Avaliação: Yamaha Crosser 150 evolui para brigar com a Honda Bros 160
De olho no segmento de motos trail, o segundo mais popular do país, Yamaha acrescenta farol de LED, painel digital e tomada 12V na XTZ 150 Crosser 2023; assista o vídeo com o teste
6 minutos, 48 segundos de leitura
23/04/2022
Por: Arthur Caldeira
![2022_YAMAHA_CROSSER-18](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2022/04/2022_YAMAHA_CROSSER-18.jpg)
Os modelos trail, ou de uso misto, representam cerca de 20% do mercado brasileiro de motocicletas. Ficam atrás apenas dos modelos street, responsáveis por quase metade dos emplacamentos. De olho em uma fatia do segmento, a Yamaha renovou sua trail urbana, a XTZ 150 Crosser, para brigar com a líder do segmento Honda NXR 160 Bros, que passou por uma reformulação no ano passado.
Com 32.258 unidades emplacadas em 2021, a XTZ 150 Crosser foi a moto mais vendida da Yamaha e a sexta mais vendida do Brasil em 2021. A trail evoluiu para tentar repetir o feito neste ano e, quem sabe, roubar uma fatia da Bros.
Assim como a Honda, a Yamaha não fez grandes alterações mecânicas ou ciclísticas na nova Crosser. A principal mudança, aliás, é de cunho estético e prático.
A trail de 150 cc ganhou um novo conjunto óptico. Com luzes de posição e um projetor de LED ao centro segue a identidade visual de outros modelos da marca e melhora a visibilidade do motociclista. Afinal, o farol anterior, com lâmpada halógenas, não era lá dos mais eficientes.
A lanterna traseira também mudou. Ganhou uma forma retangular, que combina melhor com o design da moto, e também usa LEDS.
![nova-yamaha-crosser-150-azul](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2022/04/2023_CROSSER-2778-1024x683.jpg)
Outra novidade está no painel, que é totalmente digital, com fundo blackout. Bastante completo, tem até indicador de marcha e a função Eco, que avisa quando o condutor está pilotando de forma econômica.
Mas o grande diferencial perante às concorrentes está na instalação de uma tomada 12V de série, para carregar o smartphone. O acessório é popular entre os proprietários do modelo e bastante útil, principalmente para os entregadores que trabalham com a Crosser.
Confortável e valente
Aliás, os modelos de uso misto, como a Crosser, têm conquistado muitos motociclistas profissionais pelo conforto e robustez.
A posição de pilotagem ereta dos modelos trail e o largo assento da Crosser são mais confortáveis para quem passa o dia inteiro sobre a moto – e também para quem quer viajar por aí.
As suspensões de curso mais longo do que nos modelos street – 180 mm, na dianteira, e 160 mm, na traseira, no caso da Crosser – absorvem melhor as imperfeições do asfalto e “preservam” as costas do piloto. Funcionam tanto para enfrentar a buraqueira de nossas ruas, como para fazer uma aventura por uma estrada de terra, como foi o caso dessa avaliação da nova Crosser.
![](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2022/04/2022_YAMAHA_CROSSER-36-1024x683.jpg)
Saímos de São José dos Campos (SP), aos pés da Serra da Mantiqueira, rumo ao distrito de São Franciso Xavier, popular destino de montanha no interior de São Paulo para o teste da nova Crosser (veja o vídeo). É possível ir pelo asfalto, mas o roteiro optou por estradas de terra, conservadas pela prefeitura.
Reproduzindo assim um cenário comum no Brasil, onde mais de 80% da malha viária não é asfaltada, e um outro motivo para o sucesso das trails urbanas.
Uso misto
A receita de trail urbana, criada pela Honda Bros e seguida pela Yamaha Crosser, usa roda aro 19, na dianteira, ao invés do aro 21 das trails de puro sangue. Além de reduzir a altura do assento, a configuração busca equilíbrio entre agilidade no asfalto e robustez na terra. E faz isso muito bem.
