Bike elétrica: conforto e rapidez

Fernanda Lains e seu filho. Crédito: Marco Ankoski

14/01/2020 - Tempo de leitura: 5 minutos, 36 segundos

Chegar mais rápido, economizar e, de quebra, exercitar-se sem um pingo de suor e sem poluir a cidade. Esses são os principais motivos que levam os bikers a adotar a versão elétrica da magrela — as chamadas e-bikes, sobretudo para o trabalho. Com milhões de usuários em todo o mundo, o modelo motorizado ainda está longe de chegar ao seu potencial máximo se comparado a sua participação no mercado total de bicicletas. Nos próximos dez anos, as bicicletas elétricas serão um produto-padrão, acessível a praticamente todos os usuários, segundo relatório da consultoria Navigant Research. O Brasil registra aumento na procura por esses modelos, mas por aqui as versões elétricas ainda não chegam a 0,3% do total de bicicletas comercializadas. De acordo com dados da Aliança Bike, no ano passado foram vendidas 30 mil e-bikes (mais de 60% importadas), com projeções para 50 mil delas este ano e 280 mil em 2022.

Aluguel quinzenal ou mensal

Como ainda é um produto caro — custa, em média, a partir de R$ 5 mil + troca da bateria de lítio (R$ 1.500 após um ano e meio a dois de uso) —, uma solução para quem quer experimentar esse modal tem sido o aluguel. “Cerca de 70% de nossos clientes nunca havia andado em um modelo elétrico”, avalia Gabriel Arcon, CEO e cofundador da E-Moving, especializada na venda e aluguel de e-bikes, capacetes e cadeirinhas, localizada na Vila Olímpia. “Começamos com dez unidades para testes e, em 2017, iniciamos a produção de três modelos: Comfort, Bolt e Retrô, este último apenas para venda.”

Na capital paulista, a partir de um plano quinzenal de R$ 199 (Try) ou mensal de R$ 269 (Go), os usuários podem conferir todas as vantagens da e-bike e, quem sabe, adquirir uma na própria empresa — que oferece descontos a partir de um algoritmo que calcula as subidas no trajeto do cliente.

Negócio em expansão

A E-Moving tem 900 e-bikes para aluguel e firmou parcerias como as academias Bioritmo e SmartFit, a empresa de investimentos Componente e a Movida, de aluguel de carros. “Temos fila de espera de uma semana e uma demanda maior do que os nossos equipamentos”, revela Arcon.

Outra importante vertente de negócio da E-Moving é o canal corporativo. Já são 63 empresas conveniadas, que oferecem a e-bike como benefício e opção às vagas de garagem e vale-transporte. Um bom exemplo dessa tendência já ocorre no dia a dia da advogada Fernanda Soares Lains Higashino, 37 anos, usuária da e-bike e que estendeu a opção também aos funcionários de seu escritório.

E-bikes compartilhadas

Por meio de aplicativo, em março, a Yellow começou a operação de e-bikes, ainda na forma de programa-piloto, para a definição do modelo de equipamento. Vencida essa etapa, a empresa deve aumentar gradativamente o número na área de atuação (pouco menor que a dos patinetes, mas ainda no circuito das Avenidas Paulista, Faria Lima e Engenheiro Luís Carlos Berrini). A empresa oferece um modelo sem acelerador, mas com pedal assistido, cujo sensor ativa o auxílio do motor conforme detecta as pedaladas, com limite de velocidade de 20 km/h.

De acordo com a Grow, responsável pela Yellow, o sistema de compartilhamento dockless (sem docas) traz vantagens aos usuários por não precisar investir recursos na aquisição, nem gastar tempo e dinheiro com a sua manutenção, além de permitir que as pessoas peguem e deixem as bicicletas em qualquer ponto da área de atuação (fora, há cobrança de taxa de retorno de R$ 30), não dependendo de espaço na doca, por exemplo. As e-bikes ficam disponíveis 24 horas por dia em pontos privados parceiros, 7 dias por semana, sendo recolhidas à noite para os galpões para a recarga da bateria ou serviços de manutenção e limpeza. 

O custo de utilização é de R$ 5 para desbloqueio e R$ 0,40 por minuto. De acordo com os representantes da Grow, a e-bike se destina a deslocamentos maiores do que os dos patinetes, por exemplo. Portanto, a partir de 15 minutos de utilização, a bike elétrica já supera o patinete em custo/benefício. Além disso, o sistema de compartilhamento oferece também a possibilidade de pagamento em dinheiro, com créditos comprados em bancas de jornal e lojas (com as recargas de celular).

Mais qualidade de vida

“Moro no Alto de Pinheiros e trabalho na região do Itaim. São cerca de 6 km de distância. Antes, fazia esse percurso com uma bike tradicional e levava 1h20 tanto na ida quanto na volta. Há xx meses, adotei o modelo elétrico para não chegar suada ao escritório. Agora, são apenas 30 minutos, com ganho em qualidade de vida. Tenho um modelo alugado por R$ 229 ao mês com cadeirinha para as crianças, onde levo meu filho xxxx de xxx anos para a escola. Sinto-me bastante segura de trafegar nessa região, bem servida de ciclovias. Gostei tanto da mudança que implementei a e-bike como uma alternativa para os funcionários do meu escritório, tendo uma adesão de 30% deles ao novo modal.”
Fernanda Lains, 37 anos, advogada

Bikes para ter em casa

A Vela Bikes só trabalha com vendas de bicicletas elétricas. Sob o comando do engenheiro mecânico Victor Hugo Cruz, a empresa já possui em São Paulo cerca de 1.600 unidades de seus modelos, seu maior mercado, com 80% das vendas. “Em 2014, fiz um primeiro protótipo e comecei a produzir a partir de um financiamento coletivo”, conta o empreendedor e CEO da empresa. “As entregas do primeiro lote foram em dezembro de 2015 e, desde então, tivemos um crescimento médio de 80% ao ano, com total de cerca de 2 mil unidades entregues.”

Os modelos Vela 1 e Vela S possuem cinco geometrias de quadros para atenderpessoas de diferentes alturas e podem ser personalizados com cores e acessórios

A empresa possui fábrica em São Paulo, quatro lojas no modelo PocketShop (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba), além de um e-commerce. Fora de São Paulo, vem investindo em infraestrutura com parceiros e novas lojas/oficinas. Atualmente, o foco Vela Bikes está no mercado brasileiro, para o qual vem desenvolvendo novas versões, inclusive voltadas para o transporte de mais pessoas (2 a 3 crianças ou um adulto) e de cargas. Porém, Cruz tem planos de analisar a aceitação em outros países. “No próximo ano, faremos um teste em Nova York, que tem características muito semelhantes a São Paulo”, adianta.