“Isso acontece, em média, 35 minutos mais cedo do que registramos na Cidade do México”, diz Ziv Kabaretti, vice-presidente para produtos do Moovit. “E 32 minutos antes do que ocorre em Buenos Aires, capital da Argentina”, acrescenta o executivo.

O estudo da Moovit, divulgado com exclusividade pelo Mobilidade Estadão, revela ainda que São Paulo também se destaca em relação a outras cidades brasileiras. Em média, a população paulistana começa a buscar por informações sobre transporte público na plataforma entre 20 e 25 minutos antes que os usuários da Moovit do Rio de Janeiro e de 22 a 25 minutos mais cedo que os passageiros de Brasília (DF).

Tempo no transporte

Para a arquiteta e urbanista paulista Marina Pereira, uma das razões que explica esse resultado está relacionada ao tempo de deslocamento na capital paulista.

“De acordo com pesquisa da Rede Nossa São Paulo feita em 2024, o paulistano gasta em média 2h25 por dia no transporte, para usuários de transporte público, esse tempo aumenta para 2h47. Portanto, esse é o tempo que precisa ser levado em consideração para evitar atrasos”, diz Marina.

A baixa confiabilidade e a imprevisibilidade no itinerário do transporte público também contribuem para que muitas pessoas saiam tão cedo de casa.

“Na cidade de São Paulo, contudo, ainda há muita imprevisibilidade no transporte. Em algumas regiões é possível verificar o tempo de viagem e de chegada do ônibus com mais exatidão. Em lugares mais distantes e de menor renda, porém, essas informações são escassas”, acrescenta a urbanista.

Movimento pendular no transporte público

Marina lembra que há, ainda, outros fatores que podem impactar nesse sentido, como a população residir muito distante dos locais de trabalho e se deslocar diariamente, fenômeno conhecido como movimento pendular.

“Dessa forma, a cidade de São Paulo ainda é marcada por uma organização onde os empregos e serviços se concentram em regiões específicas, obrigando deslocamentos mais longos a partir de bairros periféricos. E morar próximo a eixos de transporte coletivo é caro e inacessível para grande parte das pessoas”, conclui.

Ela lembra que esse cenário tem consequências muito negativas. “Para a sociedade sobra menos tempo para estudo, saúde, lazer e outras atividades. Além do cansaço e estresse da população, com impactos na produtividade, no bem-estar e até na saúde física e mental. A perda também é econômica, com queda na produtividade, aumento de atrasos e absenteísmo”, explica.

Para Marina, a solução passa por uma descentralização dos postos de trabalho e serviços para outras regiões da cidade, além de investimentos em redes de transporte de massa. “É preciso investir e incentivar o uso de transporte coletivo e de modos ativos, além de melhorar a integração tarifária e física entre modais. O poder público precisa reconhecer que gastar cerca de 2h diárias no transporte não é algo normal e gera impactos sociais e econômicos significativos”, finaliza.

4h45

A partir desse horário, as buscas por viagem de transporte público começam a se intensificar em São Paulo:

• 35 minutos: em média, antes o que ocorre na Cidade do México;
• 32 minutos antes do que foi registrado em Buenos Aires.

Fonte: Moovit

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