Cânion é uma falha geológica, caracterizada por um vale estreito e profundo, com paredes verticais gigantescas. Essa formação natural, esculpida pela ação erosiva de rios e ventos, data de milhões de anos. Um dos mais conhecidos do mundo é o Grand Canyon, no Arizona (Estados Unidos).
Há no Brasil, porém, uma área rasgada por cânions que recebe milhares de turistas, principalmente de junho a agosto, os meses mais indicados para a visita. A cidade de Cambará do Sul (RS), distante 192 quilômetros da capital Porto Alegre, orgulha-se de ostentar o maior conjunto de cânions da América do Sul, no qual despontam o Itaimbezinho e o Fortaleza.
Com quase 6 mil metros de extensão e profundidade que chega a 720 metros, o Itaimbezinho está no Parque Nacional Aparados da Serra, a 18 quilômetros do centro da cidade, com acesso pela Rodovia RS-429. Ali, é possível percorrer a Trilha do Vértice, um caminho leve de 2,5 quilômetros que leva ao Mirante do Vértice, de onde contemplam-se as belezas da região.
Dentro do Parque Nacional da Serra Geral, o Cânion Fortaleza, a 23 quilômetros de Cambará do Sul, também é de prender a respiração, com cenários que se estendem ao longo de 7.500 metros de comprimento e profundidades de 900 metros.
Quem acessa a Rodovia CS-012 para visitar o Fortaleza pode caminhar em trilhas bem sinalizadas. Aproveite para conhecer ali perto a peculiar formação rochosa da Pedra do Segredo.
Os dois cânions são o orgulho dos 6.500 moradores de Cambará do Sul, localizada na região de Campos de Cima da Serra, que faz parte da Serra Gaúcha. A exemplo de municípios como Gramado, Canela e Bento Gonçalves, Cambará do Sul recebeu a influência de imigrantes alemães e italianos, expressa na arquitetura e na gastronomia local.
Difícil alguém manter-se indiferente diante das belezas dos cânions. No entanto, além de apreciar a paisagem, os turistas admiram as ricas fauna e flora do Aparados da Serra e da Serra Geral.
A imersão para ver de perto o patrimônio natural da região pode ser feita também a galope. Uma dica é a Cavalgada nos Cânions, que começa na Fazenda Santana, a 25 quilômetros de Cambará do Sul. A montaria percorre áreas com 1.150 metros de altitude, passando pelas bordas dos cânions Pinheirinho e Cambajuva. A aventura dura cerca de cinco horas e não tem restrição de idade.
O turismo de aventura fortaleceu-se no Brasil nos últimos anos, e Cambará do Sul deu-se bem com esse movimento, porque é rica em atividades outdoor.
Quem prefere as trilhas a bordo de veículos 4×4 tem à disposição o Circuito das Águas, um roteiro pelo interior da cidade que passa por três atrações turísticas da região: Passo da Ilha, Passo do S e Cachoeira dos Venâncios. O passeio também percorre rios, lajeados e cachoeiras por estradas vicinais que cruzam as porteiras de fazendas e atravessam rios.
É possível explorar Cambará do Sul de bike, com opções que permitem desfrutar das paisagens e da natureza. As pedaladas são realizadas nos Campos de Cima da Serra, serpenteando cachoeiras, matas nativas, cânions e florestas de araucária. Essa trilha pode ser feita também com quadriciclo, mas vale ressaltar que a presença de um guia local é fundamental e mais seguro.
Já o passeio de bote tem 4,5 quilômetros de deslocamentos no Rio Camisa, com destino no Lajeado das Margaridas. É uma ação contemplativa, no rio manso, sem corredeiras, onde a mata ciliar e as águas límpidas são um espetáculo à parte.
Mais emoção é garantida no rapel de 25 metros, feito em um paredão natural ao lado de uma pequena cachoeira, na Fazenda Capão da Erva, a 6 quilômetros da cidade. O local é adornado por araucárias, xaxins centenários e uma falha geológica que compõe uma espécie de microcânion. São duas descidas por pessoa, e a idade mínima exigida é de 7 anos.
A melhor maneira de chegar a Cambará do Sul é de carro. A viagem dura, aproximadamente, três horas a partir de Porto Alegre. Basta seguir pela BR-290 em direção a Osório e, depois, pegar a RS-020 sentido Cambará do Sul.
As tarifas de pedágio ao longo do caminho podem variar e estão sujeitas a alterações. Por isso, é importante verificar os valores atualizados antes de iniciar a viagem. Tenha em mãos dinheiro trocado, porque nem todas as praças de pedágio aceitam cartões de crédito ou débito.
Sair de uma capital como São Paulo para viajar a Cambará do Sul exigirá paciência e atenção redobrada do motorista com a estrada. A distância, de 1.070 quilômetros, recomenda ao menos uma parada dos viajantes para pernoite no meio do caminho.
Quem estiver com carro próprio deve fazer uma revisão completa antes de subir a serra. Sistemas de freios, suspensão e toda parte elétrica precisam estar totalmente em ordem. Lembre-se: dirija sempre nos limites de velocidade, porque, além de mais seguro, nem todas as estradas estão em condições ideais de tráfego. Importante também é se preparar para o pagamento dos pedágios nas rodovias sob concessão.
Em relação à segurança, lembre-se: as crianças devem usar sempre os dispositivos de retenção corretos para cada faixa etária.
Mas uma viagem mais confortável, claro, é embarcar em um avião e pousar em Porto Alegre. No Aeroporto Internacional Salgado Filho, alugue um automóvel da Movida para cumprir o resto do percurso, de 192 quilômetros, até Cambará do Sul.
A diária de modelos como Volkswagen Gol e Chevrolet Onix custa R$ 165. Outros hatches compactos, como Hyundai HB20 e Peugeot 208, saem por R$ 167. Valor similar (R$ 172) é cobrado para sair do aeroporto ao volante de um Hyundai HB20S e um Fiat Cronos.
* Preços aferidos no início de julho/2023