Meinha: o maior vencedor da Stock Car
Ele nunca pilotou carro de corrida, mas supera os grandes ídolos da categoria, com sobras
3 minutos, 16 segundos de leitura
09/06/2021
Por: Alan Magalhães
Ingo Hoffmann, 12 títulos, Cacá Bueno, cinco, Paulo Gomes, quatro. Com três campeonatos: Ângelo Giombelli, Chico Serra, Daniel Serra e Ricardo Maurício. Sabe o que quase todos esses pilotos têm em comum? O mesmo nome por trás de suas conquistas, o do curitibano Rosinei Campos, o “Meinha”.
O curso de mecânica no Senai era a chance de o garoto de família humilde ser alguém, ajudar os pais, José e Alice. Aluno aplicado, trocou mecânica de máquinas por automotiva, e não fazia ideia do quanto acertou com a decisão. O bom desempenho lhe valeu o primeiro emprego, indicado pelo próprio Senai à retífica de motores Motorama.
Orgulhoso, repete sempre: “Dei 80% do meu primeiro salário, de Cr$ 104, para minha família”. Ficou na retífica por dois anos, até ser convidado por um carioca, o senhor Mac Scury, dono de escolas de idiomas, que queria instalar uma oficina “diferenciada” em Curitiba. Diante das boas referências, o convite foi feito.
Da retífica aos autódromos
O senhor Scury queria entrar no automobilismo e, coincidentemente, se encontrou com um tal de Raul Boesel, que topou pilotar um Opala da extinta Divisão 1 para ele, em 1978. No ano seguinte, estreava uma categoria interessante, com apoio de fábrica, a Stock Car, e Boesel decidiu que seria sua escolha. Um novo Opala chegava à oficina. A Stock Car deve boa parte de sua criação aos irmãos Affonso e Zeca Giaffone. Affonso, campeão em 1981, tinha a mania de apelidar todo mundo com os nomes dos personagens do humorista Chico Anysio. Ao ver o franzino Rosinei, não hesitou: “Este é o Meinha”.
Depois de apenas três provas, a cisão entre Boesel e Scury relegava a equipe a apenas um carro, algumas ferramentas e um ajudante. Ainda funcionário de Scury, Meinha recebeu a visita da dona Elizadéa, mãe de Raul: “Você poderia nos ajudar na corrida do Rio?” E lá se foi Meinha fazer um “freelance” e voar pela primeira vez na vida. Na volta, o bilhete azul na oficina “diferenciada”. Meinha se juntava ao “Bozó”, apelido dado por Giaffone a Raul Boesel, em função do patrocínio que ele ostentava, de um jornal carioca. A partir daí, Bozó e Meinha teriam de se virar.
Destinos separados
Em 1980, Boesel foi para a Inglaterra iniciar sua carreira internacional, e Meinha, que achava que seguiria junto, acabou fazendo parte do “pacote” (carro e equipamentos) vendido aos irmãos Spinelli, que montavam uma forte equipe em São Paulo.
Autodidata, avesso a redes sociais – demora dias para responder um WhatsApp – e com base apenas no curso do Senai, Meinha tornou-se um mago dos motores, alugando-os a várias equipes, até fundar a sua, em 2000. Com cerca de 30 funcionários, a estrutura vizinha ao autódromo de Curitiba prepara quatro Stock Car e dois Mercedes-Benz GT3. A responsabilidade técnica agora é dividida com o filho Marcel, que se formou em engenharia, e com a esposa, Denise, que administra o negócio.
Insônia e ansiedade
Mesmo sendo o chefe de equipe mais premiado da categoria, Rosinei Campos rói as unhas e sofre de insônia nos finais de semana de corrida. “Deito-me cansado e depois de cerca de duas horas de sono, acordo e começo a pensar no que fazer para melhorar nosso desempenho. Não tem jeito, sempre fui assim”, confessa o único chefe de equipe a participar de todas as corridas da Stock Car, de 1979 até hoje.
Foram 13 títulos conquistados, com Marcos Gracia (1986), Ingo Hoffmann (1996/97 e 98), Giuliano Losacco (2004), Cacá Bueno (2006/07), Max Wilson (2010), Ricardo Maurício (2013/20) e Daniel Serra (2017/18 e 19). Antes das próximas etapas, que serão disputadas nos dias 19 e 20, no Autódromo Velocitta, um de seus pilotos, Daniel Serra, lidera a tabela de classificação. O outro, Ricardo Maurício, é o atual campeão. Haja unha.
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