Imagine a possibilidade de se deslocar utilizando diferentes meios de transporte, públicos ou privados, e ser cobrado uma única vez, sem a necessidade de pagar novamente a cada troca de condução. Essa é uma definição simplificada do conceito de mobilidade como serviço, conhecido ao redor do mundo pela sigla em inglês MaaS, Mobility as a Service.
É um tema que ganha cada vez mais relevância num cenário em que a urbanização aumenta, a oferta de meios de locomoção se diversifica e a tecnologia evolui.
O modelo vislumbra um ecossistema no qual ônibus, metrô, trens, VLTs, patinetes, bicicletas, táxis, caronas, aluguel e compartilhamento de carros, ou qualquer outro tipo de veículo, estejam disponíveis em uma plataforma única, reunindo múltiplos prestadores de serviço.
O usuário escolhe no cardápio, com liberdade e de acordo com a sua conveniência, os meios mais adequados para realizar a viagem que deseja.
“É um conceito que integra udo aquilo que não está integrado”, sintetiza Luís Valença, presidente da CCR Mobilidade, empresa do Grupo CCR. “A utilização mais racional dos modais reduz a concorrência predatória e ajusta a demanda à oferta”, avalia.
Assim, por exemplo, ônibus e metrô deixariam de competir nos trechos em que ambos atendem. Em sintonia com as novas tendências de transporte integrado e multimodal, o Grupo CCR decidiu investir na Quicko, startup paulistana fundada em 2018 com a proposta de simplificar a locomoção das pessoas no cotidiano.
A Quicko utiliza Big Data para mostrar ao usuário, em tempo real, as melhores combinações disponíveis para que ele possa cumprir um trajeto da forma mais rápida ou da forma mais barata.
O aplicativo já está disponível em São Paulo e em breve será lançado em outras grandes cidades do País.
Para os gestores do transporte, o conceito de mobilidade como serviço oferece oportunidades para aprimorar o planejamento. “Um ônibus articulado, de alta capacidade, circulando vazio durante à noite é um indicativo de ineficiência do sistema.
No lugar poderia haver um veículo menor e diversos outros meios para cumprir o mesmo trajeto”, exemplifica Tiago Augusto Alves, analista de Desenvolvimento de Negócios da CCR Mobilidade.
Além de envolver uma profunda transformação na forma como as pessoas irão se locomover, o conceito de MaaS provoca reflexões sobre legislação, organização, gestão e distribuição do sistema de transporte. “Com a ampla oferta de transporte de qualidade, permitindo deslocamentos eficientes, rápidos e confortáveis, o carro individual, como ideia de posse, deixará gradualmente de fazer sentido”, avalia Valença.
“A utilização mais racional dos modais reduz a concorrência predatória e ajusta a demanda à oferta”
Luiz Valença, presidente da CCR Mobilidade
Tudo isso só se torna possível por conta da evolução da tecnologia – especialmente a disseminação dos smartphones. “A digitalização leva para a palma da mão a integração dos meios de transporte e de pagamento.
Cria um ambiente favorável para a entrada de novas empresas no sistema, como já vemos com os aplicativos focados em mobilidade”, destaca Alves.