Mulheres ao guidão
Sônia Harue Ando foi recém-promovida ao cargo mais importante da Kawasaki no Brasil
4 minutos, 7 segundos de leitura
06/04/2022
Desde 1º de março, quem está “pilotando” a Kawasaki Motores do Brasil é uma mulher. Sônia Harue Ando, 58 anos, foi promovida ao cargo de diretora comercial & marketing da fabricante japonesa no País, em que ocupava, desde 2018, o cargo de gerente comercial.
A promoção vai ao encontro das políticas da Kawasaki de incentivar o empoderamento feminino na indústria automotiva e colocar mulheres em cargos de liderança. Segundo pesquisa recente da BR Rating, apenas 3,5% das empresas têm CEOs mulheres. Somente 16% contam com representantes do sexo feminino em cargos de diretoria, como é o caso de Sônia, na Kawasaki
Apaixonada por motos desde jovem, ela comemora poder trabalhar com o que ama. “São poucas as pessoas que possuem essa possibilidade. Ter a oportunidade de crescer profissionalmente dentro de uma multinacional tão admirada no meio motociclístico é motivo de muito orgulho”, comenta.
Formada em história, mas com larga experiência no setor de telecomunicações e em gestão, a executiva tem uma carreira que soma 13 anos na Kawasaki no Brasil. Entrou no departamento de crédito e cobrança da subsidiária nacional e, hoje, é a mais alta executiva brasileira da fabricante japonesa no País.
Com unhas pintadas no tom do verde da Kawasaki, Sônia conversou com o Mobilidade sobre os desafios de atuar em um ambiente, predominantemente, masculino e sobre o futuro da empresa, que anunciou sua intenção de ter dez modelos elétricos ou híbridos, incluindo o desenvolvimento de uma motocicleta movida a hidrogênio até 2025.
Como tem sido trabalhar nesse meio, dominantemente, masculino?
Sônia Harue Ando: Fiquei muitos anos na Telesp, e, na minha área, havia apenas cinco mulheres e 80 homens. Então, eu já estava acostumada a conviver com muitos homens no escritório. Sempre respondi ao machismo com meu trabalho. Penso que as mulheres são mais determinadas. Também sou assim. A quem duvida da minha capacidade respondo com mais dedicação. Claro que o machismo incomoda, mas, depois de tantos anos, já tenho um time que confia em mim e acredita no meu trabalho.
Qual balanço você faz de sua trajetória na empresa?
Sônia: Todos aprendemos com nossos erros e acertos. Aqui, na Kawasaki, não foi diferente. Fui evoluindo junto com a empresa. Temos uma fábrica no Brasil e fomos os primeiros a montar as motos off-road em Manaus (AM), além das motocicletas de rua. Desde quando cheguei a gerente comercial, embora tenha sido uma surpresa para alguns, os resultados apareceram e as vendas foram crescendo.
Nem mesmo durante a pandemia, a gente desistiu. Apesar do susto, no primeiro momento, fomos nos adaptando, construindo uma plataforma de vendas online, mas nunca desistimos. Acredito que o isolamento social acabou dando um empurrãozinho nas vendas, porque as pessoas descobriram que a moto é uma excelente maneira de se divertir.
Segundo dados do Denatran, há mais de 8 milhões de mulheres motociclistas. Vocês também têm percebido esse maior interesse delas por motos?
Sônia: Com certeza. Além das vendas, noto isso no dia a dia. Em março, participei de um evento com mulheres motociclistas em São Paulo (SP), e foi muito legal encontrar muitas delas que andam de moto para trocar experiências e falar da nossa paixão. Eu acho o máximo que a mulherada está pilotando cada vez mais.
A Kawasaki, recentemente, anunciou uma mudança na sua estrutura organizacional. A divisão de motos se tornou mais independente do conglomerado Kawasaki?
Sônia: Acredito que será muito boa, pois tornará as decisões mais ágeis. A Kawasaki Heavy Industries é muito grande. A Motor Company é uma pequena parte do negócio. Então, antes, qualquer decisão precisava passar por muitas pessoas. Além disso, o primeiro presidente da Kawasaki no Brasil é, agora, o presidente da Kawasaki Motor Company, o que é muito bom para nós.
Além dessa mudança, a marca anunciou a ambiciosa meta de entrar para valer na eletrificação dos seus modelos. Isso também deve acontecer no Brasil?
Sônia: A Kawasaki gosta de desafios, de correr atrás do diferente. Como prova a Ninja H2 [a primeira moto com supercharger no mundo]. A meta é realmente ambiciosa: ter dez novos produtos eletrificados até 2025. Sei que estão trabalhando, firmemente, para isso, inclusive para uma moto híbrida e a hidrogênio.
Inevitavelmente, essas motos devem chegar ao Brasil, claro. Não no mesmo tempo que no exterior, por causa das limitações de infraestrutura, entre outras dificuldades. Mas, uma hora, esses modelos estarão rodando por aqui, com certeza. (A.C.)
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários