O Brasil ocupa o 56º lugar no relatório de 2018 do Índice de Desempenho Logístico (Logistics Performance Index – LPI). Está atrás de países como a Malásia, a Tailândia, México e Vietnã, por exemplo, num total de 167 nações avaliadas. O estudo é um projeto interdisciplinar do Banco Mundial que busca pontuar os problemas e desafios do segmento em cada localidade.
Para quem atua no setor, esse resultado não chega a ser uma novidade: “O Brasil precisa reescrever sua matriz de transporte, que hoje está desbalanceada e ancorada no transporte rodoviário”, enfatiza o presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Pedro Francisco Moreira.
Ele defende a integração com outros modais, como o ferroviário e o hidroviário, para melhorar o sistema. “O caminhão deveria ser usado apenas para o destino final das cargas, em distâncias ao redor dos 500 quilômetros”, pontua.
O empresário Kleber Fontes, diretor comercial do Grupo Casco, que atua na área de comércio exterior, fala que um dos maiores desafios é a burocracia que retarda o fluxo das cargas para quem precisa receber ou enviar mercadorias para fora do Brasil.
Recentemente, Fontes conduziu a negociação entre uma companhia canadense que estava comprando equipamentos de construção civil de uma empresa brasileira. A carga total seria distribuída em 57 contêineres.
A carga, que saiu de Guarulhos, na Grande São Paulo, chegou em etapas ao Porto de Santos. E o processo de embarque levou sete dias úteis para se concretizar.
“Em outros países, o contêiner vai para o porto somente quando a documentação já está liberada, o que evita uma série de imprevistos e atrasos. Aqui é o contrário. A carga vai para o terminal de embarque e somente lá é feita a liberação”, observa.
Essa realidade vai na contramão das tendências vigentes nos países com grande atuação no comércio exterior. O professor Márcio de Almeida D’Agosto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Laboratório de Transporte de Carga, destaca que a tecnologia da informação tem dinamizado a integração das atividades logísticas.
Segundo ele, o acesso às informações em tempo real permite uma melhor efetividade da cadeia de suprimentos com um nível de segurança e compromisso com o cliente jamais visto.
“Além disso, novas tecnologias de propulsão, em particular a eletromobilidade, têm permitido que a movimentação de cargas seja mais eficiente em termos de uso de energia. Ou seja, com menor consumo de fontes esgotáveis de energia, como o petróleo e com emissão nula de poluentes atmosféricos”, observa.
Ao mesmo tempo em que a burocracia e situações externas atrapalham o segmento logístico, muitas empresas que atuam no setor estão investindo em tecnologia de ponta para minimizar esses entraves e se destacar no mercado. No Grupo Interalli – que atua nas áreas de automóveis, logística, energia e operações portuárias – praticamente todas as operações são automatizadas.
É do grupo um dos terminais de cargas líquidas mais modernos do Brasil, localizado no Porto de Paranaguá (PR). Toda a operação do empreendimento é feita por computadores e equipamentos que permitem a programação da carga desde a origem até o destino.
“Investimos em tecnologia para oferecer aos nossos clientes maior segurança e confiabilidade no processo”, afirma o empresário Fabricio Fumagalli, diretor do Grupo Interalli.