Amigas do meio ambiente e também dos negócios
Empresas que atuam em diversos segmentos adotaram os veículos elétricos com o objetivo de ganhar agilidade e reduzir custos na operação
O futuro da mobilidade é elétrico. Mesmo com a pandemia, as vendas de carros elétricos devem crescer no mundo em 2020, chegando a 2,3 milhões de unidades
, de acordo com relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). Isso significa que, nas estradas em todo o planeta, são quase 10 milhões de unidades rodando, ou seja, cerca de 1% do estoque global de automóveis.
No Brasil, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) estima uma frota de 30.092 unidades, de acordo com dados do final do primeiro semestre deste ano. Apesar de o preço de compra – ainda – ser elevado (a partir de R$ 120 mil), são várias as vantagens desse modal menos poluente, com menor custo de manutenção e bom desempenho.
Se essa realidade, por vários motivos, ainda não faz parte da maioria dos motoristas, algumas empresas já vêm adotando esse modelo de mobilidade em suas operações com motos e bicicletas elétricas – para o bem do ambiente e também dos negócios.
Serviços mais rápidos com as motos e bicicletas elétricas
Para diminuir o impacto ambiental de suas operações e agilizar atendimentos, a Porto Seguro atua em diversas frentes com modais alternativos e mais sustentáveis, na capital e em algumas cidades do Estado de São Paulo: são carros elétricos, guinchos menores, motos e bicicletas elétricas e deslocamento por transporte público.
Em 2017, a empresa agregou 16 carros 100% elétricos Renaut Twizy à frota
para realizar serviços residenciais e automotivos, como carga e troca de bateria ou troca de pneus. “São alternativas sustentáveis e muito eficientes para demandas emergenciais”, explica Richard Ferreira, gerente de serviços da Porto Seguro. “Fazem parte de várias iniciativas relacionadas à gestão ambiental e ao domínio dessa cadeia que envolve, ainda, o conhecimento e a operação de veículos elétricos e híbridos. São estudos, testes, capacitação dos prestadores e execução que ajudam a aprimorar nossa experiência no assunto.”
No caso dos Twizy, que realiza socorros mecânicos, carga de bateria e troca de pneus aos clientes de automóveis, o custo é cerca de 20% a 80% menor que os veículos convencionais
, já que não exigem troca de óleo, de correia e de velas de ignição, entre outras manutenções corriqueiras de modelos a combustão. A autonomia vai até 100 quilômetros, suficiente para rodar dentro da cidade durante a jornada de trabalho, sem interrupção de uso. Carregar a bateria leva três horas em uma tomada de 110 volts e 20 ampères. “A receptividade dos funcionários foi ótima, pois os veículos elétricos demonstram modernidade, futurismo, e a referência à sustentabilidade faz com que todos queiram participar da novidade”, comenta o gerente. “Os resultados são excelentes e temos como plano investir ainda mais nessas frentes.”
Zerar emissões
No setor de logística, a DHL – parte do Grupo Deutsche Post DHL – é uma dessas empresas. No Brasil, possui três unidades de negócios (a DHL Express, de remessas expressas; a DHL Supply Chain, de armazenagem e distribuição; e a DHL Forwarding, de fretes aéreos, marítimos e rodoviários) e conta com programas de sustentabilidade relacionados à mobilidade elétrica. Com experiências, em vários países, que vão do uso de barcos, scooters elétricas, drones e até armários inteligentes, a meta do grupo, por meio do programa GoGreen, é zerar suas emissões de CO2 até 2050
. “A proteção ambiental e o sucesso dos negócios estão intimamente interligados”, avalia Amaury Vitor, gerente de operações da DHL Express. “Além de contribuir para a vida no planeta, a sustentabilidade é um diferencial competitivo nas decisões de compra de consumidores e investidores.”
Boa receptividade
Desde 2017, o uso intensivo do combustível GNV e de veículos elétricos (a partir deste ano) mostrou resultados animadores na questão da sustentabilidade e na redução na geração de CO2. “No Brasil, estamos testando ativamente o uso de bicicletas, veículos elétricos e lockers”, conta o gerente. Na empresa, bikes servem como apoio aos veículos e rotas, partindo de pontos fixos dentro das áreas com maior densidade de entregas, encurtando os deslocamentos
.
