser apreciados de dentro do veículo. E, até mesmo, comodidade para tomar vacina em drive-thru.
Como em todos os setores, o transporte coletivo sofreu o impacto da redução de passageiros e beirou o colapso ao registrar queda de mais de 40% de utilização do serviço, segundo estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) sobre o prolongamento da pandemia. Porém, a pesquisa da Webmotors deste ano mostra que, mesmo com a retomada gradativa da economia e o retorno ao trabalho presencial, o desejo do consumidor ainda se mantém para a compra de um novo veículo, ainda que usado.
A pandemia afetou a economia global e o setor automotivo também sofreu as consequências. O aumento repentino na aquisição de veículos durante a período e a falta de chips semicondutores impactaram a produção de novas frotas de carros zero quilômetro, abrindo espaço para os veículos usados. Até julho de 2021, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) registrou alta de 55,78% nas transações envolvendo a categoria sobre o mesmo período de 2020.
Para 2022, o mercado espera uma diminuição de estímulos à compra de veículos e juros mais altos dos que os praticados neste ano, mas as negociações abrangendo carros novos e usados tende a se estabilizar. Porque – no comparativo – os usados atingiram aumento de mais de 20% de seu preço habitual de venda, levando o consumidor a ponderar se não seria mais interessante aguardar a retomada das montadoras para adquirir um veículo novo.