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Regras mais rígidas reduzirão poluição das motos pela metade

Por: Arthur Caldeira . 19/12/2023
Meios de Transporte

Regras mais rígidas reduzirão poluição das motos pela metade

Quinta fase do programa de controle de emissões em veículos de duas rodas obrigará fabricantes a renovar todos os modelos no próximo ano

4 minutos, 21 segundos de leitura

19/12/2023

Honda Sahara 300 já atende ao Promot 5
Nova Honda Sahara 300, lançada neste ano, já atende ao Promot 5. Fotos: Divulgação/Honda

Criado em 2003, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares, conhecido pela sigla Promot, chegou à sua quinta fase, em janeiro deste ano. Com os novos limites, a emissão de monóxido de carbono (CO) pelas novas motocicletas e similares caiu pela metade. Caiu de 2 g/km para 1 g/km. O mesmo nível das normas mais avançadas do mundo, como as da União Europeia.

Além da redução do temido monóxido de carbono, a regra reduziu os limites de emissão de hidrocarbonetos em 82% e os de óxidos de nitrogênio em 54%. O Promot 5 também introduziu limites para a emissão de hidrocarboneto não metano – gás decorrente de combustível não queimado completamente na combustão e não eliminado pelo catalisador.

“Nessa nova fase, o programa também visa reduzir os gases liberados pelo tanque de combustível quando a moto está parada, além de determinar o aumento na durabilidade do sistema de emissão e exigir a introdução de um equipamento de diagnóstico de bordo”, acrescenta Sérgio Oliveira, diretor executivo da Abraciclo, associação que reúne os fabricantes de motocicletas.

Limites para gases evaporativos do tanque

A nova regra estabelece limites para as emissões evaporativas dos combustíveis no tanque. “Tão ou mais nocivas do que os gases emitidos pelo escapamento, as emissões evaporativas precisam, agora, passar pelo cânister, que tem um filtro de carvão ativo para filtrar esses gases”, explica Luiz Gustavo Guereschi, supervisor de relações públicas da Honda Motos.

Até então, as motos não contavam com tal filtro nem com o cânister. Com isso, os modelos de baixa cilindrada, por exemplo, poluíam o ar até mesmo quando estavam estacionados.

Cânister e o filtro de carvão ativo irão filtrar os gases que saem do tanque de combustível

Outro ponto destacado pelas fabricantes é o tal sistema de diagnóstico de bordo. Conhecido também pela sigla OBD (do inglês on board diagnosis), tem como objetivo alertar o condutor sobre problemas no controle de emissões da moto. Outra serventia poderá ser a utilização como método de verificação em programas de inspeção veicular.

“Esse sistema alerta o condutor de que há algum problema nos sensores ou no sistema de emissões, mas não apontam a causa”, esclarece o supervisor de relações públicas da Honda. Alertado sobre o problema, o motociclista deve levar sua motocicleta a uma concessionária ou mecânico de confiança para que um aparelho faça a leitura e descubra qual a falha.

Normas devem acelerar lançamentos

A obrigatoriedade da instalação do OBD se dá em duas etapas. Na primeira, o OBD M1, mais simples, já é exigido na homologação de novos modelos, desde janeiro deste ano. Já o sistema OBD M2, mais avançado, irá equipar, a partir de 2025, os novos modelos. Já, a partir de 2027, em todos os veículos motorizados de duas rodas. Os requisitos para esses sistemas seguem a legislação europeia, emborta tenham sido adaptados às condições específicas do Brasil.

“É preciso se atentar, porém, para o parágrafo quinto do Artigo 10. Ele diz que, a partir de 1º de janeiro de 2025, não serão admitidas homologações de veículos com OBD M1”, alerta o diretor executivo da Abraciclo.

Esse detalhe técnico deve impulsionar as fabricantes a apresentar novos modelos, que atendem ao Promot 5, antes do próximo ano. Caso contrário, as fabricantes terão de instalar sistemas de diagnóstico mais avançados e caros para homologar suas motos.

Justamente por isso, o próximo ano deverá ter muitas novidades para os motociclistas. Durante coletiva de imprensa no Festival Interlagos, em junho passado, Marcelo Langrafe, diretor comercial, anunciou que a Honda irá lançar dez novas motos até 2025. Segundo ele, “isso permitirá fortalecer a presença da marca em todos os segmentos e a modernização da linha de produtos”.

Outras fabricantes, como a Yamaha, também terão de atualizar seus modelos para atender às novas regras. Os lançamentos devem se concentrar em modelos de menor cilindrada e maior volume, vendidos no Brasil. Isso porque muitas das motos de maior cilindrada, vendidas em outros mercados, como o europeu, já atendem à Euro 5, norma equivalente ao Promot 5.

Motos mais modernas e menos poluentes

Aliás, a evolução das normas de emissão de poluentes para motocicletas também deve significar um aumento de preço nas motocicletas. Afinal, serão mais modernas e menos poluentes, segundo os fabricantes.

Apesar do alto investimento e do aumento no preço das motos, a Abraciclo avalia o Promot como um programa bem-sucedido após 20 anos da sua implementação. Principalmente, por reduzir drasticamente a poluição no ar causada pelos veículos de duas rodas.

De acordo com estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em 2003, na primeira fase do programa, uma motocicleta emitia 390 quilos de monóxido de carbono na atmosfera por ano. Já um modelo que atende ao Promot 5 libera somente 30 quilos anualmente.

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