Novo túnel entre as estações Paulista e Consolação será um atalho na travessia

A parte vertical da imagem ilustra o poço que terminou de ser escavado recentemente, à esquerda o sul do túnel, que passa sob a Linha 2-Verde, à direita o norte, que passa sob prédios da avenida paulista. Foto: Divulgação/Telar

27/09/2024 - Tempo de leitura: 4 minutos, 5 segundos

A Telar Engenharia, empresa que realiza obras para o Metrô em consórcio com a Constran e Gros, terminará na próxima semana a escavação de um poço na esquina das avenidas Paulista e Consolação, na capital paulista. A estrutura é o primeiro passo para a construção de um atalho no túnel que liga as estações Paulista-Pernambucanas, da Linha 4-Amarela, e Consolação, da Linha 2-Verde. A inauguração da nova passagem está prevista para outubro de 2026.

As obras do poço já se estendem há mais de um ano, principalmente devido à presença de canos de esgoto, água e fios de energia na região, que precisaram ser retirados. Atualmente, a Telar está “escavando os três últimos metros do poço, que no total terá 35 metros de profundidade”, afirma Marco Botter, CEO da empresa.

A construção do novo túnel deve começar na segunda semana de outubro. No primeiro trecho de escavação, que não passará por baixo dos trilhos do metrô, o trabalho será ininterrupto. Porém, “um segmento do túnel passará debaixo da Linha 2-Verde. Neste trecho, iremos avançar apenas entre a madrugada de domingo e segunda-feira, quando a linha não está sendo usada”, explica Botter.

De acordo com o Metrô: “Para minimizar os impactos operacionais durante as obras, em alguns domingos alternados, os trens da Linha 2-Verde operam com maior intervalo e velocidade reduzida”.

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Por que é preciso um novo túnel entre as estações Paulista-Pernambucanas e Consolação?

O túnel atual entre as estações Paulista-Pernambucanas, da Linha 4-Amarela, e Consolação, da Linha 2-Verde, possui 195 metros de comprimento e capacidade para atender 30 mil pessoas por hora. Desde sua inauguração, a passagem opera com 80% da capacidade máxima.

A alta quantidade de usuários torna o percurso demorado e desconfortável, principalmente nos horários de pico. Apesar de haver esteiras de transporte para agilizar o trajeto, a travessia é feita em cerca de oito minutos e 20 segundos, em média.

“Vamos fazer um segundo túnel que será como uma ‘ponte de safena’. Ele irá ampliar a capacidade do túnel original em 60%. Portanto, o conjunto do túnel atual mais a ‘ponte de safena’ poderá comportar 48 mil passageiros por hora”, resume Botter.

Com “ponte de safena” o representante da Telar quer dizer que o novo túnel será apenas um complemento, não uma passagem inteiramente nova. Sendo assim, os passageiros iniciarão seu trajeto no túnel original e, depois de 80 metros, encontrarão um bifurcação, onde poderão escolher seguir pelo trajeto usual ou o novo túnel.

A planta mostra como o túnel será uma espécie de “atalho” do trajeto mais longo. Foto: Divulgação/Metrô

A duplicação em apenas um trecho diminuirá o tempo do percurso para quatro minutos e 40 segundos, de acordo com cálculos da Telar. O novo túnel deve ter 90 metros de comprimento e diâmetro que variará entre 6,70m e 8m, parecido com a altura do túnel atual. Por fim, a nova travessia não contará com esteiras para os passageiros.

Desafios da obra

“A obra será pequena para o porte que o Metrô está acostumado a executar. No entanto, de grande complexidade”, afirma Botter. De acordo com ele, a escavação acontecerá em duas frentes, uma ao norte e outra ao sul, que se encontrarão no meio do percurso.

“Em um dos trechos, o túnel vai passar por baixo de quatro prédios de grande porte. Ele também vai passar sob a via permanente [os trilhos do metrô] da Linha 2-Verde, o que é realmente o desafio técnico”, ele explica.

No trecho que passará por baixo da Linha 2-Verde, o teto do túnel ficará a 1 metro de distância da parte inferior do túnel em que passam os trilhos do metrô. “Por isso, neste trecho sob a Linha 2-Verde, o avanço diário será muito pequeno. O prazo de execução da obra é longo exatamente para que tenhamos a menor turbulência e interferência possíveis na estabilidade do metrô”, defende Botter.

Antes mesmo de começar a escavação, a empresa já instala medidores que verificam a movimentação do terreno e prepara o solo, buscando evitar tremores na Linha 2-Verde. De acordo com Botter, a movimentação do solo é prevista, mas apenas dentro de um limite aceitável.

Quando o novo túnel começar a ser construído, a primeira etapa será inserir vigas de aço no teto da futura instalação e injetar cimento para criar uma armação. Essa tarefa será realizada antes da escavação, que deve ocorrer em passos curtos e receber revestimento duplo logo após a finalização de cada trecho.