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Motos despontam como opção de meio de transporte para mulheres

Por: Arthur Caldeira . 25/10/2023
Mobilidade para quê?

Motos despontam como opção de meio de transporte para mulheres

Seja para se locomover, seja para se divertir, cada vez mais o público feminino está pilotando o veículo

4 minutos, 31 segundos de leitura

25/10/2023

Por: Arthur Caldeira

mulheres moto
Fabiana está tirando carteira de moto, mas tem carro: “o alto custo e o trânsito me estimularam a aprender a pilotar”. Foto: Marco Ankosqui

Com o alto preço dos automóveis, combustível caro e trânsito nas grandes cidades, cada vez mais brasileiros enxergam nos veículos de duas rodas um meio de transporte mais prático e econômico. Inclusive, as mulheres, que têm necessidades de deslocamento diferentes das dos homens.

Para ter uma ideia, no Estado de São Paulo, foram emitidas 669.911 carteiras de habilitação para esse público que incluíam a categoria “A”, em 2022, de acordo com dados do Detran-SP. Só até setembro deste ano, 642.407 mulheres se habilitaram a pilotar motos no Estado – praticamente o mesmo volume de todo o ano passado.

Fabiana Catistrano Borges, 41 anos, faz parte dessas novas motociclistas. Embora possua habilitação para dirigir carros e tenha sempre andado na garupa de motos, jamais pensou em pilotar. “Nunca me animei, mas o trânsito complicado e o alto custo para andar de carro me estimularam a aprender a pilotar”, revela a moradora da zona leste da capital paulista. Como trabalha como cuidadora de idosos em diferentes regiões da cidade, gasta muito combustível e perde muito tempo no trânsito da capital paulista. “Também é difícil pegar transporte público por causa dos horários; então, a saída foi aprender a andar de moto.”

Fabiana já fez 18 aulas práticas, mas critica o processo de habilitação. “Você não aprende muito, não sai da primeira marcha”, conta ela, que faz aulas no estacionamento do Shopping Aricanduva, na mesma região.

Devido à alta procura, ela tem tido dificuldades até mesmo para marcar o exame prático. “Há muita gente tirando carta de moto, e muitas mulheres, principalmente. A fila é gigante!”, conta.

Atualmente, um em cada quatro brasileiros habilitados para conduzir motocicletas é do gênero feminino. As mulheres já representam 24% das pessoas aptas a dirigir veículos motorizados de duas ou três rodas. Há dez anos, elas eram somente 19%.

Opção de mobilidade

Com frota estimada em mais de 32,3 milhões de motocicletas, a proporção, no Brasil, hoje, é de uma pessoa habilitada a pilotar motocicletas a cada seis habitantes. Em 2013, essa relação era de um motociclista para cada nove habitantes.

O bom momento do setor de motocicletas fez com que a Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do Brasil, revisasse suas projeções para 2023. No início do ano, a entidade previa crescimento de 9% na venda de motos. Em outubro, a nova projeção era de alta de 20%, em relação ao ano passado, com mais de 1,6 milhão de unidades emplacadas.

“Mesmo com dificuldades para obtenção de financiamentos bancários, os consumidores têm movimentado o mercado apoiados pelo consórcio, por exemplo, e impulsionados pela mudança comportamental da população, que passou a utilizar mais serviços de entrega, transporte individual e, também, realizar a substituição do segundo automóvel pela moto”, analisa Andreta Jr., presidente da Fenabrave.

Apesar do visível crescimento do delivery nas ruas do País, pesquisas revelam que a grande maioria dos consumidores compra motocicleta para locomoção. Segundo o estudo Dados do Setor de Duas Rodas, publicado recentemente pela Abraciclo, 80% adquirem uma moto para se locomover. Em segundo lugar, vem o lazer, para 35%; e o trabalho aparece como a motivação de compra de 12%. Embora a pesquisa use respostas múltiplas, ou seja, um motociclista pode usar sua moto para trabalhar e se divertir, os dados mostram a importância das motocicletas como opção de mobilidade.

Ciúme da moto

Quem também trocou a garupa pelo guidão foi a engenheira florestal Daiane Gaia, 40 anos, de Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo. Apesar de sempre ter sido vidrada em moto, por influência do pai, só tinha pilotado ciclomotores de 50 cc quando ainda era adolescente. “Depois, casei, meu ex-marido tinha moto e eu sempre ia na garupa dele”, relembra.

Mulheres que viajam de moto
Por lazer: Daiane trocou a garupa pelo guidão há seis anos e sempre viaja com suas motos. Foto: Arquivo Pessoal

Focada em sua vida profissional, deixou o sonho de pilotar adormecido até cerca de seis anos atrás, quando decidiu tirar carta e entrou nas estatísticas. Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito, 36,7% das mulheres habilitadas a pilotar motos têm entre 31 e 40 anos.

“Por exigência do trabalho, sempre usei roupas sociais e queria uma moto para o lazer, para viajar nos finais de semana”, conta. Com isso, ela também faz parte dos 35% que compram a motocicleta para momentos de descontração.

Sua primeira moto foi uma BMW G 650GS. Pegou tanto gosto pela coisa que causou até ciúme no, hoje, ex-marido. “Quando comecei a pilotar, a paixão pelas motos desabrochou de vez. É raro um fim de semana em que eu não ande de moto”, revela Daiane.

Sem ninguém para reclamar de seu amor, viajou com uma amiga para o Deserto do Atacama, em 2019. Uniu então sua paixão pela natureza com as motos e decidiu fazer cursos de pilotagem off-road. Classificou-se, em 2021, em uma competição mundial da BMW Motos, e foi integrar a equipe brasileira no GS Trophy 2022, na Albânia.

Desde então, virou referência entre as mulheres que gostam de moto e até influencer nas redes sociais. “Muitas me procuram querendo dicas de pilotagem, como se aperfeiçoar e qual moto comprar”, revela ela.

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