A descarbonização das frotas de transporte coletivo é um processo que tem acelerado em diversos países. Além de atingir compromissos ambientais e mitigar o impacto das mudanças climáticas, essa transição pode ser uma aliada na melhoria da qualidade dos serviço oferecido para a população.
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Esse foi, também, um tema muito discutido no Parque da Mobilidade Urbana (PMU), evento que realizado entre os dias 22 e 23 de junho na capital paulista, com participação de diversos entes da cadeia, que refletiram sobre os obstáculos e oportunidades que a descarbonização oferece.
De acordo com Ogeny Maia, presidente da Urbanização de Curitiba S.A (URBS), a meta é a redução de 58% de NOx (material particulado) até 2028 na frota da capital paranaense.
Ele comentou que a estratégia do município contempla, além de veículos 100% elétricos, o uso de biodiesel B10 como alternativa viável. “Entendemos que o veículo elétrico é um caminho para a emissão zero e não uma virada”, explica.
“A mobilidade urbana é um desafio complexo, mas acredito que, com engajamento e a adoção de práticas sustentáveis, podemos criar um futuro em que as cidades sejam mais eficientes, inclusivas e amigáveis ao meio ambiente.”
Ogeny Maia, presidente da Urbanização de Curitiba S.A (URBS)
Carlos Eduardo Souza, responsável e-city na Enel X, falou sobre a importância da definição de um modelo de financiamento para a aquisição de frotas elétricas no País. “Na cidade de Santiago, no Chile, por exemplo, começamos oferecendo leasing e, logo em seguida, veio o poder público garantindo a compra dos veículos”, afirma.
Souza explica que, dos 5 mil ônibus elétricos que a empresa viabilizou no mundo, entre 3 mil a 3,5 mil estão operando no Chile e na Colômbia.
Por aqui, ele afirma que empresa tem desenhado um modelo que inclui prestação de serviços, que está em teste no BRT de Salvador e, depois, chegará a São Paulo. “Já pensamos em oferecer uma garagem adaptada, com toda infraestrutura de carregamento incorporada”, disse.
Também comentou sobre o tema Flávio Pimenta, gerente de unidade de negócios da Nansen. “Os projetos de infraestrutura, via de regra, precisam começar com seis a sete meses de antecedência. Mas por aqui existe uma tendência de neglicenciar esse aspecto”, diz.
Ele mencionou a iniciativa de São José dos Campos (SP), com toda infraestrutura feita pela Nansen, de estações de carregamento para os 12 ônibus 100% elétricos e articulados comprados pela prefeitura. “O projeto é pioneiro e tem sido capaz de carregar de 6 a 8 veículos de uma vez”, explica Pimenta.
Maia explicou que, neste momento, a prefeitura de Curitiba (PR) está testando modelos de ônibus elétricos, parte do edital recém-publicado para compra desses veículos.
“Após a publicação do edital de chamamento para a eletromobilidade, começaram os testes de veículos das empresas inscritas. Isso é fundamental porque temos, como regra, que não podemos oferecer aos passageiros a mesma experiência a que dos ônibus convencionais: ele precisa ser muito melhor”, explica.
Nos testes, reforça Maia, são observados aspectos como desempenho dos pneus, itens de segurança, entre outros. “Importante deixar claro que não estamos comprometidos com uma tecnologia ou outra, estamos comprometidos com as metas de redução de emissões”, afirma.
A experiência dos passageiros também foi destacada pelo representante da Enel X. “Em Santiago, onde está nossa maior frota, as avaliações dos veículos têm obtido resultados iguais o superiores aos níveis do metrô”, afirma.
Luiz Felipe Aurellano, Secretário de Fazenda Adjunto – Procurador Municipal, comentou sobre a aprovação pela Comissão de Financiamentos Externos (COFIEX), em 5 de junho, do recebimento, via financiamento, de US$ 500 milhões do BID/BIRD para o projeto de eletrificação da frota da cidade de São Paulo.
Já o município terá que fornecer, como contrapartida, US$ 125 milhões. “Após a aprovação, estamos fazendo os aditivos contratuais, pois tudo precisa estar discriminado lá”, explicou.
Questionado sobre de que forma o governo federal poderia audar na eletrificação do transporte público nacionalmente, ele explicou: “De duas formas: fazendo investimentos e alavancando a produção desses veículos nacionalmente, pois somos um dos únicos países que justificam produção nacional. Podemos, inclusive, exportar para América do Sul e Caribe”, finaliza Aurellano.
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