A mobilidade urbana se tornou um desafio durante a quarentena imposta pela pandemia. As cidades tiveram de adaptar o desenho urbano para garantir a segurança sanitária das pessoas. A mobilidade ativa, realizada por pedestres e bicicletas, tem sido uma alternativa viável ao transporte motorizado individual, e assim a sustentabilidade entra em cena.
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O retorno da circulação das ruas de forma sustentável tem-se mostrado uma oportunidade para gestores acelerarem mudanças positivas nas cidades. Essa retomada verde amplia o mercado emergente de projetos sustentáveis para empresas privadas, que deve atrair trilhões de dólares nas próximas décadas, de acordo com o banco suíço Credit Suisse Group AG.
No Brasil, a economia verde deve gerar 2 milhões de empregos a mais até 2030, com um valor adicional de R$ 2,8 trilhões na comparação com o modelo atual, estimado por uma pesquisa liderada pelo WRI Brasil e pela iniciativa New Climate Economy, em parceria com especialistas de diversas instituições de pesquisas brasileiras.
A mobilidade urbana está no centro do debate das transformações necessárias para a construção de um modelo de cidade sustentável. O setor de transporte é uma das principais fontes de poluentes do ar atmosférico e contribui para a emissão de gases de efeito estufa. Felizmente, a transição energética para tecnologias de baixa emissão de carbono é uma tendência irreversível.
Uma série de melhorias nesse sentido já vinham sendo implementadas por planejadores urbanos em todo o mundo. Entretanto, com a paralisação dos deslocamentos durante a quarentena e a consequente melhoria da qualidade do ar nas cidades, a necessidade de mudanças se tornou ainda mais evidente.
Filtragem de ar combate coronavírus em transporte público
A crise também provocou a inevitabilidade de uma remodelagem de toda a sociedade, gerando uma ótima oportunidade para repensar a mobilidade. Os espaços urbanos estão sendo projetados para serem mais saudáveis e confortáveis para as pessoas, e não mais para promover quase que exclusivamente o deslocamento de automóveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a bicicleta é um meio de transporte individual sustentável e seguro para as atividades essenciais durante a pandemia. Nesse período, iniciativas voltadas para o incentivo do ciclismo, como a abertura de novos espaços para o trânsito de bikes, tanto de forma temporária quanto de forma permanente, foram adotadas em todo o mundo.
As vendas de bicicletas dobraram durante os meses de maio e junho de 2020, conforme uma pesquisa realizada pela organização Aliança Bike. Isso tem gerado oportunidades de negócio de forma direta para a indústria e o comércio, mas também indireta, como o aplicativo Null Carbon, que transforma a quilometragem percorrida por ciclistas em créditos de carbono.
Depois de um declínio da eletromobilidade em 2019 nos dois maiores mercados, China e Estados Unidos, os veículos elétricos devem ganhar um novo fôlego com a retomada verde. Os automóveis individuais ainda devem demorar para invadir as ruas em todo o mundo, mas os ônibus elétricos têm sido cada vez mais adotados nos sistemas de transporte público.
Cidades da América Latina, como Bogotá e Santiago do Chile, disputam a liderança pela maior frota elétrica de ônibus fora da China. O Brasil possui tecnologia própria, que está presente em cidades como São Paulo e Campinas e, de modo experimental, em Salvador e Brasília.
Embora a eletricidade seja cada vez mais adotada como matriz para o transporte alternativo, o setor ainda enfrenta gargalos, em especial quanto ao custo de produção de baterias e a demanda por uma rede ampla de recarga. No entanto, outra tecnologia vigente se aproveita da infraestrutura já existente.
6 cidades onde os pedestres são valorizados
Os biocombustíveis podem ser gerados em associação à produção de alimento, gerando energia com sustentabilidade. O Brasil teve a transição mais bem-sucedida para o uso de combustíveis não fósseis em veículos de passeio, possuindo atualmente cerca de 24 milhões de automóveis leves com motor flex (etanol ou gasolina), ou 66% da frota circulante.
Um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) aponta que a produção de biocombustíveis, como álcool e biodiesel, deve aumentar 25% até 2024, em especial devido ao mercado no Brasil, nos Estados Unidos e especialmente na China.
Fonte: WRI Brasil, Estadão, Nature Climate Change, Página 22, Ministério do Meio Ambiente, Japan Times, Intelligent Mobility Xperience, Agência Internacional de Energia.
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