Pode não ser o ideal para uma trilha pesada, mas em uma estrada vicinal de terra é o suficiente para superar buracos e pedras com mais desenvoltura do que as rodas aro 17 dos modelos street. Ajudam nessa tarefa, os pneus de uso misto.
No caso da nova Crosser, a Yamaha adotou o Levorin Dual Sport que me surpreendeu. Até mesmo em um trecho enlameado, manteve a aderência e transmitiu confiança nas curvas e em frenagens.
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Aliás, é justamente no sistema de freios que a Crosser se sobressai. Além de usar disco nas duas rodas, como a Bros, conta com sistema ABS na dianteira. E não há discussão: o ABS garante mais segurança do que o CBS, combinado que freia a dianteira quando você pisa no pedal de freio traseiro.
Outro ponto positivo da trail urbana da Yamaha é seu motor. Apesar da capacidade cúbica e dos números inferiores à Bros 160, o monocilíndrico de 149 cm³ parece não perder em desempenho para o modelo Honda.
O câmbio de cinco marchas bem escalonado contribui para a sensação de que o motor da Crosser está sempre cheio e oferece boas respostas ao acelerador. Sabe quando não é preciso nem reduzir uma marcha, para enfrentar uma ladeira, basta acelerar? Pois assim é o comportamento da Crosser.
Mas, vale dizer, que na estrada o motorzinho decepciona um pouco e sua velocidade máxima fica em torno de 115 km/h. Ele também sofre para manter velocidades acima de 100 km/h nas subidas.
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Por outro lado, o monocilíndrico da Yamaha “bebe pouco”. Embora não tenha medido o consumo nesse primeiro contato, na última avaliação que fiz, rodei 38 km/litro com gasolina, na cidade, e 35 km/litro, na estrada.
Como o tanque tem 12 litros de capacidade, é possível rodar mais de 400 quilômetros sem abastecer. De novo, boa autonomia para quem trabalha com a Crosser e também para quem quer viajar.
Disputa acirrada
Após mais de 100 quilômetros com a XTZ 150 Crosser, grande parte por estradas de terra, mas também por rodovias e na cidade, a trail da Yamaha provou que manteve suas qualidades e ainda ganhou equipamentos que podem pesar na decisão de compra do consumidor.
De cara, o farol de LED mais eficiente é um ponto a favor da Crosser. A tomada 12V, além de significar uma economia, já que o proprietário não precisará instalar o acessório depois de comprar a moto, é muito útil e prática. Mas, cá entre nós, poderia ser uma tomada USB, dispensando o uso do adaptador.
Quanto ao preço, há a o problema da discrepância entre o preço sugerido pelo fabricante e o preço praticado pelos concessionários, que inclui frete, seguro e a margem de lucro das lojas.
![](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2022/04/2022_YAMAHA_CROSSER-93-683x1024.jpg)
Como a produção da Yamaha e de quase todas as fábricas está abaixo do ideal para atender a demanda, faltam motos e as lojas cobram o que querem.
A Yamaha anunciou que o preço sugerido da nova Crosser 150 é de R$ 16.590, para a versão S, e R$ 16.790 para a Z. O valor não inclui o frete. Mas, para se ter uma ideia, no estado de São Paulo, o preço salta para R$ 17.160, na S, e R$ 17.368, na Z. Como o modelo só chega, de fato, às lojas no final de abril, ainda não é possível saber quanto vão cobrar por ela.
Já a Honda anuncia em seu site o preço sugerido de R$ 15.790, também sem frete, para a Honda NXR 160 Bros ESDD. Mas basta uma rápida pesquisa por telefone ou na internet para descobrir que é impossível comprar uma Bros por menos de R$ 18.400.
Não podemos esquecer da nova Haojue NK 150. Produzida pela empresa chinesa, antiga parceira da Suzuki, a trail começa a chegar às lojas, com preço sugerido de R$ 17.597. Seu motor, porém, não é flex e, embora tenha ABS na dianteira, como a Crosser, o freio traseiro é a tambor.
Em resumo, a briga no segmento de trail urbanas vai ser boa. Com mais modelos, aumentam as opções do consumidor que busca uma moto ágil no asfalto, mas confortável e valente para rodar na terra.
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