Imprudência de motociclistas preocupa a sociedade
Estudo revela que não usar o capacete é o comportamento perigoso mais percebido pelas pessoas
Se por um lado as motos permitem chegada mais rápida aos destinos desejados, por outro há o receio de que seus condutores extrapolem os limites e cometam infrações de trânsito que resultem em multas e acidentes. Essa percepção foi identificada no levantamento realizado pelo Grupo Tecnowise, especializado em soluções para o trânsito, com base em monitoramento recente de 1 mil relatos no twitter de motociclistas e da sociedade em relação ao comportamento deles no trânsito.
A imprudência aparece como o fator mais preocupante, de acordo com a pesquisa, com 20% das citações totais. Entre os principais comportamentos considerados imprudentes e que foram mencionados, está a falta do uso de capacete (30%), que lidera a lista. Logo a seguir, vêm o ato de empinar a motocicleta (18%), excesso de velocidade (10,8%), embriaguez (10,8%) e condições inadequadas da motocicleta (6%).
Avaliação dos especialistas
De acordo com José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), alguns comportamentos dos motociclistas podem ser entendidos como atos de afirmação dentro da categoria. “Mas essa não é a única motivação. Há diversas outras, como pressão por entregas cada vez mais rápidas no caso dos motociclistas que atuam profissionalmente e atos de imprudência de maneira geral”, diz.
Segundo Roberta Torres, especialista em segurança no trânsito, parte desses comportamentos perigosos tem relação com o excesso de confiança dos motociclistas. “Por ser um meio de transporte rápido, muitos condutores confundem agilidade com excesso de velocidade. Quanto mais os limites são extrapolados sem danos, maior é a sensação de que tudo está sob controle. Esse tipo de conduta põe em risco a vida de muitas pessoas no trânsito”, analisa.
Falta capacitação adequada
O excesso de confiança não é o único fator, segundo Roberta. “Muitos desses condutores têm suas motocicletas como fonte de renda e começam cedo a atuar como profissionais de entrega. E o primeiro problema surge quando eles vão à autoescola somente para obter a habilitação”, diz.
De acordo com outro estudo, batizado de Desvendando a GIG Economy e realizado pela Younder, empresa que desenvolve treinamentos para a área de mobilidade, 44,7% dos motoristas que trabalham com aplicativos ou com entregas em motos ou bicicletas afirmam não ter recebido nenhum tipo de treinamento para prestar esses serviços.
O próprio processo de habilitação no Brasil é visto como preocupante pela especialista de trânsito. “Ele é defasado e não oferece o treinamento adequado para enfrentar as adversidades cotidianas”, diz. O cenário ideal, segundo ela, “seria o desenvolvimento de ações e campanhas durante todo o ano, com uso da tecnologia como facilitadora na divulgação e na conscientização”, finaliza Roberta.
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