com a implantação de calçadas acessíveis, contínuas, arborizadas e bem iluminadas, além de instalação de mobiliários_Foto: Prefeitura de Campo Grande
Embora represente grande parte dos deslocamentos, a mobilidade ativa, especialmente a caminhada, ainfa enfrenta diversos desafios no País, como a infraestrutura. De acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), Brasil, aproximadamente 39% da população realiza seus deslocamentos diários exclusivamente a pé. Para premiar boas práticas nesse sentido, contudo, foi criado o Prêmio Cidade Caminhável.
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Assim, o prêmio foi idealizado pelo Instituto Caminhabilidade, como um reconhecimento bienal, que ocorre desde 2021.
Em sua terceira edição, contudo, a iniciativa conta com o apoio da Urban95 e da parceria institucional do Walk21, para mapear e reconhecer ações que tornam as cidades mais acessíveis e caminháveis.
Os projetos selecionados foram desenvolvidos entre 2023 e 2024 pelo poder público de todo o Brasil. Nesta edição, contudo, o prêmio recebeu 57 inscrições válidas, de 38 cidades e de 13 Estados, abrangendo todas as regiões, exceto a Norte.
Segundo Letícia Sabino, esta foi a maior edição do prêmio até o momento. Em 2023 foram 32 projetos; neste ano, o número subiu para 57 inscrições válidas, quase o dobro.
“Ficamos muito entusiasmadas com o alcance do prêmio. Isso mostra que, nos últimos anos, têm se multiplicado os projetos de urbanismo pensados para as pessoas e para o caminhar, e não para os carros, que historicamente concentram a maior parte das obras de infraestrutura e dos recursos”, afirmou.
A seguir, confira detalhes de cada uma das três iniciativas vencedoras, localizadas em Anicuns (GO), Natal (RN) e de Campo Grande (MS).
O município venceu com o projeto ‘Escola em Movimento: Urbanismo Tático para um Entorno Escolar Seguro e Acolhedor‘, premiado na categoria Cidades Pequenas.
A ideia central do projeto foi o redesenho de uma área escolar e pintura das vias, forçando uma redução das velocidades dos veículos mototizados.
A circulação de pessoas a pé foi priorizada, principalmente crianças e adolescentes. E o foco foi a proteção contra os sinistros de trânsito.
Segundo Zilsa Santiago, uma das juradas, a iniciativa chamou atenção pela capacidade do projeto de engajar as pessoas, com foco na mobilidade das crianças.
Estudantes, pais, professores e moradores aprovaram o projeto em pesquisa. Assim,100% dos entrevistados notaram redução na velocidade dos carros, com 94,7% dos alunos deixando de considerar que os veículos andam rápido após a intervenção.
Vencedor na categoria de Cidades Médias, o case da capital potiguar consistiu em reduzir a Avenida do Contorno de quatro para duas faixas para o tráfego de veículos motorizados.
Assim, o projeto transformou parte da via, antes dominada por carros, em espaço para pedestres, ciclistas e corredores.
De acordo com Margarita Larrañaga, jurada do Prêmio, o mérito do case foi a sua assertividade em tirar faixas para veículos motorizados em uma avenida estrutural. Dessa forma, o local foi requalificado com foco nas pessoas.
O projeto premiado consistiu na requalificação da Rua Rui Barbosa, em Campo Grande, em mais de 7 km, até a Avenida Rachid Neder.
O espaço agora tem foco no deslocamento de pessoas a pé, com calçadas acessíveis, contínuas, arborizadas e bem iluminadas, além de instalação de mobiliários.
As iniciativas favoreceram a ocupação da região central, especialmente fora do horário comercial, aumentando o fluxo de pessoas.
Melhorias na infraestrutura e nos espaços públicos, contudo, permitiram aumento na emissão de alvarás de funcionamento, construção e reforma; reocupação de imóveis antes subutilizados e melhoria na percepção do espaço urbano, que se tornou mais seguro, acessível, agradável e moderno.
De acordo com a jurada Kelly Fernandes, é importante que as cidades reforcem seus centros com foco na mobilidade ativa e nos espaços públicos, modificando estruturas em áreas consolidadas da cidade.
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