O que uma espada de samurai, muletas, uma coleção de moedas e algumas dentaduras têm em comum? | Mobilidade Estadão |

Buscando sugestões para:


Publicidade

O que uma espada de samurai, muletas, uma coleção de moedas e algumas dentaduras têm em comum?

Por: Fellipe Gualberto . Há 4 dias
Mobilidade para quê?

O que uma espada de samurai, muletas, uma coleção de moedas e algumas dentaduras têm em comum?

Confira outros itens curiosos esquecidos no metrô de São Paulo e saiba como resgatar seus objetos no Achados e Perdidos da Estação Sé

5 minutos, 49 segundos de leitura

30/10/2024

No armário de reserva do museu, figuram algemas de verdade, um soco inglês, várias dentaduras e um grande brinquedo sexual. Foto: Fellipe Gualberto

No Achados e Perdidos do Metrô de São Paulo, um pênis de borracha, com cerca de 20 cm, divide espaço com uma imagem sacra de São Longuinho, o santo católico que tem fama de ajudar fiéis a encontrar objetos perdidos em troca de três pulinhos.

Esses são apenas alguns dos mais de 400 objetos que chegam ao local todos os dias. Entre os mais recorrentes, estão chaves, documentos, cartões de banco e celulares. Por outro lado, entre as bizarrices, estão dentaduras, próteses de perna, uma coleção completa de moedas comemorativas das Olimpíadas de 2016 e amostras de petróleo.

Coleção de moedas conta com encarte descrevendo cada uma das artes. Foto: Fellipe Gualberto/Estadão

Os objetos curiosos são tantos que o novo posto do Achados e Perdidos do Metrô, inaugurado em 17 de outubro na Estação Sé, que atende às Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, ganhou um museu. A vitrine exibe uma coleção de itens atípicos e promete rotatividade, já que dentro do posto há um armário repleto de itens incomuns, apenas esperando sua vez de ir à exposição.

Leia também: Fim do aperto? Metrô cria sistema que pode evitar vagões lotados

Por trás da portinha vermelha

Abrindo uma portinha vermelha ao lado das catracas da Estação Sé, Rodrigo Mori, que há cinco anos é supervisor da Central de Achados e Perdidos, nos recepciona no novo posto do Metrô.

O espaço é repleto de armários deslizantes, móveis que chegaram há pouco tempo e, de acordo com ele, são de grande ajuda, pois, além de armazenarem mais itens em menos espaço, tornaram mais fácil o trabalho dos colaboradores, que, em sua maioria, são pessoas com deficiência ou problemas de saúde, funcionários do Metrô que foram realocados para o setor.

Logo na entrada, uma bicicleta estilosa e de alto custo está encostada perto da porta: “veio da Linha 4-Amarela hoje”, contam os funcionários. Ao tentar tirar uma foto, fui repreendido: “Se você publicar essa imagem, vai chover gente dizendo que é dono da bike”.

Checando os armários, é possível encontrar gavetas repletas de celulares. “Eles representam uma quantidade expressiva dos itens perdidos, de 60 a 80 por mês, mas também têm a maior porcentagem de devolução, de 50% a 60%”, conta Mori. Ele ainda brinca dizendo que os aparelhos têm mais devolução do que RGs ou CPFs.

Em 2024, 53 mil itens foram perdidos e 15 mil retornaram para seus donos, cerca de 29%. Foto: Fellipe Gualberto/Estadão

Mais ao fundo, um balde cheio de muletas fica encostado na parede. Ao lado dele, estão diversos objetos em pacotes, que em breve irão para doação. Eles permaneceram no Achados e Perdidos por mais de 60 dias e ninguém os procurou. Por isso, irão para o Fundo de Solidariedade.

Mori ainda conta um caso histórico, no qual uma passageira foi ao posto e pediu de volta uma bicicleta que tinha perdido há um ano. Quando soube do prazo máximo de dois meses, ameaçou a processar o Metrô de São Paulo.

