Dia Mundial sem Carro. Bike também é cultura: teatros e museus precisam abraçar essa ideia
É crescente a quantidade de pessoas que opta pela bicicleta para ir a eventos culturais; infraestrutura e divulgação das informações precisam melhorar
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22/09/2025

Em São Paulo, uma minoria de equipamentos culturais fala sobre mobilidade com seu público. O caminho para uma experiência cultural de bicicleta é árduo, mas quem começa não pretende parar. Foi o que aconteceu com Rita Lima, coordenadora de vendas, de 50 anos. Ela e o marido, Ronilson Garcia, 51 anos, analista de redes, iniciaram a jornada de bike em 2018. Não apenas vão para o trabalho pedalando, também visitam museus, exposições, assistem concertos e peças de teatro.
“Antes da bike, dependíamos de transporte público ou carros de aplicativos e gastávamos o dobro do tempo para chegar e voltar para casa. Hoje a bicicleta nos proporciona liberdade e economia também”, conta Rita.
Os últimos passeios culturais do casal: CCBB, Centro Cultural Banco do Brasil, onde eles prenderam as bikes na grade em frente a entrada, e na Arena B3, onde acorrentaram as bicicletas no poste do lado do Bar do Cofre. A maior cidade do País tem ciclovias e ciclofaixas, mas deixa a desejar em bicicletários. Exceção para os SESCs. Já o Cultura Artística, amplamente reformado, fez um paraciclo na calçada bem longe dos seguranças, com uma placa que avisa não se responsabilizar em caso de furtos.
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Falta infraestrutura e informação para quem se desloca de bike
O Theatro Municipal tem bicicletário na Praça das Artes. Rita e Roni não sabiam, dificilmente é divulgado. A última vez prenderam as bikes em um poste em frente. Um modelo a ser aplaudido é o Teatro J. Safra, na Barra Funda. Os seguranças cuidam das bicicletas e nem é necessário prendê-las. Bem que o Theatro São Pedro poderia seguir o exemplo.
No Teatro B32, na Faria Lima, paga-se R$ 5 pelo QR code que abre a porta de vidro do bicicletário. O acesso é pela rampa do estacionamento, muito íngreme, ou por escada com trilho. O capacitismo das edificações acredita no estereótipo de ciclistas atletas. Nós somos qualquer um em cima de uma bike, surdos, cegos e com a mobilidade reduzida. Pelo menos, no B32, os manobristas são simpáticos e ajudam a empurrar a bike ladeira abaixo. E há tomadas para recarregar as baterias elétricas.
Já na Sala São Paulo, a passagem de pedestres entre a Estação da Luz e o estacionamento fica lotada sempre que há espetáculo. Batizada como Boulevard João Carlos Martins, foi construída para evitar o fluxo de usuários de drogas da Cracolândia, agora espalhado pelo centro. Mas Marcos Delestre, contrabaixista da OSESP, Orquestra Sinfônica de São Paulo, 44 anos, prefere pedalar.
“O bicicletário da Sala São Paulo é de fácil acesso, totalmente seguro. Já tive que deixar a bike de um dia para o outro e nunca tive problemas”, conta. Há 10 anos, ele se cansou do trânsito lento e se apaixonou pela sensação de maior liberdade.
Ao adotar bicicletários seguros para o público e seus trabalhadores, teatros e museus engajam na cultura da bicicleta. Esperamos que as gestões engajem cada vez mais também em prol da acessibilidade. Bike também é cultura.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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