‘Brasil tem papel estratégico no sucesso mundial da BMW Motorrad’, diz CEO
Chefe da divisão de motos da marca alemã, Julian Mallea comemora o crescimento de 8% das vendas no País no ano passado
5 minutos, 42 segundos de leitura
26/02/2024
Por: Arthur Caldeira
Não faltaram motivos para a BMW comemorar em 2023. Afinal, a fabricante alemã celebrou o centenário da produção de sua primeira moto, no ano passado, e ainda registrou um recorde histórico de vendas. A BMW Motorrad (motos, em alemão) entregou 209.257 motos e scooters aos clientes. O volume representa alta de 3,1% do que no ano anterior e o maior já registrado na história da empresa.
“O Brasil tem um papel estratégico nesse crescimento”, afirma Julian Mallea, CEO da BMW Motorrad Brasil. Afinal, no ano passado, a BMW vendeu 14.106 motocicletas no mercado brasileiro. Além de um crescimento de 8% na comparação com 2022, acima, portanto, da média global, o volume consolidou o País como o sexto maior mercado do mundo para a divisão de motos da marca alemã.
O ótimo ano ainda foi coroado com um market share de 25,2% no segmento acima de 500 cc, isto é, uma em cada quatro motos de média e alta cilindrada emplacadas no Brasil é da BMW. “Batemos esse recorde com um portfólio de apenas 12 modelos, enquanto em outros mercados nossos concessionários têm 32 modelos à venda”, comemora Mallea. De nacionalidade argentina, Mallea está no BMW Group desde 2003, mas veio para o Brasil em 2014 para assumir a direção da marca MINI. Desde 2022, é o CEO da divisão de motos no País.
Apesar dos bons resultados, a BMW Motorrad quer mais. A marca investiu R$ 50 milhões para ampliar a capacidade produtiva de sua fábrica em Manaus (AM), a única fora da Alemanha dedicada exclusivamente à produção de motocicletas. O objetivo é aumentar a capacidade para 19.000 unidades por ano até 2025, reforçando ainda mais o papel estratégico do Brasil para a BMW Motorrad em nível global, revela o CEO em entrevista exclusiva ao MotoMotor; confira.
A BMW Motorrad atingiu o melhor volume de vendas em 2023, com quase 210 mil unidades vendidas. Na sua visão, quais os motivos para o sucesso da marca no mercado de motos?
Julian Mallea – O BMW Group traça estratégias de cinco anos. Nós atingimos o objetivo de superar as 200 mil motos vendidas no ano passado por diversos fatores. Um deles é o nosso variado portfólio de motocicletas. Nos últimos anos, apresentamos diversos modelos que atendem os anseios e as necessidades dos nossos clientes. Também temos uma proposta de marca de não vender apenas um produto, no caso, a moto. Nós também oferecemos experiências aos nossos clientes. Ele não compra apenas uma moto.
Além disso, temos que levar em conta que, paralelamente aos nossos bons resultados, outras marcas caíram. Com isso, também acabamos ocupando o espaço dessas marcas.
No Brasil, a BMW também bateu recorde de venda de motos no ano passado. Ao que você atribui o bom resultado no mercado brasileiro?
Julian Mallea – Já estamos bem estruturados no Brasil, com uma forte rede de concessionárias espalhadas por todas as regiões do País. Também investimos em experiências para os nossos clientes, com o programa Rider Training e o BMW Experience com passeios e viagens. O mais impressionante é que batemos esse recorde com apenas 12 modelos em nossos showrooms, enquanto que, em outros mercados mundiais, temos 32 modelos.
Qual a importância da fábrica em Manaus para o sucesso da BMW no País?
Julian Mallea – A fábrica em Manaus (AM) é fundamental para nossa estratégia no Brasil. Primeiro porque possibilita termos preços competitivos para os nossos produtos. Atualmente, se compararmos, as motos BMW no Brasil têm preços equivalentes e, às vezes, até menores do que em outros países. Também permite que produzamos motos adequadas para o mercado.
Há cerca de 7 anos, a BMW lançou a G 310 GS, um modelo que foi criado pensando no mercado brasileiro. Ela cumpriu seu papel?
Julian Mallea – Com certeza. O Brasil é o número 1 em vendas de diversos modelos da linha GS. Somos o país que mais vende R 1250 GS, nosso modelo mais vendido no mundo e no Brasil, com 5.527 unidades. Também somos o primeiro em vendas da G 310 GS e também da F 850 GS. O Brasil é estratégico para o crescimento da BMW Motorrad em todo o mundo.
A BMW Motorrad prometeu cinco lançamentos no Brasil até 2025 e a estreia em novos segmentos: o que vem por aí?
Julian Mallea – Fizemos um grande investimento na fábrica para aumentar a capacidade produtiva e otimizar a produção. No momento, começamos a produzir a nova R 1300 GS, que será lançada no segundo trimestre. Esse é o nosso foco.
Também queremos regionalizar nossos programas de experiências que estão muito concentrados em São Paulo. Hoje, para você ter uma ideia, as concessionárias de Belo Horizonte (MG) e Florianópolis (SC) são nossas campeãs de venda, mas ainda não oferecemos a experiência completa para os clientes dessas regiões.
Como eu disse, não vendemos apenas uma moto. Queremos estimular nossos clientes a terem experiências com as nossas motos. Embora tenhamos muitos clientes no Brasil, os motociclistas brasileiros ainda rodam pouco comparado ao europeu, por exemplo. O que um motocicleta europeu roda em seis meses, o brasileiro roda em um ano. Ou seja, temos que oferecer a experiência completa para os clientes e temos de contar com o apoio de nossos concessionários.
As novas bicilíndricas F 900GS/F 800GS virão ao Brasil em breve? Há também rumores de que a R12, um novo modelo com estilo clássico venha ao País.
Julian Mallea – Veja, a R 1300 GS foi lançada em setembro. Só agora que iniciamos a produção nacional. Não posso negar que a nova F 900 GS virá para o Brasil porque virá, mas não tão em breve. Precisamos adaptar a linha de montagem, treinar a equipe, homologar a moto… Enfim, isso deve acontecer mais para frente.
Para finalizar, e as motos elétricas, como a CE04 e CE02, esses modelos virão para o Brasil?
Olha, para trazer esses modelos, precisamos ainda de um estudo mais aprofundado de mercado para saber se nosso cliente quer uma moto elétrica, além da viabilidade e até da produção local. As motos elétricas têm se mostrado um sucesso no commuting, ou seja, no uso como locomoção diária. Além disso, a opção pelos veículos elétricos se justifica pelo meio ambiente. Entretanto, as motos não emitem tanto dióxido de carbono como os automóveis. Além disso, não está claro, se o futuro das motos será elétrico também.
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