A Royal Enfield apresentou, na semana passada, a nova Meteor 350 ao mercado brasileiro. A motocicleta de média capacidade cúbica pretende ser opção de mobilidade urbana e com estilo clássico, a um preço acessível. A versão Fireball, de entrada, parte de R$ 17.990 e vai disputar um segmento no qual há poucas opções no mercado nacional.
“Ela praticamente não tem concorrentes”, acredita Claudio Giusti, diretor executivo da Royal Enfield no Brasil, referindo-se à ausência de modelos nessa faixa de cilindrada no mercado interno e mundial. Ainda mais com estilo retrô.
De acordo com o executivo, o lançamento será uma opção diferenciada para os consumidores que querem “evoluir” de cilindrada. “A Meteor 350 tem proposta de ser uma opção para o motociclista que quer fazer upgrade e sair dos modelos de 150 cc e 160 cc”, afirma Giusti.
Afinal, a marca de origem inglesa, mas que hoje pertence ao grupo indiano Eicher Motors, lidera o segmento de média capacidade, entre 250 cc e 750 cc, em todo o mundo.
A nova Meteor 350, nesse contexto, é estratégica para o objetivo de a empresa alcançar 10% de market share, nesse segmento, também no Brasil.
Apresentada no exterior em 2020, a Meteor 350 é o segundo projeto mundial da Royal Enfield, nessa nova fase de internacionalização da marca – em 2018, foi lançado um novo motor de dois cilindros e 650 cc, que equipa dois modelos, já à venda no País.
Desenvolvido do zero, o motor da nova moto é bem mais moderno e atual do que o antigo 350 cc, que era vendido no Índia. Embora tenha apenas um cilindro e arrefecimento a ar, traz um novo comando de válvulas no cabeçote e atende, com folga, às novas regras de emissão de poluentes BS6, que entraram em vigor, recentemente, na Índia, além das normas europeias e brasileiras.
Além do nome, a Meteor herdou o design cruiser de um famoso modelo da marca nos anos de 1950. Caracterizado pela posição de pilotagem confortável e pelo visual clássico, o estilo ficou conhecido aqui no Brasil como “custom”.
O design descompromissado se traduz em um assento baixo (a apenas 76,5 cm do solo), o que faz da Meteor uma boa opção para os iniciantes. As pedaleiras avançadas e o guidão curvado resultam em uma posição de pilotagem “relaxada”, perfeita para pegar estrada.
Desenvolvida em parceria com o centro técnico da Royal Enfield, inaugurado na Inglaterra em 2017, a Meteor tem chassi do tipo berço duplo e uma geometria projetada para equilibrar conforto em viagens, mas sem deixar de lado a agilidade no uso urbano. As rodas de liga leve são de 17 polegadas e calçam pneus sem câmara.
As suspensões são espartanas, mas funcionam bem. Tanto o garfo telescópico dianteiro como o sistema de amortecimento bichoque, na traseira, absorveram bem as imperfeições do asfalto durante o primeiro contato com a Meteor 350.
Há uma máxima entre os engenheiros de que o consumidor de motos compra potência, mas usa mesmo é o torque. Em um trajeto de cerca de 80 quilômetros entre São José dos Campos (SP) e São Bento do Sapucaí, na Serra da Mantiqueira, a nova Meteor 350 deixa isso claro.
A potência máxima de 20,2 cv a 6.100 rpm não impressiona e é até menor do que modelos concorrentes de 250 cc (leia quadro). Mas o torque de 2,75 mkgf já a 4 mil giros se destaca da concorrência. Na prática, o motor não gira alto e alcança o máximo de 120 km/h, mas seu bom torque faz com que o piloto possa rodar com tranquilidade na cidade, sem ter de usar muito o câmbio, de cinco velocidades, que tem engates suaves.
Não é preciso reduzir marcha ao diminuir a velocidade ou encarar uma ladeira: o monocilíndrico, com exatos 349 cm³, tem força para rodar em quarta marcha a 40 km/h. Vale destacar, ainda, o baixo nível de vibração do motor.
