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Gasolina E30: o que muda para a sua moto?

Por: Arthur Caldeira . Há 4 dias
Meios de Transporte

Gasolina E30: o que muda para a sua moto?

Descubra o que a nova gasolina com 30% de etanol pode causar na sua moto; confira

5 minutos, 2 segundos de leitura

08/04/2025

Moto gasolina E30
Maior concentração de etanol na gasolina gera preocupação entre os motociclistas. Foto: Fxquadro/Adobe Stock

Em breve, deve chegar às bombas dos postos de combustível a nova gasolina E30. Com aumento do teor de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%, a nova gasolina E30 gerou dúvidas nos motoristas e nos motociclistas. Mas, afinal, o que muda na sua moto com a nova gasolina E30?

Muitos motociclistas ficaram preocupados que a nova gasolina com mais etanol pudesse comprometer o rendimento da moto ou até mesmo aumentar o consumo. Diversas notícias, com títulos exagerados e sensacionalistas, reforçaram o medo dos motociclistas de que a nova gasolina E30 pudesse destruir o motor da moto. Mas não é bem assim.

Criada pela Lei do Combustível do Futuro (14.993/24), a nova gasolina E30 faz parte da estratégia brasileira na ampliação do uso de biocombustíveis para acelerar a descarbonização e a transição energética no Brasil. Entretanto, antes de chegar ao mercado, o Ministério de Minas e Energia (MME) encomendou um estudo sobre a viabilidade técnica da gasolina com 30% de etanol.

Estudo atestou viabilidade da nova gasolina

Conduzida pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), a “avaliação da utilização do percentual de 30% do etanol anidro na gasolina em veículos leves e em motocicletas” teve seu relatório completo divulgado em 28 de março. O estudo confirma que a nova mistura, denominada E30, é viável do ponto de vista técnico e ambiental.

Os testes, conduzidos entre janeiro e fevereiro de 2025, envolveram 16 veículos leves e 13 motocicletas, analisando emissões de gases poluentes, dirigibilidade e desempenho. Como forma de testar a viabilidade da gasolina E30, os testes utilizaram três tipos de combustível. A gasolina E27, atualmente vendida nos postos, a futura E30 e, ainda, uma mistura ainda maior de etanol, com 32%.

Embora não revele a marca nem o modelo das motos, o Instituto Mauá selecionou motocicletas fabricadas entre 2004 a 2024, carburadas e injetadas e com cilindrada entre 100cc e 600cc. Ou seja, uma amostragem representativa das motos mais vendidas no Brasil.

Associação dos fabricantes vê ‘pontos de atenção’

De acordo com o estudo, algumas motos tiveram dificuldades na partida a frio com ambos os combustíveis. Sendo que três apresentaram mais dificuldade na partida com E32. Na conclusão, porém, o relatório afirma que as motocicletas apresentaram um comportamento similar com ambos os combustíveis nos ensaios de partida a quente, aceleração a quente, retomada e emissões.

Contudo, as dificuldades de partida de alguns modelos de moto fizeram com que a Abraciclo, associação dos fabricantes de motos, emitisse uma nota sobre o assunto. A associação acompanhou os estudos e afirmou que os “resultados e ensaios indicaram pontos de atenção”. O que gerou ainda mais preocupação para os motociclistas.

“Apoiamos essas iniciativas, mas a nossa preocupação é com o consumidor”, afirmou o diretor executivo da Abraciclo, Sergio Oliveira. Segundo ele, algumas motos demoraram mais para pegar com o combustível E32, ou seja, com 32% de etanol anidro adicionado à gasolina.

As motos apresentaram falhas com a gasolina E30?

Para entender melhor os resultados do estudo e o que muda para as motos com a gasolina E30, conversamos com o chefe da divisão de motores e veículos do Instituto Mauá, o Professor Renato Romio. De acordo com o engenheiro Romio, “para resumir em uma frase: ‘não muda nada para as motos'”.

Renato Romio esclarece que foram feitos testes de emissões de gases poluentes, dirigibilidade e desempenho com as motos. Nos primeiros testes de partida e percurso a frio, as motos eram submetidas a uma câmara fria até que o óleo lubrificante atingisse a temperatura de 0° C (zero graus Celsius).

O teste tinha como objetivo avaliar a capacidade de partida das motocicletas a baixas temperaturas, estabilização em marcha lenta e o comportamento no percurso a frio.

O resultado mostrou que as motos carburadas tiveram mais dificuldade para pegar. “Mas, analisando os resultados mais a fundo, algumas motos, já mais rodadas, tiveram dificuldade até mesmo com a atual gasolina E27”, esclarece Romio.

Motociclista de longa data e proprietário de uma scooter Suzuki Burgman 400 2003 carburada, o engenheiro diz que motos são mais sensíveis mesmo. “Até a minha, é preciso pegar o jeito para dar partida em dias mais frios”.

Desempenho das motos foi afetado?

Outra dúvida e preocupação dos motociclistas era se a nova gasolina E30 iria afetar o desempenho da moto. Segundo os testes do Instituto Mauá, nenhuma moto apresentou diferença significativa nos tempos de retomada. O teste avaliou o tempo de retomada entre 40 e 80 km/h.

Nos testes de aceleração, o objetivo era avaliar se a moto conseguia atingir o limite de dosagem do sistema de alimentação de combustível. Para isso, a moto acelerava de 0 a 60 km/h, no caso das motos menores, e de 0 a 100 km/h, nas motos maiores.

Nesse caso, algumas inclusive, tiveram melhor aceleração com a gasolina E30, afirma o estudo. “Mas, no fim, a diferença é muito pequena, imperceptível para o usuário”. Romio cita o fato de que ao nível do mar, as motos têm, em média, 10% mais potência do que na cidade de São Paulo. “Mas, por exemplo, ninguém vai para Santos, no litoral, e acha que sua moto está andando mais” Ou seja, as alterações são imperceptíveis.

Consumo das motos vai aumentar com a E30?

Outra preocupação dos motociclistas se referia ao consumo, pois o etanol tem menor poder calorífico, portanto consome mais. Os testes do Instituto Mauá mostraram isso, mas com uma variação praticamente insignificante.

De acordo com a conclusão do estudo, os valores de consumo de combustível foram de 1,1 a 1,8% menores com E30 em comparação ao E27. Por exemplo, se com a atual gasolina E27 sua moto roda 25 km/litro, com a nova E30 irá fazer 24,6 km/litro. “A diferença é tão pouca que nem o equipamento conseguiu medir em alguns casos”, concluiu Renato Romio.

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