O caminho de um objeto perdido

Espada de samurai e uma pilha de discos de vinil são parte do acervo que no futuro irão para exposição no museu. Foto: Fellipe Gualberto.

O posto da Estação Sé recebe os itens das Linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, administradas pelo Metrô, e também da Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro. Um objeto perdido nessas linhas pode ser entregue a um dos funcionários ou coletado durante uma ronda. Em seguida, o item recebe um cadastro inicial na própria estação.

“Uma vez por semana, os objetos são transportados da estação onde foram encontrados para a central, onde fazemos o arquivamento e a busca ativa”, conta Mori. Durante o processo de arquivamento, os funcionários do Metrô descrevem as características dos objetos e inserem os dados no site oficial do serviço.

Se o item tiver o nome ou identificação do passageiro, é possível consultá-lo via internet. Os objetos sem nome, por outro lado, precisam de consulta presencial e descrição da pessoa que os perdeu. O interessado também deve fornecer algumas informações, como a linha em que o item ficou.

Por fim, se ninguém reclamar do objeto por 60 dias, o item irá para descarte. Em primeiro lugar, os objetos em bom estado vão para o Fundo de Solidariedade. Os documentos pessoais seguem para o órgão emissor. Demais itens, como remédios ou aqueles que não interessam ao Fundo de Solidariedade, vão para o lixo.

Mori ainda detalha que o Fundo de Solidariedade “recebe muitos objetos, mesmo de descarte. Eles fazem leilões de inservíveis, então juntam itens que recebem não só do Metrô. Eles revertem os valores obtidos para as causas que apoiam”.

Busca ativa no Achados e Perdidos do Metrô

Com a renovação que ocorreu em 17 de outubro, o Achados e Perdidos do Metrô recebeu novos computadores e telefones, além de um sistema de pesquisa integrado com a SPTrans, que permite buscar os donos dos objetos.

“Documentos pessoais, por exemplo, fornecem dados para pesquisarmos o dono no cadastro da SPTrans. Às vezes, encontramos itens com referências, por exemplo, um telefone de um amigo, contato de um médico, um banco… Tentamos qualquer contato”, explica Mori.

O supervisor afirma que, até dois dias depois de receber um objeto, a equipe do Achados e Perdidos faz um verdadeiro trabalho de detetive, buscando o dono pelas redes sociais, tentando contato pelo WhatsApp, com parentes e usando qualquer identificação como pista. Por fim, em último caso, o Metrô envia uma carta física, caso o passageiro recuse todas as outras formas de contato e os funcionários descubram o endereço.

“As devoluções com busca ativa sempre existiram, mas se intensificaram em 2021, depois da pandemia”, conta Mori. De acordo com ele, atualmente 50% dos objetos são devolvidos quando passageiros comparecem ao posto procurando pelos itens, e outros 50% dos donos são encontrados graças às buscas ativas.

Serviço, achados e perdidos do Metrô e CPTM

O transporte sobre trilhos de São Paulo possui quatro postos de Achados e Perdidos:

  • Achados e Perdidos Estação Sé: Atende as Linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 4-Amarela, funciona de segunda a sexta, das 7h00 às 20h00, exceto feriados. Telefone: 0800-770 7722
  • Achados e Perdidos Estação Adolfo Pinheiro: Atende a Linha 5-Lilás, funciona de segunda a sexta, das 07h00 às 19h00. Telefone: 0800-770-7106.
  • Achados e Perdidos Estação Osasco: Atende as Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, funciona de segunda a sexta, das 07h00 às 19h00. Telefone: 0800-770-7106.
  • Achados e Perdidos Estação Palmeiras-Barra Funda: Atende todas as linhas da CPTM, funciona de segunda a sexta, das 08h00 às 16h00, exceto feriados. Telefone: 0800-055-0121

De 1 a 5, quanto esse artigo foi útil para você?

Quer uma navegação personalizada?

Cadastre-se aqui

0 Comentários


Faça o login