Também não se trata de nenhuma moto que ofereça alto desempenho. Pelo contrário. A Meteor 350 tem a proposta de ser um cruiser confortável e fácil de pilotar, seja na cidade, seja na estrada. Claro que falta um pouco de potência em rodovias rápidas, mas sobra diversão nas estradas sinuosas e de mão dupla da Serra da Mantiqueira, por exemplo.
Não foi possível aferir o consumo, mas, segundo dados da Royal Enfield no Brasil, a Meteor 350 roda cerca entre 28 e 30 km/litro de gasolina. Como seu tanque tem capacidade para 15 litros, a autonomia projetada supera os 400 quilômetros.
Se, por um lado, o desempenho do motor não impressiona, por outro, a parte ciclística se mostrou estável, tanto nas retas, ao atingir a velocidade máxima, como ao contornar curvas na trajetória desejada. Apesar de marcar 191 quilos (abastecida e pronta para rodar) na balança, a Meteor parece ser mais leve do que é.
Os responsáveis por essa estabilidade são o chassi rígido e a geometria da moto. Embora seja uma cruiser, o ângulo de cáster, ou seja, a inclinação do garfo dianteiro, é menor do que em outros modelos do mesmo estilo. Em resumo, um ângulo maior oferece mais estabilidade nas retas, enquanto ângulos menores deixam a moto mais ágil.
De acordo com os engenheiros da Royal Enfield, o modelo foi projetado para ser ágil no deslocamento urbano e estável em viagens. Na cidade, as mudanças de direção para “costurar” o trânsito são rápidas e fáceis; na estrada, o conjunto se mostrou estável até mesmo em curvas de alta velocidade.
O funcionamento dos freios também correspondeu às expectativas para um modelo desse porte. Os discos de freio, em ambas as rodas, pararam com segurança os 191 quilos do conjunto, mesmo quando exigidos ao limite. Ainda com a segurança do sistema antitravamento de dois canais, que atuam de forma independente na dianteira e na traseira.
Como em outros países, a nova Meteor 350 chega ao Brasil em três versões: Fireball, Stellar e Supernova. Apesar do nome pomposo e de aparentarem ser diferentes entre si, as três são essencialmente a mesma motocicleta.
Mudam apenas a pintura do tanque e carenagem, alguns acessórios e o preço, é claro. Mais “básica” de todas, a Fireball tem cores sólidas e motor e escapamento pintados de preto, pelo preço de R$ 17.990. Já a intermediária Stellar tem encosto para garupa (sissy bar), escapamento cromado e cores metálicas, por R$ 18.490.
A mais “enfeitada” é a Supernova, que vem com para-brisa, além do encosto. A versão feita para quem quer viajar ou curte mais acessórios também tem mais cromados, rodas usinadas e pintura do tanque em dois tons, por R$ 18.990.
Os valores não incluem o frete de R$ 1.000, tabelado para todo o Brasil, segundo Claudio Giusti, diretor executivo da Royal Enfield no Brasil.
O painel tem dois mostradores redondos, como manda o estilo clássico, mas esconde modernidade. No mostrador maior, há um velocímetro analógico e uma pequena tela digital, com marcador de combustível, indicador de marcha engatada, relógio e hodômetros.
Já o menor traz o inovador Tripper, um navegador curva a curva, baseado no Google Maps. Simples, porém genial, permite conectar o celular à moto, por meio de um aplicativo, disponível para Android e iOS. Depois de conectado, basta adicionar o destino desejado e receber as informações simplificadas no pequeno mostrador. Além de útil, é uma exclusividade em modelos dessa cilindrada.
Embora não tenha concorrente direta de 350 cc, e muito menos com o estilo clássico das cruiser, a Meteor vai disputar mercado com modelos urbanos de Honda e Yamaha, pela faixa de preço e por ser uma opção para quem sai das motos menores.
A Honda Twister tem apenas 250 cc e oferece 22,4 cv, mas possui estilo mais urbano e padronizado. Embora seu preço sugerido seja de R$ 17.020, para a versão com ABS, o modelo Honda é vendido, em média, por R$ 19.500, no Estado de São Paulo.
Outra moto nessa mesma faixa é a Yamaha Fazer 250 ABS. Com cerca de 20 cv de potência e o mesmo design urbano da Twister, o modelo da Yamaha também sai por cerca de R$ 19.500.