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Levantamento revela como será o cenário do veículo eletrificado no Brasil em 2030

Por: Mário Sérgio Venditti . 03/04/2024

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Levantamento revela como será o cenário do veículo eletrificado no Brasil em 2030

Estudo da Bright Consulting revela que Brasil terá quase 7 milhões de carros elétricos e híbridos daqui a seis anos

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03/04/2024

Por: Mário Sérgio Venditti

Carro elétrico sendo carregado
Frota de automóveis eletrificados vai aumentar no mercado global até 2030, mas a maioria dos modelos será híbrido leve, devido ao preço e à menor complexidade. Foto: Adobe Stock

Apesar do crescimento registrado ano a ano, a trajetória do veículo eletrificado no Brasil não terá vida fácil até se consolidar de uma vez por todas no mercado.

Afinal, os modelos movidos a bateria estão inseridos no difícil contexto dos zero-quilômetro, que tentam retomar o patamar de 3,8 milhões de unidades emplacadas, de 2012. No ano passado, foram vendidos cerca de 2,2 milhões de carros novos.

Segundo o levantamento Futuro da mobilidade sustentável no Brasil – Um caminho pela eletromobilidade, realizado pela Bright Consulting, empresa de consultoria que também atua no setor automotivo, o País só atingirá novamente o nível de 3 milhões em 2030, quando deverão ser licenciados 3,28 milhões de veículos, cerca de 75% a 80% da capacidade de produção instalada na indústria.

Assim, o estudo revela um número animador para os veículos eletrificados (híbridos e 100% elétricos) daqui a seis anos. Em 2030, eles representarão 58% do mercado. A preferência, no entanto, recairá sobre os híbridos leves (32,5%), devido ao menor custo e complexidade.

“Mas não devemos nos iludir. No Brasil, a eletrificação evoluirá mais lentamente do que em países como China e Estados Unidos”, adverte Paulo Cardamone, diretor executivo da Bright Consulting.

Para efeito de comparação, 99% dos modelos comercializados na China serão eletrificados, em 2030,

Importância do etanol

No mesmo ano, a frota circulante brasileira chegará a 56 milhões de veículos, com 11,8% de participação dos eletrificados – em torno de 6,7 milhões de unidades. Em âmbito global, a frota estimada é de 1,86 bilhão de unidades, sendo 3% de automóveis híbridos e elétricos.

“Além disso, o uso dos biocombustíveis crescerá no Brasil com o Mover, programa de incentivos às empresas que planejam investir na fabricação, pesquisas e desenvolvimento de veículos de baixa emissão”, completa Cardamone.

A projeção não significa que o Brasil deve parar de investir em soluções consagradas, como o etanol, personagem reconhecidamente importante para a descarbonização e que pode ser aplicado tanto nos motores a combustão como nos híbrido flex.

“Ao contrário de outros países, temos a oportunidade de explorar uma série de alternativas tecnológicas”, defende Cássio Pagliarini, diretor de estratégia da Bright. “Os modelos eletrificados ainda se restringem a um nicho do mercado. Hoje, o preço médio dos eletrificados é de R$ 315 mil, que representa 5,5% do mercado total”.

Para Cardamone, os gargalos do desenvolvimento dos carros totalmente elétricos são a infraestrutura de recarga e a equação redução do tamanho da bateria versus aumento da autonomia.

Impactos no setor

Segundo o estudo da Bright, o Brasil deverá terminar 2024 com 4.230 pontos de recarga, que exigirão R$ 77,8 milhões de investimentos. O Estado de São Paulo terá 1.121postos, seguido de Santa Catarina (367) e Rio Grande do Sul (286). Em 2030, esse número alcançará 160.861, pontos, com recursos que atingirão R$ 4,5 bilhões.

A consultoria também listou os impactos que os veículos eletrificados provocarão no ecossistema automotivo nacional, que exigirão uma reconfiguração no setor. “Às montadoras caberá a tarefa de reformular suas instalações para receber a produção de carros com motor a combustão e os movidos a bateria”, diz Cardamone.

Sobre os fornecedores, o risco para a cadeia de suprimentos diz respeito à verticalização da produção de veículos com a expansão da eletrificação. Ou seja, eles terão de se envolver mais em todo o processo, desde o abastecimento da matéria-prima até comercialização. Há um desafio ainda maior para o segmento de autopeças: a competitividade imposta pela escala de componentes vindos da China.

A rede de concessionários igualmente deverá se readaptar. “Ela precisará encontrar diferenciais de vendas em relação aos automóveis com motores convencionais, a fim de aproximar os clientes das montadoras”, atesta o diretor executivo da Bright. A contrapartida é que o maior nível tecnológico dos eletrificados levará ao aumento da lucratividade na prestação de serviços da área de pós-vendas.

A reciclagem encontra-se no fim do caminho. De acordo com a Bright Consulting, a metas ESG (meio ambiente, social e governança) ajudarão a alavancar a transição energética brasileira. “Os desafios da reciclagem serão resolvidos por meio da economia circular, que está evoluindo no País”, pontua o estudo.

“O reaproveitamento dos materiais descartados da bateria deverá impulsionar a reciclagem automotiva como um todo”, afirma Cássio Pagliarini. “Isso forçará as autoridades a, enfim, conduzir esse assunto com mais seriedade e rigor.”

Para saber mais sobre descarbonização no setor de transporte, acesse o canal Planeta Elétrico

“Carro elétrico virou questão mercadológica”

Membro do Conselho da Bright Consulting e ex-presidente da Bosch para a América Latina, Besaliel Botelho é taxativo quando fala de automóveis movidos a bateria. “Carro elétrico transformou-se em mera questão mercadológica. O aspecto ambiental ficou em segundo plano há muito tempo.”

Ele diz que, hoje, as fabricantes perseguem os meios para oferecer veículos elétricos mais baratos ao consumidor, sem colocar na pauta a preservação do meio ambiente. “Essa preocupação ganhou mais ares de romantismo”, afirma.

Botelho defende a tecnologia que privilegia o etanol para as etapas de descarbonização. “O etanol é melhor para o mercado brasileiro, porque é mais barato que o motor elétrico”, destaca.

Ele lembra que dos 2,2 milhões de zero-quilômetro licenciados no País, somente metade é de vendas diretas. “Por isso, creio que o carro elétrico ainda parece uma realidade distante do mercado brasileiro. Ele deve dividir o protagonismo com o etanol”, conclui.

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