Uma das coisas mais legais para se fazer de moto é pegar a estrada. Entretanto, muitos motociclistas ficam em dúvida se dá para viajar com uma moto pequena, ou seja, de baixa cilindrada. A mineira Celina Martins, 31 anos, descobriu na prática que, além de serem uma opção de mobilidade ágil e econômica, as motos de baixa cilindrada podem ser boas companheiras de viagem. Com sua Honda CG 150 2011, Celina já conheceu todas as capitais dos Estados brasileiros e se prepara para partir para mais uma aventura. Desta vez, vai viajar por nove países da América do Sul.
Natural de Frutal (MG), Celina começou a andar de moto em função do seu trabalho. “Rodava cerca de 120 quilômetros pela BR-153, quase que diariamente, até São José do Rio Preto (SP) com a minha CG de 150 cc. Percebi que era uma moto que podia me levar a qualquer lugar”, conta ela. Com o tempo, a mineira se mudou para a cidade no noroeste paulista, mas não deixou de viajar.
“Comecei a fazer viagens curtas, para conhecer cidades da região. Em pouco tempo, já tinha visitado todas as cidades próximas de moto”, conta ela, que hoje mantém um canal de viagens de moto, onde dá dicas de passeios e também ajuda outros motociclistas a colocar o pé na estrada.
Atualmente, a motociclista até tem uma moto de alta cilindrada, uma Triumph Street Triple 765, mas prefere viajar com moto pequena. “Eu gosto dela. É mais fácil de manobrar”, diz a mineira que tem 1,57 m e pesa apenas 45 kg e também já visitou os quatro extremos do Brasil.
Outra vantagem, de acordo com a motociclista, é a facilidade de encontrar peças e fazer a manutenção de sua Honda CG de apenas 150 cilindradas. “Quando foi a Uiramutã (AP), no extremo norte do Brasil, rodei pela pior estrada que já vi e tive problemas na moto. Até mesmo lá consegui encontrar peças e um mecânico que sabia consertar a moto”, lembra Celina.
Aliás, a primeira dica da aventureira para quem quer viajar com sua moto pequena é fazer uma revisão completa na moto. “Nunca deixe para fazer a manutenção durante a viagem. Faz tudo que teria que fazer na moto antes de partir”, ensina.
Viajar de moto pequena também faz bem ao “bolso”, brinca Celina. Enquanto sua Honda de 150 cc roda até 40 km com um litro de gasolina, sua Triumph mais potente faz 18 km/litro. Em uma viagem mais longa, como a que vai fazer agora pela América do Sul, isso faz uma grande diferença nos gastos.
Para quem se questiona se as motos de baixa cilindrada têm desempenho para pegar a estrada, Celina diz que é preciso saber se portar. “De CG 150, piloto com mais cuidado, me arrisco muito menos para fazer uma ultrapassagem, por exemplo”, diz a motociclista.
Ela também dá dicas de como se posicionar na estrada. “Em pista simples, eu fico do meio para o canto esquerdo, nunca perto do acostamento. Dessa forma, evito que alguém tente me ultrapassar pela mesma faixa”, ensina. Rodar no meio pode ser perigoso, pois é onde caminhões e outros veículos derramam óleo. “Também fico atenta em curvas, pedágios e trechos onde os veículos precisam reduzir a velocidade, pois sempre tem óleo nesses locais”.
Já nas estradas de pista dupla, o ideal, de acordo com Celina, é manter-se na faixa da direita. “Também sinalizo com as mãos, quando algum veículo se aproxima muito. Muitos caminhoneiros também são motociclistas e entendem a situação”, diz ela. Para garantir ainda mais a segurança, Celina indica que todo motociclista faça um curso de pilotagem.
A motociclista Thainar da Silva Araújo, 29 anos, pilota há 11 anos e também trabalha como entregadora com sua Yamaha XTZ 150 Crosser na região de Itatiaia (RJ), onde mora. Com a experiência, Thainar aprendeu que “o motociclista precisa pilotar para quem está a sua volta”.
Apesar de já ter tido três motos e de fazer viagens curtas pela região da Serra da Mantiqueira, que divide os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, Thainar nunca tinha feito uma viagem longa. Mas, em outubro passado, fez a aventura da sua vida.
Como proprietária de uma Yamaha Crosser, ela foi escolhida para participar do “Tour da Crosser”, uma ação da fabricante japonesa para comprovar que sim dá para viajar de moto pequena (leia box abaixo). A entregadora se juntou a pilotos, jornalistas e influenciadores para rodar 3.000 quilômetros durante nove dias entre Cuiabá (MT) e Palmas (TO). A aventura passou pela Chapada dos Guimarães e pelas areias do deserto do Jalapão. “Fiquei em choque e comecei a me preparar psicologicamente”, lembra Thainar.
Mesmo rodando cerca de 200 quilômetros por dia, fazendo entregas, a motociclista diz que em uma viagem longa é preciso exercitar a mente. “Aprendi a ter paciência, porque nem sempre tudo sai como o planejado”, ensina ela.
Thainar também aprendeu a assumir a postura correta sobre a moto e a pilotar em terrenos difíceis. “Tem que manter os braços abertos e firmes. Na terra, você tem que ‘dançar’ com a moto”, diz a motociclista e entregadora. Durante a viagem com a trail de 150 cc da Yamaha, Thainar também contou com as dicas de pilotos experientes, como Moara Sacilotti, que já disputou o Rally dos Sertões diversas vezes e já coleciona títulos brasileiros no currículo.
Entre os aprendizados da viagem, Thainar dá a dica para quem pretende fazer uma viagem longa com uma moto pequena. “Ainda que seja com medo, vá”, diz ela. Mas, antes, fazer viagens curtas e pedir dicas aos mais experientes estão entre as dicas da entregadora.
Depois de conversar com a experiente Celina Martins e a estreante Thainar Araújo, elaboramos um guia com 10 dicas para viajar de moto pequena; confira.
Mais que uma simples viagem de motocicleta, o objetivo do Tour da Crosser, organizado pela Yamaha, é mostrar que não é preciso uma motocicleta de grande cilindrada – e de alto custo – para realizar viagens incríveis.
A quarta edição do Tour, realizada em outubro passado, virou documentário, que pode ser assistido na página oficial da marca no YouTube. A expedição de mais de 3.000 km teve como ponto de partida a cidade de Cuiabá, no Mato Grosso, cruzou as areias do Jalapão e os trechos off-road da Chapada dos Guimarães, Barra do Garça e Chapada dos Veadeiros, tendo como destino a cidade de Palmas, no Tocantins.