Melhor formação para motofretistas
Iniciativa do governo de São Paulo, em parceria com Detran-SP e fabricantes de motos, busca capacitar profissionais que queiram exercer a profissão
Juntamente com o crescimento na venda de motocicletas, aumentam também, infelizmente, acidentes e ocorrências envolvendo os condutores desse tipo de veículo. No primeiro trimestre de 2022, houve 445 óbitos de motociclistas em acidentes no Estado de São Paulo, segundo dados do Infosiga-SP, o que representa 5% a mais de vítimas fatais, em comparação ao mesmo período de 2021.
“O maior número dos acidentes com motos está ligado ao crescimento do delivery e das entregas, principalmente, por aplicativos”, afirma Paulo Takeuchi, diretor executivo da Abraciclo, associação que reúne os fabricantes de motocicletas e bicicletas do País. Para tentar reduzir essas ocorrências, o governo de São Paulo e o Detran-SP criaram, em setembro de 2020, o Programa Motofretista Seguro. A iniciativa tem como objetivo aprimorar e regularizar a atividade.
Além de cadastrar e regulamentar a documentação dos motociclistas, o programa oferece curso avançado para o motociclista que já atua ou pretende exercer a atividade. O curso é composto por 25 horas de aulas teóricas, por uma plataforma de educação a distância (EAD) e mais cinco horas práticas com a moto, com exercícios de aperfeiçoamento e práticas de segurança no trânsito.
O participante do Motofretista Seguro tem custeado o valor de R$ 160, referente ao curso básico, para se profissionalizar e ainda tem a oportunidade de ganhar uma bolsa de R$ 210, desde que cumpra as 30 horas de curso remoto de atendimento delivery. São mais de 25 mil vagas oferecidas em mais de 20 cidades da região metropolitana e do interior, além da capital paulista. Cerca de 500 motociclistas já se formaram no curso.
Entregadores de apps estão de fora
A Abraciclo, que elaborou o currículo da parte prática do curso, elogia a iniciativa do Detran-SP. “É importante qualificar o profissional motofretista para reduzir acidentes”, acredita Takeuchi. O diretor executivo da Abraciclo, porém, lamenta que o Programa Motofretista Seguro não englobe também entregadores de aplicativos, que não precisam se regularizar como motofretista para trabalhar nas plataformas.
O motofrete é profissão regulamentada desde 2012 e exige do condutor ter mais de 21 anos de idade, dois anos de CNH na categoria A, entre outros quesitos, para exercer a profissão. Pesquisas da Abraciclo revelam que só 15% dos acidentes com motos envolvem motofretistas profissionais. Os demais, ou seja, 85%, acontecem com motociclistas comuns e entregadores de aplicativos.
Takeuchi ainda não diz ser contra os apps de entrega, mas defende que seja achada uma forma de regularizar esses motociclistas e oferecer algum tipo de formação a eles.
Formação deve mudar
A Abraciclo tem colaborado na elaboração da nova formação para motociclistas, que deverá mudar nos próximos anos. “O exame para eles é o mesmo desde 1980. Precisa se atualizar”, defende Wilson Yassuda, consultor de segurança viária da associação.
Segundo Yassuda, a proposta para modernizar a formação dos condutores em geral, não apenas de motociclistas, já passou por consulta pública e deve começar a ser debatida nas câmaras temáticas da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran, órgão que substituiu o antigo Denatran), a partir do próximo ano.
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