Pneus remoldados em motos são inseguros e ilegais
Além de colocar em risco a segurança dos motociclistas, o uso em veículos de duas ou três rodas é proibido por lei
Desde o início da pandemia, em 2020, a motocicleta se consolidou ainda mais como uma das protagonistas no transporte urbano. Até abril deste ano, foram emplacadas 382.497 motocicletas – aumento de 27,40%, na comparação com o mesmo período do ano passado. “Serviços de delivery, e-commerce e a alta no preço dos combustíveis têm atraído mais consumidores para as motos, cujo consumo é menor do que em automóveis, por exemplo”, acredita José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do Brasil.
Com mais motos nas ruas, e a delicada situação econômica do País, muitos motociclistas recorrem aos pneus remoldados (ou recauchutados), na hora da troca, em função do preço, que costuma ser menor em comparação ao dos novos. Entretanto, o uso de pneus reformados em motos é, além de perigoso, proibido.
“Pneus reformados colocam a vida dos motociclistas em risco, pois geram total instabilidade e impossibilitam a dirigibilidade da motocicleta. Com isso, o risco de acidente é iminente, especialmente por ser um veículo com apenas dois pontos de contato com o solo”, adverte Klaus Curt Müller, presidente executivo da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).
Embora sejam vedados em motos pelos órgãos de trânsito e até pelo Inmetro, desde a primeira década dos anos 2000, a proibição aos pneus reformados ou remoldados foi reforçada, neste ano, por mais uma norma do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A Resolução 913, do Contran, de 28 de março de 2022, estendeu a proibição do uso de pneus reformados em veículos automotores de duas ou três rodas (motocicletas, ciclomotores, motonetas e triciclos).
O não cumprimento dessa lei é considerado infração grave, com pena de multa de R$ 195,23 e perda de 5 pontos na carteira. “Isso significa que, além de ser um risco à segurança, essa prática é ilegal, e o uso desse tipo de pneu, também, pode causar penalidade aos condutores”, reforça o presidente da Anip.
Por que são proibidos?
De acordo com a associação dos fabricantes, os pneus de moto não foram desenvolvidos para suportar reformas, ao contrário dos de caminhões e ônibus. “Ao final da sua primeira vida, ele está muito desgastado, não tendo estrutura para a reforma”, destaca Müller.
Outra questão fundamental é que os veículos de quatro rodas possuem, no mínimo, dois pneus por eixo para garantir o controle em caso de falhas. Já as motos contam apenas com um ponto de contato em cada eixo. Dessa forma, qualquer instabilidade em um dos pneus pode levar à falta de controle do veículo, provocando a queda do motociclista.
Em 2019, o Inmetro divulgou um estudo comparativo entre pneus novos e reformados de motocicletas. Na inspeção visual, o instituto constatou 0% de defeito nos pneus novos, enquanto 91,5% dos reformados apresentaram, pelo menos, um defeito em cada amostra. Dentre eles, destacam-se: deformação plástica do talão, falta de material no flanco, descolamentos na região da junção entre o flanco e o talão, entre outros.
Pneus novos
• Homogeneidade nas amostras
• Controle do processo produtivo
Pneus reformados
• Heterogeneidade nas amostras
• Não há controle do histórico do uso de suas carcaças
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