Entregas cada vez mais velozes e tecnológicas

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08/12/2020 - Tempo de leitura: 7 minutos, 7 segundos

Por Daniela Saragiotto

Para surpreender os consumidores, com entregas cada vez mais rápidas, e obter a máxima eficiência operacional, empresas de diferentes segmentos têm investido em inovação para viabilizar a chegada das mercadorias nas mãos de seus consumidores. Uma delas é o iFood, foodtech líder na América Latina, que recebeu, em 5 de agosto, a certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE), ou, em outras palavras, autorização para testes de entrega de comida por drones.

A permissão foi recebida pelas empresas Speedbird Aero e AL Drones, parcerias nesse projeto, e com ela a empresa passa a ser pioneira no Brasil a fazer um piloto dessa natureza. “Esse foi um importante passo para construir um projeto seguro, eficiente e economicamente sustentável junto aos nossos parceiros e órgãos responsáveis. É uma etapa significativa para a evolução do uso comercial de drones. Nosso objetivo primário é utilizar o equipamento para trazer mais eficiência para a operação logística. Estamos confiantes na evolução que o uso desse modal combinado à inteligência artificial pode trazer para a empresa”, explica Roberto Gandolfo, vice-presidente de Logística do iFood.

Projeto-piloto em Campinas

Em julho a Speedbird Aero e a AL Drones fizeram os ensaios finais do projeto em São José dos Campos (SP) com a participação da Anac. De acordo com Fernando Martins, Head de Logística, Inovação e Engajamento do iFood, todo o processo de certificação levou 12 meses. “Agora, estamos em uma nova fase, testando a entrega na cidade de Campinas (SP) em rotas determinadas, um projeto-piloto que nos fornece informações para a estruturação desse serviço”, explica.

O Mercado Livre também inovou em sua logística com o anúncio recente de uma frota dedicada, composta por quatro aviões, para suas entregas. De acordo com a companhia, a tecnologia tem papel fundamental para identificar oportunidades de melhorias e de eficiência. “Analisando desde o clique da compra até a entrega do pacote na casa do cliente e o pós-venda, conseguimos prever a necessidade de ampliação da malha logística, de abertura de centro de distribuição, e do investimento em frotas próprias de aviões, carretas e vans. Sem a tecnologia, nossa logística não poderia escalar aos volumes atuais, e não seria possível justificar a contratação dos aviões”, explica Leandro Bassoi, vice-presidente do Mercado Envios, braço de logística da empresa.

Empresas investem em inovação para atender os clientes

Ao contrário do que as pessoas podem estar imaginando, quando liberada, a entrega de comida por drone pelo iFood não será feita até as janelas dos clientes. “A ideia é que ele complemente a operação dos modais tradicionais, sendo responsável pela primeira parte da rota. E a entrega será finalizada com moto, bicicleta ou patinete”, explica Martins. 

Atualmente, o iFood possui um espaço dentro da praça de alimentação do Shopping Iguatemi Campinas (SP), chamado de iFood Hub, onde os pedidos são roteirizados. “Antes, percorrer esse trajeto de 400 metros a pé dentro do shopping levava até 12 minutos. De drone, por cima do shopping, ele é feito em 2 minutos, em média. A partir daí, a última parte do percurso é feita pelos entregadores”, diz o Head de Logística, Inovação e Engajamento do iFood. Há, também, uma segunda rota de voo que está sendo usada, em caráter experimental: ela tem origem no iFood Hub e destino no “droneport”, um local para pouso de drones dentro de um complexo de condomínios próximo ao shopping. “Em nossos testes, essa rota de 2,5 quilômetros levaria 10 minutos se fosse percorrida por terra. Com o drone pode ser concluída em apenas 4 minutos”, explica.

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Por enquanto, ainda não há data para o início da operação comercial de entrega por drones do iFood. Em relação aos valores das entregas, a empresa afirma que não haverá nenhuma alteração. “Também acreditamos que o entregador será beneficiado com um processo mais rápido e pontual podendo, inclusive, fazer um número maior de entregas”, explica Martins.