A DHL Express possui dois veículos elétricos em operação, mas a expectativa é aumentar esse número gradativamente com adesão de mais clientes ao projeto. “Novas políticas governamentais, com redução nas alíquotas de importação para veículos e baterias, poderiam acelerar a adesão de transportadoras e usuários nessa modalidade”, explica Vitor.
“Já usávamos bicicletas e scooters elétricas. Então, houve ótima receptividade por parte dos funcionários dessas rotas. Os condutores dos veículos elétricos são abordados na rua para explicar sobre o funcionamento e os benefícios. No final, são porta-vozes da tecnologia”, observa.
Operação piloto com motos e bicicletas elétricas
De acordo com Vitor, a estratégia tem funcionado muito bem nos aspectos de flexibilidade, agilidade e produtividade. “Temos um carro elétrico que iniciou a operação piloto no começo de julho e, até o final de setembro, entregou quase 2 mil remessas e rodou mais de 4 mil quilômetros. Usando uma calculadora de CO2, o carro deixou de emitir mais de 10 toneladas de CO2 na atmosfera.”
A DHL Express optou pelo modelo de locação nos últimos anos. “Nosso parceiro foca muito na manutenção dos veículos e, com isso, concentramos esforços no atendimento e na busca de soluções para nossos clientes”, comenta. Mas a expansão é certa, conforme a demanda: o uso de bicicletas crescerá com o aumento de entregas, principalmente em grandes cidades. “Em relação a scooters e veículos elétricos, deve acontecer a partir da adesão de clientes e de menores custos operacionais advindos da durabilidade das baterias e da redução dos impostos incidentes no preço de aquisição.”
Menos congestionamentos, paradas e restrições
Desde fevereiro, a DHL Supply Chain realiza entregas via bicicletas, tradicionais e elétricas. A previsão para 2020 é uma média de 100 entregas com este perfil por dia. Maior agilidade no trânsito, facilidade de estacionar e ausência de restrição de circulação, além do custo — que pode ser até 50% menor do que com automóveis tradicionais — estão entre as maiores vantagens do modelo
. “Elas trazem uma resposta viável, eficiente e que pode abranger uma gama representativa de entregas, pois impactam o tempo de deslocamento, custo operacional e eficiência da roteirização”, explica Gildo Neto, diretor de transportes da DHL Supply Chain.
Sem rodízio e mais economia nas entregas
Há dois anos, o administrador Sérgio Ricardo Dias Baeta adotou, para as entregas de sua empresa, a Elefante Brasil – distribuidora de produtos Electrolux na capital paulista –, dois triciclos elétricos importados, automáticos e com câmera de ré. Com capacidade para duas pessoas (80 quilos cada uma), eles podem fazer 50 quilômetros a cada recarga da bateria (tomadas de 220 volts). “Já utilizávamos scooters a gasolina, mas as substituímos para melhorar a qualidade de vida dos nossos colaboradores, além de ajudar o negócio”, lembra. “O preço ainda não é o melhor: na época, foram US$ 6,4 mil (R$ 35 mil), cada um, o que, infelizmente, não o torna acessível a ponto de, mesmo os preocupados com a questão ambiental, abandonar os modelos convencionais, por enquanto”, avalia.
Como PCD, ele precisou apenas adaptar o banco e acredita que as vantagens como facilidade de manutenção e para estacionar, economia, segurança (em relação à scooter) e liberação de rodízio compensaram o investimento. “Apesar de as baterias de lítio no País ainda serem muito caras, chegando a quase um terço do valor do veículo e com poucas garantias.”
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1 Comentário
Veículo mínimo com zero de emição, e transportes coletivos elétricos, com células de Nitrogênio, já é uma realidade. Estamos entravado o Desenvolvimento por protecionismo de sucatas do passado tecnológico.
Temos que acelerar a transição já.