Cantora lírica, atriz, locutora, modelo, influencer de moda e lifestyle, a paulistana Vanessa Cristina Teixeira dos Santos, 41 anos, se define como uma pessoa polivalente. “Trabalho em vários lugares: canto em eventos, como casamentos, participo de óperas e corais como cantora lírica e, além disso, sou musicista cuidadora em alguns hospitais no ABC paulista” – tenta resumir sua vida multifacetada.
Chegar a tantos lugares no horário e aos ensaios do Bloco Afro Ilú Obá de Min, do qual faz parte, não seria possível, contudo, sem sua fiel companheira de duas rodas. Negravat, como Vanessa é mais conhecida, pilota uma Suzuki Burgman, desde 2011. Com a sua scooter de 125 cc, ela roda para cima e para baixo para cumprir sua agenda lotada de compromissos.
“Andar de moto facilita demais a minha vida, além de ser muito econômica”, explica ela, que escolheu uma scooter, pois esse tipo de moto permite que Negravat pilote até mesmo com os vestidos que usa para ir aos ensaios e apresentações líricas. “Vou até ao mercado com ele e encho o espaço sob o banco e o baú de compras”, diverte-se.
Negravat faz parte de um grupo que não para de crescer: o de mulheres que andam de moto. Embora o número de pessoas habilitadas a pilotar motos venha crescendo como um todo no Brasil, elas estão cada vez mais trocando a garupa, o transporte público e até os automóveis pelo guidão das motocicletas e scooters.
Segundo dados da Abraciclo, associação que reúne os fabricantes de motocicletas do País, nos últimos dez anos, o número de motociclistas cresceu 58,4% no Brasil. Passou de 23,3 milhões de brasileiros portadores da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria “A”, em 2012, para mais de 36,9 milhões de pessoas, em 2022.
O crescimento dos habilitados a pilotar motos entre as mulheres no período, porém, quase dobrou. Em 2012, 4,5 milhões de pessoas do gênero feminino tinham CNH na categoria A. Em 2022, esse número chegou à marca de 8,9 milhões – um aumento de 96,9%.
Esse crescimento no número de motociclistas em geral reflete também o aumento na venda e produção de motos no País. Até setembro deste ano, já foram vendidas 1.180.618 unidades. O volume representa crescimento de 19,68%, na comparação com o mesmo período de 2022.
O aumento de mulheres que andam de moto também tem impacto em toda a cadeia produtiva do setor de motocicletas. No ano passado, o público feminino representou 30% das vendas de motos novas, ou quase um terço do total, de acordo com estudo das fabricantes.
Entre os consumidores que adquiriram motonetas, como a Honda Biz, por exemplo, 58% eram mulheres. Não por acaso, a Biz ocupa o segundo lugar no ranking das motos mais vendidas do País. As scooters também agradam elas, que representam 31% dos compradores desse tipo de moto.
Elas também começam a consumir mais produtos relacionados às motocicletas. De acordo com a seguradora Suhai, o aumento de mulheres fazendo seguro de motocicletas e similares aumentou 16% em 2023, na comparação com o ano anterior. A empresa até encomendou uma pesquisa sobre a presença feminina no setor de motos.
“O estudo tem como propósito oferecer insights valiosos e dados consolidados sobre a presença feminina no mundo das motos, mostrando o papel fundamental que as mulheres desempenham nesse segmento”, afirma Janaína Iziquiel, diretora de marketing e comunicação da Suhai Seguradora.