Fabricantes de ônibus elétrico dizem que podem suprir demanda

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Fabricantes de ônibus elétrico dizem que podem suprir a demanda do transporte público de São Paulo

Por: Mário Sérgio Venditti . Há 3h
Mobilidade para quê?

Fabricantes de ônibus elétrico dizem que podem suprir a demanda do transporte público de São Paulo

Empresas rebatem declaração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e garantem ter capacidade produtiva para fornecer ônibus elétricos à capital paulista

5 minutos, 39 segundos de leitura

21/02/2025

Onibus eletrico Mercedes Benz
Desde 2022, o chassi de ônibus elétrico urbano eO500U da Mercedes-Benz é produzido em série, na linha 4.0 da fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Foto: Divulgação/Mercedes-Benz

A recente declaração do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, de que não pode garantir que a frota municipal de transporte público seja composta por 50% de ônibus elétrico até 2028 — como determina a Lei 16.802/2018 –, devido à dificuldade da indústria brasileira de suprir à demanda necessária, causou indignação das fabricantes de ônibus e carrocerias.

Atualmente, a frota de ônibus da capital paulista gira em torno de 13 mil veículos. Assim, o número teria de ser 6,5 mil ônibus elétricos ou com zero emissão daqui a três anos. A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) contesta Nunes. Segundo a entidade, o setor tem condições de produzir até 9.920 ônibus elétricos por ano, podendo alcançar 25 mil com os investimentos previstos pelas empresas até 2028.

As fabricantes de ônibus elétricos também se manifestaram, ao ressaltar o compromisso de fornecer os veículos não só para a capital paulista, mas para outras cidades do País envolvidas na eletrificação do transporte urbano. “A capacidade de produção da BYD é de 2 mil chassis por ano”, garante Marcello von Schneider, diretor de veículos comerciais e solar da BYD Brasil. “Somos capazes de ampliar esse número entre seis e oito meses.”

A companhia chinesa deu mostras de sua agilidade no início de 2024, quando trouxe o material necessário para produzir 400 ônibus movidos a bateria destinados ao transporte público. Metade já foi entregue e a outra parte está em fase de encarroçamento. “A indústria está pronta. O que deve ser resolvido é o atraso da infraestrutura de distribuição e energia”, diz.

Leia também: COP30: Belém (PA) recebe 40 ônibus elétricos para reduzir emissões do transporte público

Ônibus elétrico com recarga móvel

Schneider aponta uma solução temporária para o fornecimento de energia, que ajudaria as operadoras ainda sem eletropostos em seus pátios: um ponto de recarga móvel. “Temos estudos de caminhões adaptados com bancos de bateria, capazes de abastecer os ônibus das empresas”, revela. Outra ideia é a construção de uma garagem coletiva dotada de infraestrutura: “Ela poderia ser instalada em uma área próxima a alguma estação do metrô para atender todos os interessados”.

A diretora da Eletra, Iêda Oliveira, afirma que a capacidade instalada da companhia é de 1.800 unidades por ano. “Até 2027, com a integração do chassi elétrico Eletra, o volume saltará para 3.500 chassis/ano”, diz. “Em cinco anos, a meta é chegar a 6.000 com a ampliação das linhas produtivas. A velocidade e o aumento da capacidade caminham juntas com a demanda nacional.”

Ela acrescenta que a Eletra está preparada para elevar ainda mais a produção se o País sinalizar o fomento de políticas de eletrificação da frota. “Afinal, contamos com tecnologia nacional, cadeia produtiva instalada e energia para atender aos pedidos de todo o mercado latino-americano”, conclui.

Contamos com tecnologia nacional, cadeia produtiva instalada e energia para atender aos pedidos de todo o mercado latino-americano.” Iêda Oliveira, diretora da Eletra

A Mercedes-Benz adota o mesmo discurso. “Temos total capacidade de produção para atender às demandas por ônibus elétricos da cidade de São Paulo”, assegura Walter Barbosa, vice-presidente de vendas, marketing e peças e serviços ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. “Desde 2022, nosso chassi de ônibus elétrico urbano eO500U está sendo produzido em série, na linha 4.0 da fábrica em São Bernardo do Campo (SP).”

No entender de Barbosa, a transição energética depende do empenho dos governos federal, estadual e municipal e dos demais participantes do setor, a fim de viabilizar o financiamento de ônibus elétricos no País e a implantação efetiva da infraestrutura de recarga. “Essa expansão em São Paulo esbarra em dois fatores: o atraso na implantação da infraestrutura e o modelo de negócio de subvenção, que atrasa o repasse de recursos”, depõe.

Leia também: O que deve ser feito para ‘destravar’ a eletrificação dos ônibus urbanos de SP

Ônibus elétrico, híbridos e movidos a hidrogênio, GNV e biometano

A Marcopolo, empresa de soluções para o transporte, também enfatizou que está apta para atender rapidamente à demanda da cidade de São Paulo por ônibus não só elétricos, como também híbridos e movidos a hidrogênio, GNV e biometano.

De acordo com a empresa, 100 ônibus elétricos da marca entrarão em operação no mercado nacional até o fim do primeiro trimestre. “Os produtos da Marcopolo são desenvolvidos especificamente para os mercados brasileiro e sul-americano, com a maioria de fornecedores nacionais.”

Para dar conta da demanda, a Marcopolo investe em novos produtos mirando a descarbonização do transporte de passageiros. Ela iniciou o projeto da linha de ônibus 100% elétricos em 2019 e, desde 2022, desenvolve o modelo Attivi Integral.

A Caio, encarroçadora de ônibus urbanos no Brasil, segue a mesma linha das demais fabricantes, ao assegurar que, com 80 anos de experiência no setor, “está estruturada para desenvolver veículos elétricos, conforme os objetivos e regras do mercado nacional”. A capacidade produtiva da Caio é de 1.200 unidades mensais nas suas fábricas de Botucatu e Barra Bonita (SP).

A empresa completa: “Estamos alinhados com parceiros como BYD e Eletra, para cumprir os objetivos estabelecidos pelo Programa de Metas da Prefeitura de São Paulo e para suprir as necessidades do mercado”.

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Para ABVE, gargalo não está nos fabricantes

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) tomou a frente das vozes dissonantes de Ricardo Nunes. Ela lembrou que, já em dezembro de 2023, em resposta a um questionário solicitado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os fabricantes de ônibus elétricos informaram que a capacidade instalada poderia alcançar a meta de 50% da frota de ônibus elétricos até 2028 sem dificuldade.

“A cadeia produtiva brasileira é composta por empresas nacionais e multinacionais instaladas há muitas décadas no País, algumas no Estado de São Paulo, aptas a fornecer produtos de alta qualidade tecnológica, excelente desempenho operacional, assistência técnica e ampla rede de reposição”, diz a nota da ABVE. Segundo a associação, o gargalo de implementação do cronograma de transição de frota da cidade de São Paulo não se encontra na indústria. E jogou a batata quente para outros setores. “Há deficiências de planejamento da infraestrutura de recarga e eventuais desajustes nos modelos de financiamento das operadoras de transporte. São problemas alheios às montadoras”.

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