Frota própria de aviões

Em novembro o Mercado Livre, líder em e-commerce na América Latina, anunciou o investimento em uma frota de aviões 100% dedicada à empresa. O objetivo, segundo a companhia, é reduzir os prazos de envio das encomendas no Brasil, além de aumentar a capacidade de entregas para o dia seguinte nas compras de produtos armazenados em seus Centros de Distribuição (CDs) chamados de fulfillment ou full – quando a empresa fica responsável por todo o processo logístico, do vendedor do marktplace, ou do estoque de produtos em um dos seus CDs até a entrega da mercadoria para o cliente – localizados em São Paulo e na Bahia.

São quatro aeronaves dedicadas, sete dias por semana, de diferentes companhias aéreas, para melhorar a frequência e nossa capacidade em diferentes regiões do Brasil. Os aviões vêm para ampliar e fortalecer a nossa malha própria e contribuir para nosso desejo de ter a melhor logística do Brasil e aumentar o número de entregas no dia seguinte”, explica Leandro Bassoi, vice-presidente do Mercado Envios, braço de logística da empresa. Hoje, explica ele, 70% das entregas via full são feitas no dia seguinte.

Investimentos em logística

Há três anos, o Mercado Livre vem investindo fortemente em sua malha logística. Em 2019, a empresa iniciou parcerias com companhias aéreas comerciais, abrindo mais destinos e neste ano anunciou a abertura de mais cinco centros logísticos de distribuição de produtos pelo Brasil. Serão três novos galpões no Estado de São Paulo (dois em Cajamar e outro em Guarulhos), um em Santa Catarina (no município de Governador Celso Ramos) e outro em Minas Gerais (em Extrema). “Tecnologia e inovação são fatores primordiais na nossa operação e estão contemplados no investimento de R$ 4 bilhões que anunciamos neste ano. Desenvolvemos tecnologia própria para gerenciar toda a nossa operação, para termos o controle de cada elo da cadeia logística, conseguimos escalar com controle”, afirma Bassoi.

O resultado da frota de aviões dedicada, de acordo com o Mercado Livre, é um processo de entrega ainda mais rápido e confiável. “Mesmo diante do desafio adicional da gestão logística no período da pandemia, com aumento significativo nos volumes transacionados, o Mercado Envios enviou 187,6 milhões de itens durante o terceiro trimestre, entre julho e setembro. Isso representa um crescimento de 131,1% em relação ao ano anterior”, diz o executivo. A mobilidade também ganha com as inovações. “Ao otimizar as entregas e diminuir prazos, evitamos deslocamentos desnecessários”, finaliza Bassoi.

O app das encomendas

A Amazon, norte-americana de comércio eletrônico, é reconhecida como uma das empresas com a operação logística mais inovadora do mundo. Um dos serviços oferecidos, que funciona em diversas cidades dos Estados Unidos, mas ainda não está disponível no Brasil, é o Amazon Flex. Ele funciona como um aplicativo de transporte como Uber ou 99, só que transporta mercadorias no lugar de pessoas.

Os motoristas se cadastram na plataforma e, após passar uma checagem, já estão aptos a realizar as entregas da Amazon. Dentro do app eles recebem ofertas de trabalho em um formato que a empresa chama de blocos de entregas. Se o motorista-entregador aceita o serviço, ele já consegue ter uma estimativa de ganhos e de tempo para concluir o trabalho. As encomendas transportadas podem ser desde produtos de supermercado da Amazon Fresh, ou compras da Amazon.com e de lojas locais.

Outra inovação que pode chegar ao Brasil em breve é Amazon Locker, serviço gratuito que disponibiliza armários para armazenamento de seus pedidos. Trata-se de uma alternativa para turistas que não possuem endereço fixo – e não querem pagar taxa de recebimento de mercadorias para hotéis – ou mesmo para quem reside em áreas com restrição de entrega. Funciona da seguinte forma: os clientes recebem um código na compra da mercadoria e ele é usado para acessar o armário e fazer a retirada da compra.