Prêmio Cidade Caminhável 2025: conheça as melhores cidades do Brasil para quem se desloca a pé

Rua Rui Barbosa, em Campo Grande (MS), foi requalificada em mais de 7 km, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul até a Avenida Rachid Neder - Foto: Prefeitura de Campo Grande

Há 3h - Tempo de leitura: 3 minutos, 54 segundos

Embora represente grande parte dos deslocamentos, a mobilidade ativa, especialmente a caminhada, ainfa enfrenta diversos desafios no País, como a infraestrutura. De acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), Brasil, aproximadamente 39% da população realiza seus deslocamentos diários exclusivamente a pé. Para premiar boas práticas nesse sentido, contudo, foi criado o Prêmio Cidade Caminhável.

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Assim, o prêmio foi idealizado pelo Instituto Caminhabilidade, como um reconhecimento bienal, que ocorre desde 2021.

Em sua terceira edição, contudo, a iniciativa conta com o apoio da Urban95 e da parceria institucional do Walk21, para mapear e reconhecer ações que tornam as cidades mais acessíveis e caminháveis.

Saiba mais sobre o Prêmio Cidade Caminhável 2025

Os projetos selecionados foram desenvolvidos entre 2023 e 2024 pelo poder público de todo o Brasil. Nesta edição, contudo, o prêmio recebeu 57 inscrições válidas, de 38 cidades e de 13 Estados, abrangendo todas as regiões, exceto a Norte.

Segundo Letícia Sabino, esta foi a maior edição do prêmio até o momento. Em 2023 foram 32 projetos; neste ano, o número subiu para 57 inscrições válidas, quase o dobro.

“Ficamos muito entusiasmadas com o alcance do prêmio. Isso mostra que, nos últimos anos, têm se multiplicado os projetos de urbanismo pensados para as pessoas e para o caminhar, e não para os carros, que historicamente concentram a maior parte das obras de infraestrutura e dos recursos”, afirmou.

A seguir, confira detalhes de cada uma das três iniciativas vencedoras, localizadas em Anicuns (GO), Natal (RN) e de Campo Grande (MS).

Case do município de Anicuns, Goiás

O município venceu com o projeto ‘Escola em Movimento: Urbanismo Tático para um Entorno Escolar Seguro e Acolhedor‘, premiado na categoria Cidades Pequenas.

Ação de pintura urbana colaborativa na rua do colégio, com apoio de voluntários. Foto: Divulgação Escola em Movimento

A ideia central do projeto foi o redesenho de uma área escolar e pintura das vias, forçando uma redução das velocidades dos veículos mototizados.

A circulação de pessoas a pé foi priorizada, principalmente crianças e adolescentes. E o foco foi a proteção contra os sinistros de trânsito.

Segundo Zilsa Santiago, uma das juradas, a iniciativa chamou atenção pela capacidade do projeto de engajar as pessoas, com foco na mobilidade das crianças.

Estudantes, pais, professores e moradores aprovaram o projeto em pesquisa. Assim,100% dos entrevistados notaram redução na velocidade dos carros, com 94,7% dos alunos deixando de considerar que os veículos andam rápido após a intervenção.

Reurbanização do contorno, iniciativa de Natal (RN)

Vencedor na categoria de Cidades Médias, o case da capital potiguar consistiu em reduzir a Avenida do Contorno de quatro para duas faixas para o tráfego de veículos motorizados.

Assim, o projeto transformou parte da via, antes dominada por carros, em espaço para pedestres, ciclistas e corredores.

De acordo com Margarita Larrañaga, jurada do Prêmio, o mérito do case foi a sua assertividade em tirar faixas para veículos motorizados em uma avenida estrutural. Dessa forma, o local foi requalificado com foco nas pessoas.

Iniciativa transformou parte da via em espaço de convivência, atividades físicas e contemplação do pôr do sol. Foto: Prefeitura de Natal (RN)

Iniciativa vencedora de Campo Grande (MS)

O projeto premiado consistiu na requalificação da Rua Rui Barbosa, em Campo Grande, em mais de 7 km, até a Avenida Rachid Neder.

O espaço agora tem foco no deslocamento de pessoas a pé, com calçadas acessíveis, contínuas, arborizadas e bem iluminadas, além de instalação de mobiliários.

Projeto consistiu na instalação de calçadas acessíveis, contínuas, arborizadas e bem iluminadas. Foto: Prefeitura de Campo Grande (MS)

As iniciativas favoreceram a ocupação da região central, especialmente fora do horário comercial, aumentando o fluxo de pessoas.

Melhorias na infraestrutura e nos espaços públicos, contudo, permitiram aumento na emissão de alvarás de funcionamento, construção e reforma; reocupação de imóveis antes subutilizados e melhoria na percepção do espaço urbano, que se tornou mais seguro, acessível, agradável e moderno.

De acordo com a jurada Kelly Fernandes, é importante que as cidades reforcem seus centros com foco na mobilidade ativa e nos espaços públicos, modificando estruturas em áreas consolidadas da cidade.

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