BRT Goiânia_Prefeitura de Goiânia
Nos últimos anos, o transporte público por ônibus de Goiânia, capital de Goiás, tem se destacado. Entre os motivos está o fato de que a cidade é uma das únicas do Brasil a superar a quantidade de passageiros do período pré-pandemia, índice que hoje está em 110%, além de alcançar reduções significativas nos tempos de deslocamento dos usuários.
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À frente de todos esses indicadores está a implementação de um conceito chamado metronização. Para explicar o contexto da cidade, como ele funciona na prática e seus resultados, o Mobilidade Estadão conversou com Francisco Tarcísio Ribeiro de Abreu, secretário de engenharia de trânsito de Goiânia. Confira a conversa, a seguir.
Esse conceito nasceu em Goiânia, da busca por uma solução semelhante ao metrô para o transporte público por ônibus. A ideia era ter o mesmo que o metrô – que para somente nas estações para embarque e desembarque de passageiros e, no restante do trajeto, tem trânsito livre – só que nos ônibus. Então, levamos essa mesma lógica para os BRTs [Bus Rapid Transit, ou transporte rápido por ônibus na tradução para o português].
Então, na capital de Goiás começamos com o primeiro trecho do BRT Leste-Oeste e o segundo trecho do BRT Norte-Sul, tornando o trânsito livre nos cruzamentos, tanto os semaforizados quanto os cruzamentos das vias dentro da cidade. Em ambos, contudo, os ônibus têm prioridade, podendo funcionar de várias várias formas, podendo ser por Tag, pelo ITS instalado dentro do veículo, entre outras maneiras.
Assim, vimos que tínhamos uma oportunidade de metronizar o BRT, dando para a capital Goiânia e para a região metropolitana prioridade no transporte público por ônibus. É praticamente um ‘metrô sobre rodas’, digamos assim.
Vale lembrar que o BRT Norte-Sul teve um processo de construção, de reforma e de entrega muito longo. Assim, para cuidar dessa questão do orçamento público e dar uma resposta para a população, decidimos fazer o melhor uso possível dessa infraestrutura que foi criada, dando uma condição mais moderna, inovadora e com inteligência artificial. Isso é exclusividade de Goiânia, começou aqui e agora estamos expandindo para toda a estrutura do BRT.
Na verdade usamos um conjunto de tecnologias. Primeiro, todo cruzamento das vias recebe câmeras, que fazem a leitura e a contagem da volumetria dos veículos. Então, em primeiro lugar é elaborado um estudo, um acompanhamento, para termos a volumetria em cada cruzamento.
Porque é isso que determina o tempo semafórico, para que não se criem gargalos que atrapalhem o trânsito da cidade. Então, com a prioridade no semáforo para o transporte público, a partir do momento que o ônibus chega, sai da estação e chega no cruzamento, ele tem prioridade, mas sem trazer transtornos nem engarrafamento para as ruas adjacentes nem para os cruzamentos.
Também há tags instaladas dentro dos ônibus que conversam com um parque semafórico totalmente modernizado, que opera com inteligência artificial.
Dessa forma, esse parque envolve tanto a questão do semáforos como os controladores de toda a estrutura semafórica, que foi toda substituída e modernizada na cidade. É isso que permite comunicação e conectividade a partir do momento que o ônibus começa a transitar nesse corredor, e que garante prioridade a esses veículos.
Em Goiânia começamos a implantar a metronização em um trecho do BRT Leste-Oeste, do terminal Novo Mundo até o Terminal da Bíblia, esse foi o primeiro trecho. Com nove cruzamentos, antes ele tinha média de velocidade entre 14 a 15 km/h, com 4 a 5 paradas durante o pescurso.
Hoje, contudo, estamos alcançando uma velocidade média de 22 km/h. Fora do horário de pico, entretanto, a velocidade pode chegar até 25 km/h, o que representa um ganho acima de 30% de eficiência do sistema. Todos esses nove pontos são monitorados, acompanhados e controlados por essa inteligência artificial o tempo todo.
Quem se beneficia diretamente é o usuário do transporte público. E, nesse âmbito, sabemos que o usuário pede menor tempo de espera, uma viagem mais rápida e uma infraestrutura de qualidade. Então esses são os três grandes pedidos de qualquer usuário do transporte público hoje.
Dessa forma, estamos entregando exatamente esses três pontos. Nós tivemos reforma de todas as estações e dos terminais, que estão passando por uma importante reestruturação de infraestrutura. Nossa frota também é nova, frota Euro 6 e ônibus elétricos, que já circulam dentro da cidade.
E o menor tempo de espera pelo usuário gera mais produtividade para o sistema. E entendemos que esse é um modelo perfeito para o transporte público. Então, a metronização traz uma nova realidade para os passageiros do transporte público.
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