Nas estações de trens e metrô da ViaQuatro e da ViaMobilidade por onde passam 1,8 milhão de pessoas por dia, é muito provável ocorrer dentro dos trens alguma situação crítica como alguém passando mal ou falha de algum equipamento.
São nestes momentos que entram em ação os dispositivos de emergência. Eles servem para acionar os colaboradores da estação que prestam o devido atendimento necessário da ocorrência em questão.
Em dias úteis, por exemplo, estes dispositivos são acionados de 8 a 10 vezes por dia em casos de emergências médicas ou para pedidos de informação.
Mas nem todas as pessoas sabem qual dispositivo deve ser usado em cada situação. Por isso, o Mobilidade Estadão conversou com a gerente executiva das linhas citadas, Nathália Martins, para compreender como funcionam estes dispositivos, o que pode acontecer em razão de uso indevido e como o equipamento deve ser utilizado em casos de primeiros socorros.
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Uma situação em que o botão de emergência revelou-se muito útil aconteceu em maio de 2024, na Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela.
No interior de um vagão, um agente de segurança viu um garoto autista, de 14 anos, acompanhado de sua mãe, com crise de ansiedade. Ainda com o trem em movimento, o agente acionou o dispositivo de emergência, cujo nome técnico é intercomunicador. Assim que o trem parou na plataforma, outro agente estava à espera da mãe e do garoto e ficou com eles até que menino se recuperasse da crise.
Nathália Martins explica que todos os agentes das estações estão preparados para qualquer situação adversa. “Nossos agentes passam por treinamentos de formação e por processos de reciclagem contínua para garantir o atendimento aos usuários da forma mais adequada”.
Quando algum passageiro sofre um desmaio, crise nervosa, mal súbito, ataque epilético ou situações que não dependem de rápida saída do trem, qualquer pessoa deve utilizar o intercomunicador.
O dispositivo, semelhante a um interfone, deve ser usado apenas nas situações acima para se comunicar com o(a) operador(a) do trem e pode encontrá-los nas composições operadas pelo Metrô, ViaMobilidade, CPTM, ou nos casos de trem sem condutor, da Linha 4-Amarela, da ViaQuatro, com o Centro de Controle Operacional (CCO).
Após o envio da mensagem, uma equipe de agentes ficam de prontidão na próxima estação para oferecer assistência e prestar os primeiros socorros, se necessário.
Nathalia explica ainda que “o acionamento correto do intercomunicador agiliza o atendimento quando o trem chega à estação mais próxima e evita a parada da operação”, o que prejudicaria milhares de usuários do sistema.
O outro botão de emergência envolvido por um acrílico é conhecido como ‘Soco’ e tem finalidade diferente do intercomunicador: quando ele é acionado, a composição interrompe seu trajeto. Sendo assim, o botão só deve ser usado em situações muito graves como incêndios, falha de energia, princípio de fumaça ou usuário preso na porta.
A maior preocupação da companhia são os acionamentos indevidos do botão “Soco”. Mesmo que tenha uma proteção de acrílico, os acionamentos irregulares podem aumentar de forma expressiva e prejudicar a circulação dos trens. O risco torna-se maior quando os vagões estão mais lotados, como nos dias de jogos de futebol, por exemplo.
Nestas situações, o(a) operador(a) de trem ou do Centro de Controle Operacional (CCO) precisa avaliar a situação de forma mais cuidadosa para saber qual é a melhor ação a ser tomada e retomar a operação.
“O acionamento indevido em uma linha que tem intervalos entre os trens de 4 minutos e meio provoca um impacto considerável no sistema”, explica Nathália. Por isso, o dispositivo só deve ser usado em casos de urgência”.
Por fim, o uso indevido dos botões de emergência prevê desde advertências, em casos mais leves, pela equipe de segurança do sistema, ou o registro policial, baseado no enquadramento legal, que é o crime de perturbação do serviço público ou de transporte (Art. 265 do Código Penal).
Pena: Reclusão de 1 a 5 anos e multa, para quem atenta contra a segurança ou operação de serviços públicos, como os de transporte ferroviário.
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