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Estudo mostra quem são e quanto ganham entregadores de app

Por: Arthur Caldeira . 26/04/2023
Mobilidade para quê?

Estudo mostra quem são e quanto ganham entregadores de app

Cerca de 68% dos profissionais são negros e 40% têm menos de 30 anos, revela pesquisa com as principais plataformas

3 minutos, 30 segundos de leitura

26/04/2023

Por: Arthur Caldeira

Estudo combinou dados fornecidos pelas principais plataformas de aplicativos e entrevistas feitas com profissionais. Foto: Marco Ankosqui

Com idade média de 33 anos, a maioria dos entregadores de app é negra e pertence às classes C ou inferiores, revelou a pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos”. O estudo foi feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) a pedido da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), com entrevistas com entregadores e motoristas, além de dados fornecidos pelas principais plataformas de aplicativos que atuam no Brasil.

O estudo combinou os dados quantitativos de corridas e entregas fornecidos por 99, iFood, Uber e Zé Delivery com entrevistas qualitativas de 3.025 motoristas e entregadores. Para André Porto, diretor executivo da Amobitec, o levantamento tem como objetivo auxiliar nas discussões sobre políticas públicas voltadas ao grupo de trabalhadores vinculados às plataformas de mobilidade e entregas. “Queremos qualificar a discussão pública”, declarou o executivo, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

Perfil dos entregadores

Pioneira no País, a análise revelou que existem 1.660.023 brasileiros trabalhando nessas plataformas – o levantamento considerou motoristas e entregadores de app que fizeram ao menos uma viagem entre agosto e novembro do ano passado.

Desse total, 385.742 eram entregadores que conduziam bicicletas e motos. A grande maioria desses profissionais é do sexo masculino (97%) e tem entre 30 e 49 anos (56%). Entretanto, uma parcela considerável tem menos de 30 anos (40%).

Quando analisada a escolaridade, 59% dos entregadores possui o ensino médio completo. Contudo, 11% do total não terminou o ensino fundamental.

O estudo do Cebrap também traçou o perfil racial e a cor dos entregadores. Enquanto 29% se diz branco, a maioria se declara parda (51%). A quantidade de negros (somatória de pretos e pardos) é de 68% entre os entregadores de plataformas.

 Já o recorte dos trabalhadores quanto à renda e à classe mostra que a maioria (81%) possui renda familiar mensal de até três salários mínimos. Dessa forma, com base no Critério Brasil, 83% dos entregadores pertencem às classes C ou inferiores.

Renda média depende da jornada

A pesquisa também traz informações sobre as características do trabalho dos entregadores. Quase 70% tinha alguma atividade econômica antes de ingressar na função atuando com as plataformas. Entre aqueles que já estavam trabalhando, 27% faziam entregas anteriormente e 45% mantiveram a ocupação prévia depois de iniciar com os apps.

É o caso de Jorge Aurino da Silva, 39 anos, que há 18 trabalha como motoboy em um restaurante. Desde a pandemia, viu nas plataformas uma forma de aumentar sua renda mensal. “Os aplicativos ajudam na renda no fim do mês. Mas o número de entregadores nas ruas aumentou muito”, diz Silva. Com a maior concorrência, o número de entregas e os ganhos diminuíram, segundo ele.

Porém, para 52% dos ciclistas e motociclistas, as plataformas representam a única atividade remunerada. Embora 66% dos entregadores declarem que não estão em busca de outro trabalho, 34% diz que procuram emprego – destes, 11% gostariam de encontrar outra ocupação para substituir o trabalho nos aplicativos.

Entregadores trabalham de 13 a 17 horas por semana. Foto: Marco Ankosqui

Já o rendimento líquido com os apps varia bastante, conforme o número de horas dedicadas e também de acordo com o tempo de ociosidade – ou seja, o período em que aguardam chegar novas entregas. As estimativas da pesquisa foram baseadas nos dados administrativos dos próprios aplicativos e também nas entrevistas.

Um entregador que tenha uma jornada de 40 horas por semana pode ganhar entre R$ 1.980 e R$ 3.039 por mês. Já os que trabalham 20 horas semanais, têm renda mensal entre R$ 807 e R$ 1.325.

Perfil dos entregadores de app

– 385.742 entregadores no País
– 97% é do sexo masculino
– 33 anos é a idade média
– 68% são negros
– 83% são da classe C ou inferiores

Características do trabalho nas plataformas*

– De 13 a 17 é a média de horas trabalhadas por semana
– 52% se dedicam exclusivamente aos apps

Renda média de um entregador

– 70% dos entregadores ganham entre 1 e 3 salários mínimos nas plataformas
– Entre R$ 1.980 e R$ 3.039 para jornadas de 40 horas – Entre R$ 807 e R$ 1.325 para jornadas de 20 horas

* Fonte: Pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas”, Cebrap e Amobitec/2023

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1 Comentário


  • Marco Vidal - 26/04/2023

    o estudo inclui os 80% que não tem o menor senso de civilidade não respeitando pedestres, leis de trânsito, educação, tornando a vida do cidadão insuportável. Eu mesmo, como pedestre, quase fui atropelado dezenas de vezes na faixa de segurança ou mesmo andando em uma calçada. Como motorista sou atormentado por buzininhas e ofendido por andar corretamente na minha faixa de trânsito, e mesmo seguindo regras de trânsito, como dar seta antecipadamente, o infrator da moto acelera e quebra o retrovisor, infelizmente essa falta de civilidade é o cancer da cidade. Coisa que a mídia não aborda, mas é algo que torna a cidade um inferno.

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